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Crítica: Amor de 4

Publicado em Séries

Produção do Canal Brasil, Amor de 4 flerta com as pornochanchadas, mas se perde entre ser sensual e engraçada. Não consegue ser nenhuma das duas coisas.

 

Cotação: Ruim

 

O Canal Brasil está investindo cada vez mais em seriados de produção própria que, em geral, tem funcionado. Em dezembro do ano passado, veio a ótima Fim do mundo, estrelada por Jesuíta Barbosa e dirigida por Hilton Lacerda (Tatuagem). Agora, é a vez de Amor de 4, de outro bom cineasta: José Joffily (Olhos azuis).

 

As semelhanças param por aí. Amor de 4 terá 7 episódios — nesta sexta (27/1) vai ao ar o terceiro e os outros dois estão disponíveis no Now, serviço on demand da Net. A trama gira em torno de uma espécie de quadrado amoroso (alvo do trocadilho infame do título) formado pelas primas Elisa (Branca Messina) e Flávia (Carolina Chalita). Elas são namoradas, respectivamente, de Alain (Nicola Lama) e Miguel (Igor Cotrim). Mas Elisa e Miguel tiveram um relacionamento no passado.

 

Numa história pra lá de mal contada, Alain pula o muro da casa de Flávia e flagra a moça e Miguel numa tórrida cena de sexo na sala. A desculpa: Elisa, que estava hospedada ali, havia combinado de ele entrar na casa daquele jeito para não atrapalhar o casal.

Branca Messina e Igor Cotrin: escalação atrapalha a série
Branca Messina e Igor Cotrin: escalação atrapalha a série

É em meio a muitas histórias mal construídas que giram os dois primeiros capítulos de Amor de 4. O texto tem bons momentos, mas eles não são bem aproveitados pelo elenco. Parece que o quarteto está com aquelas frases manjadas e de efeito ensaiadinhas. Nada soa natural, especialmente o que vem de Igor, Carolina e Nicola.

 

Os personagens também não ajudam. Flávia é fútil (“meu sonho é poder ler a Vogue sem ser criticada”) e mimada ao extremo. Em dois episódios, foi contrariada e fugiu do grupo duas vezes – em uma delas chamou a mãe. Alain é o estereótipo do francês que mora no Brasil. Encantado por caipirinha e churrasco, enaltece o Rio de Janeiro sem parar. Só falta o sotaque. “Você fala português melhor do que eu”, observa, com razão, Miguel.

 

Tanto é que, numa produção com quatro protagonistas, quem chama mais atenção até agora é uma coadjuvante. A experiente Stella Miranda está no tom certo de Marisa, divertida mãe de Flávia. Ficou para ela o respiro cômico de frases como “sociólogo desempregado é redundante” ou  “a orgia entre vocês é questão de tempo”, dita com direito a olhos revirados nos moldes do “você só pensa naquilo” da Escolinha do Professor Raimundo.

 

Cenas (nada) quentes em Amor de 4

Se não é no texto – que tenta fazer uma pornochanchada moderna, mas não decola -, estaria na sensualidade a salvação de Amor de 4 (haja infelicidade na escolha de um nome!)? Infelizmente, não. Pelo menos, não até agora. As caras e bocas de Igor Cotrin “na hora h” são mais risíveis do que inspiradoras. Falta romantismo também. Até um banho de piscina a dois parece mais pretexto para exibir a nudez de corpos esbeltos e malhados (isso o quarteto tem!) do que para um romance.

Pelo menos a trilha sonora tem salvação. A playlist de Amor de 4 tem Caetano Veloso, Marina Lima e Cássia Eller. Poderia ser um clipe.

 

Serviço

Amor de 4 – Canal Brasil. Sexta, às 22h. Reprises, domingo, às 2h, e quarta, às 5h. Não recomendado para menores de 16 anos.