Brasiliense no reality Talentos, Daniel Cabral confessa tensão ao ser julgado

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Daniel Cabral é um dos brasilienses no reality show Talentos, da TV Brasil. Em entrevista ao Próximo Capítulo ele fala sobre os bastidores do programa e a carreira como ator de musicais

O filme Greese – Nos tempos da brilhantina marcou a vida de muita gente. Mas para o ator Daniel Cabral ele foi um divisor de águas. Quando era criança, o brasiliense se encantou quando viu o longa na escola e pediu ao pai para fazer teatro. O menino foi matriculado no curso de Neia e Nando e não parou mais.

Daniel saiu de Brasília, ganhou o eixo Rio-São Paulo e se especializou em musicais, tendo atuado em espetáculos como Zorro – Nasce uma lenda (2019), dirigido por Ulisses Cruz, e Raia 30 anos (2015), ao lado Cláudia Raia. Antes da pandemia, ensaiava West side story. Atualmente, Daniel é um dos representantes da capital federal no reality show Talentos, exibido aos sábados, às 20h, na TV Cultura. Saiba um pouco mais sobre ele na entrevista a seguir!

Entrevista// Daniel Cabral

Como você foi parar no Talentos?
O programa abriu as inscrições e audições por vídeo. Achei que seria uma boa oportunidade de mostrar meu trabalho para pessoas que muitas vezes não consomem teatro musical, incluindo minha família que mora longe de São Paulo. (risos)

Como você lida com a pressão de estar sendo julgado no programa?
Na gravação do programa parece que estou dentro da sala de audição de um musical sendo testado por horas. Só que estou em casa, gravando pelo meu celular. É muito impressionante como a gente não se acostuma com a sensação de ser julgado. Além disso, nessa situação on-line, fico mais tenso se eles estão me escutando direito, se a internet está funcionando direito, se minha luz está boa… Enfim, tento lidar da melhor forma com essa situação…

No reality vocês têm workshops com grandes nomes do teatro musical. Como está sendo essa experiência?
É muito importante ter esses momentos de feedback em que uma pessoa que tem experiência com teatro musical pode dar a opinião vendo sua cena do mesmo ponto de vista do jurado – pela câmera. É um grande desafio fazer a cena pensando no resultado que terá na tela porque precisamos pensar em movimentações e intenções que dêem leitura e fiquem interessante para o público. É um trabalho não só de atuar, mas de dirigir a si mesmo para a câmera… E o momento com a Sara (Sarres) e o Diego (Montez) é importante para discutir sobre essas direções.

A pandemia alterou de alguma forma o programa?
A pandemia transformou completamente o programa. Primeiro que as datas de audição e gravação mudaram. Depois, as audições, que seriam presenciais, agora são sempre por vídeo. Isso implicou até na mudança de repertório para os candidatos. Na primeira fase, usamos playbacks que encontramos na internet, mas para deixar o programa com uma qualidade melhor para a fase dos 24, tivemos que escolher entre músicas que já estavam no repertório do programa para ajudar no processo de gravação de playbacks. Outra questão sobre as músicas é que me sinto desafiado a escolher opções que eu consiga encenar dentro de casa – usando minha sala como cenário… Ou cozinha, quem sabe? (Risos)

Como surgiu seu gosto por musicais?
Meu gosto por musicais veio desde pequeno. Normalmente, nós, quando criança, gostamos de desenhos musicais. Aqueles desenhos que víamos no cinema, de princesas, de leões e gênios da lâmpada, todos são musicais. Mas me dei conta de que gostava dos musicais com uns 10 anos, quando fiz um trabalho pra escola e dançamos a música do Grease. Assistimos ao filme e eu adorei! Daí pedi a meu pai para fazer teatro e fui para o curso de teatro infantil da Néia e Nando, onde descobri o universo do teatro e nunca mais saí.

Você saiu de Brasília. Foi preciso sair da cidade para fazer carreira de ator?
Infelizmente, nosso país não valoriza a cultura e São Paulo e o Rio de Janeiro são cidades que tinham mais possibilidades de fomento à cultura. Brasília reflete a realidade do nosso país.
Não temos um mercado de teatro. No caso do teatro musical é ainda mais específico. Então, quem busca trabalhar com teatro musical e experimentar as grandes produções precisa ir para o eixo Rio – São Paulo.

Qual é musical preferido?
Meu musical preferido hoje é o Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812. É baseado num trecho do livro Guerra e paz, de Tolstoi, com uma abordagem contemporânea tanto para a música como para a narrativa. Eu tive a honra de estar no elenco e é uma obra que me toca muito.

Tem algum brasileiro que você gostaria de ver a vida transformada em musical? Porque?
Eu gostaria de ver a história do Brasil transformada em musical. Na verdade vários musicais… (risos) Mas com uma visão mais aberta artisticamente sobre os fatos históricos. Um dos musicais mais aclamados do momento é sobre o primeiro secretário do tesouro americano (Alexander Hamilton). Acredito que temos muito material para construir narrativas ricas e que aproximariam o público de assuntos que fazem parte da formação do país. Desde trazer à tona a cultura dos povos originários e o embate com os povos estrangeiros até uma sátira musical sobre o momento que estamos vivendo. A arte tem o poder de transformar nossa visão a respeito das coisas e seria muito bom termos obras musicais que englobassem personagens históricos com um olhar contemporâneo a respeito dos fatos.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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