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Crime, amor e família se misturam na série Dom

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Série Dom, do Amazon Prime, leva à tela o mundo do tráfico no Rio de Janeiro e a relação de amor entre pai e filho

As drogas e o crime dividem espaço com o amor e a família na nova série brasileira da Amazon Prime Video, Dom. O seriado, baseado na história do criminoso carioca Pedro Dom, estreou na última sexta-feira (4/6) e apresentou ao público a humanização de uma figura conhecida pela violência, uma narrativa delicada e cuidadosa sobre um dos bandidos mais conhecidos do Rio de Janeiro nos anos 2000. Leia aqui a crítica do Próximo Capítulo.

Pedro Dom foi responsável por uma série de assaltos em domicílio entre 1999 e 2005, no Rio de Janeiro. O principal foco eram casas e apartamentos da alta sociedade carioca. O criminoso fazia uma rede de informações com funcionários dos locais que seriam invadidos. O assaltante ficou famoso na Cidade Maravilhosa durante o tempo em que praticava seus crimes, principalmente, pela violência que usava contra as vítimas.

Criada por Breno Silveira, conhecido pelo trabalho em Dois filhos de Francisco, Dom conta com Gabriel Leone no papel de Pedro Dom. Ele divide o protagonismo com Flávio Tolezani e Felipe Bragança, que fazem o personagem Victor Dantas, pai de Dom, em duas épocas diferentes. O enredo segue pai e filho em épocas diferentes, apresentando a história de dois homens viciados em adrenalina que enveredam por trajetórias opostas. Victor segue a vida na guerra contra as drogas pela polícia e exército. Pedro vai pelo caminho oposto: vicia-se em cocaína e se junta ao crime.

“A história chegou a mim pelo Victor”, conta Breno Silveira. O diretor lembra que o ex-policial foi pessoalmente à produtora do cineasta para vender esse enredo há 10 anos. Breno se interessou e começou a trabalhar, desde então, na confecção de um roteiro com base em entrevistas com Victor e pessoas próximas a Pedro Dom. “Não é só mais uma história de narco, é muito mais que isso”, pontua o criador.

Aos poucos, com base nos relatos, Breno Silveira construiu uma narrativa que colocava Pedro e Victor como figuras antagônicas ligadas por um forte laço de amor. “Eram como dois lados da mesma moeda”, reflete o diretor em fala na coletiva de imprensa de lançamento do seriado. “Conforme eu ia conversando com Victor eu percebia cada vez mais que se tratava de uma história de pai e filho”, completa.

A ação de uma produção do gênero policial está presente, mas dá espaço para uma história “fundamentalmente humana”, segundo o próprio diretor. “Dom é sobre laços e amor, mas também uma tragédia”, acrescenta. O protagonista Gabriel Leone continua pontuando que, por ser baseada em história real, o final já era esperado desde que começaram o processo de produção. “A história que estamos contando é um spoiler por si só. Entramos sabendo que era uma tragédia, uma tragédia familiar”, afirma o ator. “A tragédia é um desfecho, mas é uma história de personagens lindos.

Dom mostra várias faces da guerra às drogas

Dom mostra o abismo da droga sob diversas perspectivas. “A história desenha muito bem a violência que existe hoje no Rio de Janeiro”, explica Breno Silveira. A série fala da entrada da cocaína no Brasil, passando pelo narcotráfico nos morros até chegar à Milícia do Rio das Pedras, parte do bairro de Muzema.

A série mostra a droga como um problema sistêmico, que envolve diversas camadas. Enquanto com Pedro é mostrado o lado dos criminosos e dos danos do consumo de cocaína, com Victor ela é apresentada como negócio, como um jogo de poder.

Em um contexto micro, é apresentado também o impacto da cocaína em uma família. As várias formas de lidar com o vício e com pessoas com dependência química. E mostra que, apesar de Pedro e Victor estarem em lados opostos, a relação de amor ainda prevalece.

Victor Dantas passou o processo todo de criação de roteiro em contato com Breno e, apesar de adaptações para fins dramáticos, a maior parte do apresentado na Amazon Prime Video foi baseado em relatos e pessoas reais. Contudo, Victor não chegou a ver o projeto final — internado com um câncer, ele não resistiu e morreu. “Do hospital, Victor me mandava textos de 20 ou 30 páginas com fatos que não tinha contado”, lembra Silveira. “Tenho certeza que ele estaria muito orgulhoso de tudo que a gente criou”, completa.