Quando Vitória Strada surgiu em 2017 como uma das protagonistas de Tempo de amar, muito falou-se em sorte de principiante. Mas agora, a atriz mostra que era, na verdade, o nascimento de uma estrela. É isso que se pode ver na primeira semana da nova novela das 18h, Espelho da vida. A intérprete de Cristina Valência dominou os capítulos de estreia da trama de Elizabeth Jhin.
O talento de Vitória enche a tela a cada vez que ela aparece em Espelho da vida, seja nos dias atuais como Cris, seja no passado, como Júlia Castelo. Um dos indícios de que a atriz agradou mesmo à direção é que dos seis primeiros capítulos, em cinco ocasiões foi em Cris o gancho para o episódio seguinte. Vitória cresce ainda mais quando contracena com a veterana Irene Ravache, a Margot. As cenas com Alinne Moraes, muito bem como Isabel, também renderam boa parceria.
É especialmente nos diálogos entre Cris e Margot que fica evidente outro grande acerto de Espelho da vida: o texto de Elizabeth Jhin e da equipe dela. É tudo redondinho e sem espaço para didatismos chatos, mesmo quando Margot explica a Cris e a Alain (João Vicente de Castro) a crença que tem no espiritismo.
Outro acerto da novela foi a escalação de Reginaldo Faria para a participação especial como Vicente, marido de Margot e avô de Alain. Foram apenas dois capítulos, o suficiente para Reginaldo mostrar o porquê é um dos grandes da nossa televisão. Deixou um gostinho de quero mais, embora a morte dele seja crucial para o desenvolvimento de Espelho da vida.
Para ficar tudo em família, foi bonita a homenagem a Roberto Farias (irmão de Reginaldo na vida real) feita na cena em que Alain ganha o prêmio de melhor curta-metragem do ano.
Porém, não é só de flores a primeira semana de Espelho da vida. Talvez o maior problema da trama de Elizabeth Jhin tenha sido o ritmo. O tempo passa lentamente em Rosa Branca. Quem sabe com o início das filmagens de Amor infinito, o longa de Alain, isso mude? Fica a torcida.
Por falar em Alain… João Vicente de Castro está mais à vontade, temos que concordar. Mas está longe da força que Alain precisaria. O personagem é complexo, está perdido entre o passado em Rosa Branca e o que ele almeja para o futuro; entre o amor de outros tempos por Isabel e o atual, por Cris. É complicado passar tudo isso.
Os primeiros capítulo de Espelho da vida foram centrados demais em Cris, Margot, Alain e Isabel, deixando outros personagens para trás. Isso acabou evidenciando um certo abismo que há entre os atores do núcleo principal e os que vivem os outros moradores de Rosa Branca. Ana Lúcia Torre e Emiliano Queiroz são esperadas exceções.
O início das filmagens de Amor infinito deve mexer com Rosa Branca, com a chegada dos atores que estarão no filme e a ida de curiosos e da família de Cris para a cidade. A expectativa é que a inclusão ou o crescimento de outros personagens (estão no elenco bons nomes como Patricya Travassos, Julia Lemmertz, Felipe Camargo e Ângelo Antônio, entre outros) agite mais do que Rosa Branca, movimente também Espelho da vida.
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