Camila Pitanga e Luiz Carlos Vasconcelos falam da importância de Aruanas na tevê aberta

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Série Aruanas, exibida às terças-feiras na Globo, fala com crueza e coragem sobre o desmatamento na Amazônia

Por Adriana Izel e Vinicius Nader

Se, antes da pandemia de covid-19, ecologia era assunto jogado pra debaixo do tapete por governantes e parte do empresariado, agora é que as manchetes não dão espaço ao tema mesmo. Por isso, a exibição de Aruanas na tevê aberta vem no momento certo. A minissérie de Estela Renner e Marcos Nisti foi produzida para a Globoplay, mas agora tem a primeira temporada exibida na Globo, às terças-feiras, após Fina estampa.

“Estamos vivendo um momento que ter 10 episódios, 10 terça-feiras colocando esse assunto em pauta na tevê aberta, é importante. A gente vê o que está acontecendo com a MP 910 (Medida Provisório que autoriza a grilagem na Amazônia), que são ações desse movimento sombrio. O Miguel materializa isso tudo que está acontecendo agora”, afirma o ator Luiz Carlos Vasconcelos, intérprete do empresário Miguel, um dos vilões do seriado.

Miguel é dono de uma mineradora que quer expandir os negócios em plena Floresta Amazônica sem se importar com a poluição, o desmatamento, o desalojamento dos índios e outras questões ecológicas. Ao lado dele, está a advogada Olga (Camila Pitanga), que atua como lobista no Congresso Nacional em prol dos interesses de Miguel.

Para enfrentar o empresário, entra em cena a ONG Aruanas, comandada pela jornalista Natalie (Débora Falabella), pela advogada Verônica (Taís Araújo) e pela ativista Luísa (Leandra Leal).

“Quando Aruanas mostra a engrenagem que trabalha em marcha brutalmente contra uma vida no planeta, faz você entender bem quem são as pessoas e o poder de força que elas têm. De um lado, não há ética, estão se apropriando das instituições e da própria lei para poder fazer valer seus próprios interesses. É um jogo de xadrez e, para compreender esse jogo, é preciso saber onde estão os míopes, as Olgas, os congressistas, as Aruanas. Olga e Miguel são esses míopes para o patrimônio da humanidade que a Amazônia representa”, afirma Camila Pitanga.

Perspectiva real

Foto: Globo/Fábio Rocha. Aruanas está no catálogo do Globoplay.

Apesar de ser uma obra de ficção, o diálogo de Aruanas com a realidade é constante, na verdade é o mote da série. É praticamente impossível não refletir sobre o assunto, nem que seja por um segundo quando se acompanha os episódios.

“O que é importante na série é dar corpo e voz a essa luta e ao ativismo em si. A missão e a compreensão era de poder acordar pessoas para o que é o ativismo no Brasil. Foi escrita por ativistas, teve pessoas do Greenpeace envolvidas. Espetacularizar um chamado de alerta é um pouco o papel de Aruanas. Aos olhos na ficção pode até parecer que é mentira, só que isso que parece ficção é real. É preciso entender quem são esses heróis anônimos que lutam pela terra e pela vida”, comenta Camila. “Espero que a série faça as pessoas se apaixonarem pela Amazônia, pelos povos. E aprendam a preservar essa cultura e esse saber”, completa Luiz Carlos.

“Realmente, além de toda essa questão ecológica, que vai muito mais além de só a palavra ecologia — e é de uma urgência absurda — tem uma questão interessante: mostrar de uma maneira muito natural a liderança das mulheres. Mostrar como as mulheres lideram os movimentos. E isso não vem de hoje. Tem uma outra mensagem além dessa liderança: mostrar que estamos em um mundo em que uma união por uma causa maior do que nós mesmos é uma questão de sobrevivência”, comenta o diretor Carlos Manga Junior.

O sucesso de Aruanas no serviço on-demand da Globo foi tanto que haverá uma segunda temporada, cuja gravação foi interrompida pela pandemia. Sobre o que esperar dessa continuação, Camila adianta um pouco: “A Olga é muito enigmática nessa primeira temporada. Na segunda temporada vamos saber quem é, e qual é a subjetividade dela. Mas é bem o caminho que falei de alguém que tem miopia e habita essa esfera de poder. Esse é o norte dela. O lance dela é ganhar. A gente não vê sensibilidade. Tem essa solidão que vamos ver na segunda temporada.”

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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