Um misto de Chaves com Vai que cola. Assim, sem novidade nenhuma, estreia nesta segunda-feira o humorístico A vila. A atração será exibida de segunda a sexta, no Multishow, sempre às 22h30. O elenco traz Paulo Gustavo como a principal estrela. Além dele, estão na comédia Aldo Perrotta, Alex Pinheiro, Ataíde Arcoverde, Gil Coelho, Katiuscia Canoro, Lucas Salles, Monique Alfradique, Teuda Bara e Zezeh Barbosa. Esta primeira temporada terá 25 episódios.
A julgar pela primeira semana, A vila não tem outro propósito se não o de ser um programa em que Paulo Gustavo seja indiscutivelmente o centro das atenções e das ações. Ele vive o ex-artista de circo Rique, que mora em um trailer na vila onde se reúnem todos os personagens. Como numa espécie de Barril do Chaves, é desse trailer que Rique observa tudo e sabe como criar confusões como ninguém. As semelhanças (referências?) com o clássico mexicano não param por aí: Violeta (Katiuscia Canoro) vive fugindo de seu Lupércio (Ataíde Arcoverde) porque deve a ele o dinheiro do… aluguel!
Vem de Vai que cola, outro programa que tinha Paulo Gustavo no elenco (o ator não estará na próxima temporada justamente por causa de A vila) as outras referências (semelhanças?) de A vila. Aqui, tudo soa extremamente igual, a começar por Paulo Gustavo no papel de… Paulo Gustavo! É… os trejeitos, o tom de voz, o tempo de comédia… é tudo tão Valdomiro (personagem dele em Vai que cola) que um desavisado só não confunde os dois porque quando vive Rique, Paulo Gustavo usa uma peruca.
Além disso, A vila tem uma plateia (embora não haja interação nenhuma com ela), um cenário grandioso (mas esse não gira), uma vinheta de abertura parecidíssima com a do coirmão e um triângulo amoroso que não se resolve formado por Joca (Lucas Salles), Isabela (Monique Alfradique) e Bené (Gil Coelho). A diferença é que aqui é Bené que esnoba Isabela e é a mãe de Joca, dona Fausta (Teuda Bara), que é contra o namoro do filho com a moça. Como Katiuscia Canoro é mais versátil, cabe a ela o papel da maluquinha que canta dança e imita — lembrou da Jéssica de Vai que cola? Pois é…
Mas o maior problema de A vila não é beber das fontes de Chaves e Vai que cola — afinal a televisão é uma fábrica de cópias, não é mesmo? Os problemas estão em dois pontos, principalmente: o texto e o elenco. E sem texto e sem elenco fica bem difícil de uma comédia decolar.
O texto de A vila é pueril de tão primário. E pior: a plateia só ri mesmo quando Paulo Gustavo e companhia apelam para o palavrão. Quem (como eu) não curte o “palavrão por palavrão” não vai rir nem aí. As situações têm desfechos previsíveis e mesmo tiradas boas como “a moda agora é churrasco de papelão” parecem datadas.
O elenco também não convence. Paulo Gustavo vestiu o personagem de sempre, o que mostra que o ator está na mesma zona de conforto há tempos. Quem gosta vai continuar gostando.
Monique Alfradique e Gil Coelho são as boas surpresas — eles estão dentro dos personagens e quando atuam juntos batem um bolão. Os outros ainda não sabem muito bem o que fazer ali a não ser gritar. Como grita Zezeh Barbosa! Por que, meu Deus?
Com segunda temporada já confirmada pelo Multishow, A vila ficou devendo. Pelo menos na primeira semana. Tem potencial para crescer — se Paulo Gustavo quiser ser um personagem e não uma persona e se o texto melhorar bem. Fica a torcida porque estamos precisando dar boas risadas.
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