Conversa com Bial Pedro Bial: saldo do programa é positivo Pedro Bial

Conversa com Bial traz informalidade à madrugada

Publicado em Programas

Programa de entrevistas de Pedro Bial na Globo acerta mais do que erra na primeira semana. Mas apresentador ainda precisa se livrar de vez do BBB. Leia crítica!

 

O fantasma do Big Brother Brasil ainda ronda Pedro Bial. Mais de um ano depois de deixar o comando do reality, o jornalista (uma pena que há uma geração inteira que não o viu atuando no jornalismo diário ou semanal) completa uma semana à frente do Conversa com Bial, programa que manteve o índice de audiência de Jô Soares, o que deve ter deixado um tanto de gente aliviada na alta cúpula da Globo.

Rita Lee não cantou, mas falou de moda a abuso sexual
Rita Lee não cantou, mas falou de moda a abuso sexual

Antes de receber o entrevistado, Bial faz uma espécie de apresentação de quem estará no programa naquela noite. Em tom piegas (que tem desde a época da queda do Muro de Berlim) e narração para emocionar, Bial desfila elogios. A impressão é que logo virá um “vem morrer de rir aqui fora, Rita Lee” ou “vem julgar a gente na vida real, Cármen Lúcia”.

 

Esse é um defeito que, com certeza, será corrigido em breve. Se for de interesse de Bial e da direção, naturalmente. Mas não foi esse o maior pecado da primeira semana. Exibida no mesmo dia que o STF decidiu pela saída de José Dirceu da prisão, a entrevista de estreia (com Cármen Lúcia) não tocou no assunto por ser gravada. Bastava um vídeo explicando, não? Bola fora!

 

A conversa é o melhor

Bial conversou com a mulher e não com a ministra Cármen Lúcia
Bial conversou com a mulher e não com a ministra Cármen Lúcia

Mas vamos ao melhor. E o melhor de Conversa com Bial é justamente o que está no título: a conversa e o Bial. A primeira vem no tom informal com o qual o apresentador recebeu a presidente do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia (terça, 2); a cantora Rita Lee (quarta, 3); o neurocientista Miguel Nicolelis e a ex-ginasta Lais Sousa (quinta, 4); e o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica (sexta, 5). Nesta segunda-feira (8/5), deve ser exibido o programa com Gilberto Gil.

 

Mais do que uma entrevista, o bate-papo é mesmo uma conversa. Bial vai além não só no tom, mas nos assuntos. Assim, ficamos conhecendo mais sobre a mulher Cármen Lúcia e só ouvimos Rita falar sobre música (sim… ela não cantou, apesar de uma banda estar no palco) depois de 15 minutos de programa e de ela falar sobre abuso sexual e processo criativo.

 

Um momento da estreia ilustra bem o como é bom que Bial esteja no comando da conversa. A atriz Fernanda Torres dividiu com Cármen Lúcia o sofá na segunda metade do programa. Ela apimentou a conversa ao fazer críticas nominais aos ex-governadores Anthony Garotinho e Sérgio Cabral (levadas ao ar, num gesto corajoso da Globo). A atriz e a ministra engataram uma conversa sem a participação dele e Cármen constatou, admirada: “Você deixa a gente falar!”. Ele riu e respondeu: “Não é essa a ideia?” Bial sabe que é!

 

Vale a pena ouvir de novo!

 

Veja o que os entrevistados disseram a Pedro Bial:

 

“Quem quiser me calar terá dificuldade” (Cármen Lúcia)

 

“O povo tem que legitimar as políticas” (Cármen Lúcia)

 

“Eu não posso falar de feminismo. Tirei zero em feminismo” (Fernanda Torres)

 

“Eu tenho voz de mico-leão” (Rita Lee)

 

“Você vai falar de drogas? Mas de maconha? Achei que era de café, coca-cola ou álcool” (Rita Lee)

 

“A mente humana é muito mais do que um algoritmo” (Miguel Nicolelis)

 

“O importante é não parar. Eu não quero parar” (Lais Sousa)

 

“Fui arrastado para a Primeira Comunhão num dia do jogo do Palmeiras. O Palmeiras foi campeão e eu não vi. Começou aí minha relação traumática com Deus” (Miguel Nicolelis)

 

“Os governantes da América Latina são magníficos. Dizem sempre que eu tenho razão e, quando eu saio, não me dão a menor bola” (Pepe Mujica)

 

“A polarização intensa paralisa uma sociedade” (Pepe Mujica)

 

“Uma coisa é a reivindicação das mulheres por direito. Outra é que se caia num ódio à masculinidade” (Pepe Mujica)
“Meu último ato de militância será o enterro” (Pepe Mujica)