O ator Bruno Bellarmino estava pronto para estrear na novela Gênesis quando foi decretada a pandemia do novo coronavírus. A nova trama da Record tinha previsão de lançamento para abril, mas teve que ser adiada por conta das medidas de isolamento social para contenção da Covid-19. No folhetim, ele dará vida a Ekur, um general que vive as incertezas do sentimento da rainha, interpretada pela atriz Maria Joana. Fiel ao reino, uma hora ele cairá em tentação.
No entanto, o momento agora é de pausa e cuidados. “Estou preocupado com a saúde da minha família, com as pessoas que fazem parte da minha vida e, claro, com o povo brasileiro. Nesse momento estou pensando mais em como ajudar do que em trabalhar. De alguma maneira quero ser útil nesse momento difícil”, conta em entrevista ao Próximo Capítulo.
Bruno também tem outro projeto em hiato: o de uma nova série, território que ele domina. Durante a trajetória artística esteve envolvido em seriados como 3%, da Netflix, Supermax, da Globo, e O negócio, da HBO. “Conheci pessoas incríveis nas séries que fiz, e acho que esse é um dos fatores que me mantém por aqui. Os atores respeitam muito o audiovisual porque é uma luta fazer arte no país. Mas estamos aqui, fortes”, comenta.
O papel que ele mais guarda com carinho é o personagem Luisão de Supermax, seriado de José Belmonte. “Esse cara lutou comigo desde o teste. Fomos juntos numa jornada incrível. Como eu gostei de contar aquela história. Tenho boas lembranças”, lembra.
Como começou a sua carreira de ator? O que te motivou a seguir pelas artes cênicas?
Como toda criança feliz e imaginativa, ficava reproduzindo o que via na tevê. Mas o fato que me marcou pela primeira vez, foi quando eu estava com a minha irmã brincando em casa. Eu tinha uns 7 anos e propus uma brincadeira: a de quem conseguiria “imitar” com maior verdade o personagem que no desenho animado levava choque. Ela foi primeiro colocar o dedo na tomada mas não teve tanta “verdade cênica.” Daí me vi motivado a mostrar para ela o que seria levar um choque de verdade, sendo de mentirinha. Engraçado que quando conto essa história, sinto toda a preparação que nós atores temos antes de embarcar numa história. Fui lá, meti o dedo na tomada e POW! Estava pronto! Minha primeira atuação. Gritei! Me contorci todo com o dedo na tomada (Risos). Fiquei feliz com o resultado porque vi nos olhos dela o terror de algo tão grave, mas, logo em seguida, ao rompimento da “tragédia”, a doçura e a felicidade do riso dela vendo que tudo não passou de uma brincadeira. Coitada da minha mãe que, ouvindo os gritos desesperadores do filho, não tardou a largar o prato de feijão na mesa e foi correndo prestar socorro. A imagem dela na porta toda branca vendo as duas crianças rachando o bico de rir era contrária aos gritos de socorro. Levei uma bronca daquelas…
Você tem uma trajetória que perpassa pelo mundo da séries. Como esse caminho foi se desenrolando para você?
Foi quando decidi vir para São Paulo por conta dos vários estímulos da Ancine para a realização de projetos nacionais. Nessa época eu atuava em campanhas publicitárias, além de atuar como ator num grupo de cinema experimental. E foi numa oportunidade dessas que fui convidado pela O2 pra fazer Os experientes da Globo. A Cecília (produtora da O2) me conhecia dos testes e me fez esse convite. Minha primeira experiência num set do audiovisual foi com o Fernando Meireles. Uau! Tremi todo. Fiquei muito grato pela oportunidade. Estava lá! E foi tudo muito lindo! Eu tinha certeza de que estrearia bem. Geralmente os meus personagens “seguram a minha onda” no nervosismo. Eles não deixam a emoção me tomar por inteiro. Conheci pessoas incríveis nas séries que fiz, e acho que esse é um dos fatores que me mantém por aqui. Os atores respeitam muito o audiovisual porque é uma luta fazer arte no país. Mas estamos aqui, fortes.
Tem alguma série ou personagem que considera especial na trajetória?
O Luisão do Supermax. Esse cara lutou comigo desde o teste. Fomos juntos numa jornada incrível. Como eu gostei de contar aquela história. Tenho boas lembranças dele quebrando aquela geladeira. Ele tinha um olhar muito vivo. Às vezes me pegava pensando: “Fui eu mesmo”? Depois de três meses rodando a série, me acostumei com a imagem da personagem me encarando no espelho de casa. Foi uma experiência maravilhosa na minha vida!
Você esteve em séries que fizeram bastante sucesso como Carcereiros, 3% e O Negócio. Como você vê o mercado de séries no Brasil hoje?
Hoje está complicado. O governo atual limitou o acesso e restringiu a produção nacional. Uma pena, pois esse mercado detém uma parcela significativa na economia. São quase 30 bilhões distribuídos numa cadeia produtiva que envolve não só os atores, mas também copeiras, motoristas, autônomos, carpinteiros e tantas outras profissões que não podem ser relegadas pelo discurso de que arte não traz dinheiro. Não dá pra omitir que a produção dessas séries e filmes foi e é o sustento para várias famílias. Eliminar isso será uma tragédia na nossa economia.
Em meio à pandemia, o que tem feito na quarentena?
O que todo mundo anda fazendo: em casa. Mas também sei que algumas pessoas não desfrutam desse privilégio. Profissionais da saúde, da segurança pública e outros que, por motivo de força maior, precisam estar nas ruas trabalhando nas linhas de frente. Presto meu respeito a esses cidadãos! O momento é de muito cuidado. Mas eu tenho fé que voltaremos como sociedade mais unida e forte.
Quais são os seus projetos para 2020?
Retomar as gravações que estão paralisadas por enquanto. Estou preocupado com a saúde da minha família, com as pessoas que fazem parte da minha vida e, claro, com o povo brasileiro. Nesse momento estou pensando mais em como ajudar do que em trabalhar. De alguma maneira quero ser útil nesse momento difícil.
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