Bianca Rinaldi: “você ganha mais calma com o tempo”

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Atriz Bianca Rinaldi comemora o atual momento como a Leonor de Malhação – Vidas brasileiras. Ex-paquita, ela fala sobre a carreira, em entrevista. Confira!

Os múltiplos talentos da atriz Bianca Rinaldi estão ao alcance dos fãs de televisão não é de hoje. A estreia na telinha foi como paquita no Xou da Xuxa, em 1990. De lá para cá, a assistente de palco se tornou atriz (“esse sempre foi meu sonho”) e vieram trabalhos como Terra nostra (1999) e Pícara sonhadora (2001) até chegar a A escrava Isaura (2004).

O remake de uma das mais bem sucedidas novelas do país marcou a carreira de Bianca. “Realmente o papel em A escrava Isaura teve um peso, principalmente porque o clássico deu muito certo. Então existia uma expectativa para que o remake fizesse tanto sucesso quanto. Fui muito feliz na novela, por mais densa que ela tenha sido eu aprendi demais com todo o elenco e produção”, lembra Bianca.

Atualmente no ar como a professora de história Leonor em Malhação – Vidas brasileiras, Bianca Rinaldi comemora a maturidade. “Hoje tenho outra visão do mundo, diferente de 20 anos atrás. Você ganha com o tempo mais calma, mais inteligência emocional e empatia que ajudam muito a ver as situações sob um prisma diferente”, afirma, lembrando que esteve na novelinha teen como Úrsula na temporada de 1997.

Em entrevista ao Próximo Capítulo, Bianca fala sobre as filhas, sobre os tempos de Paquita e sobre a importância de Malhação. Confira!

Bianca Rinaldi em dois momentos da carreira: A escrava Isaura e Malhação – Vidas brasileiras

Leia entrevista com a atriz Bianca Rinaldi!

Depois de 20 anos você está de volta a Malhação. O que mudou na atriz Bianca Rinaldi de lá para cá?
Nossa, eu mudei bastante, pois muita coisa aconteceu depois. Não só cresci e amadureci profissionalmente, mas também no âmbito pessoal. Hoje tenho outra visão do mundo, diferente de 20 anos atrás. Você ganha com o tempo mais calma, mais inteligência emocional e empatia que ajudam muito a ver as situações sob um prisma diferente. E muito disso é devido às experiências que adquiri nos trabalhos seguintes, às minhas filhas – que, com toda a certeza do mundo, me transformaram – e várias outras situações que se seguiram.

E no modo de fazer novela, mudou alguma coisa?
Sim, com certeza. A cada novo trabalho um desafio é apresentado e, com ele, evoluímos. Algumas coisas como decorar o texto, noção do jogo de câmera, intensidade de cada cena e outras coisas se tornam mais fáceis de fazer e aplicar. Sem falar que a forma de se fazer novela hoje não é a mesma de 20 anos, hoje os folhetins estão mais curtos e possuem outra linguagem, também.

A Leonor faz parte do “núcleo adulto” de Malhação. Os atores jovens devem te ver como referência, não? Que conselhos você dá para quem está começando?
Sim, ela está no elenco adulto e tem sido muito bacana compartilhar experiências com todos. Eu adoro trabalhar com uma trama tão jovial, tem um clima de descontração e uma energia leve que eu aprecio muito. Não me colocaria como referência, mas existe, sim, muita troca de conhecimento com todos, nós ensinamos e aprendemos, também. Mas todo o núcleo jovem é muito perspicaz e eles pouco precisam de direcionamento.

A Leonor tem uma relação bastante forte com a dança. Como é a sua relação com outras artes, como dança e música?
Eu amo dança e música! Sempre tive um apreço pela dança, mas foi só depois de participar de um programa de dança que me apaixonei mesmo. Acredito que toda forma de arte é válida, seja como profissão ou como um hobbie. A arte tem um poder enorme de transformar, educar e conscientizar.

A relação da Leonor com o Leandro é bem polêmica por que ela é professora dele. O que acha do fato de a novela tocar em assuntos polêmicos como esse e outros (gordofobia, transsexualidade, drogas, etc)?
É essencial trazermos esses assuntos à tona, principalmente em uma trama jovem como é Malhação, já que muito do que somos hoje tem base na nossa infância e adolescência. O público que assiste à novela é novo, então temos que ter a consciência de que estamos levando uma mensagem para eles. É por isso que temos que abordar da maneira correta e com todo o cuidado que o tema merece. Fico feliz que a novela tenha feito isso com primor. A Leonor é muito profissional e ética e ela entende isso, consegue racionalizar melhor do que o Leandro, que é um rapaz muito jovem e ainda tem muito o que aprender.

Como mãe, você acha que a televisão hoje ainda exerce um papel de formador cultural?
Eu acredito que a televisão tenha uma influência cultural e social, sim, mas depende muito do conteúdo que ela passa. A televisão pode tanto influenciar algo positivo, quanto negativo. Como mãe, não deixo as minhas filhas assistirem tanto televisão, não acho saudável e quero incentivar e mostrar a elas que outras plataformas, como livros, esporte, música e etc. também conseguem construir valores. Mas temos que levar em conta que o sentido de entretenimento delas é diferente, os serviços de streaming são mais interessantes para elas do que os canais de televisão.

Um dos seus grande papéis foi no remake de A escrava Isaura. Como lidou com a pressão de reviver um papel clássico? Chegou a conversar com a Lucélia Santos antes?
Realmente o papel em A escrava Isaura teve um peso, principalmente porque o clássico deu muito certo. Então existia uma expectativa para que o remake fizesse tanto sucesso quanto. Não há uma fórmula para lidar com a pressão, mas foquei em trazer o tom da personagem e o máximo de veracidade possível. Fui muito feliz na novela, por mais densa que ela tenha sido eu aprendi demais com todo o elenco e produção. Não cheguei a conversar com a Lucélia, até porque queria dar o meu toque na Isaura, então não fiquei tão presa à obra original.

Foi importante para o seu crescimento como atriz sair da Globo e ter papéis de mais destaque na Record? Por que?
O que sempre levei em conta na minha carreira são as personagens e as histórias para contar. Foi importante na época para mim ter outras experiências e trabalhar com outros profissionais, pois isso nos faz evoluir. Hoje, sou muito grata por todas as oportunidades que tive e as amizades que fiz ao longo dos anos.

Você despontou para a carreira artística como paquita. Quando a Bianca virou, para o grande público e para a imprensa, atriz e deixou de ser ex-paquita?
Eu me encantei com a profissão quando entrei para o programa da Xuxa e vi que era ali que eu queria estar. Então desde o princípio comecei a batalhar para conseguir o que queria. É claro que tive que estudar bastante, mas as pessoas já estavam um pouco mais acostumadas a me ver na televisão por conta do programa, então não foi uma transição tão drástica.
Essa relação do seu nome com o fato de ter sido assistente de palco da Xuxa incomoda?
Nem um pouco! Eu tenho muito orgulho da minha história com a Xuxa e o quanto aprendi naquela época, que foi a porta de entrada para que eu realizasse o meu sonho. Tenho ótimas lembranças da época, que guardo com muito carinho, assim como fiz amizades para a vida toda. No geral, não me arrependo de nenhum projeto que fiz, todos guardo com muito carinho.

Você participou recentemente de uma rádionovela, a Bollagatto. Como foi essa experiência?
Eu adorei fazer a radionovela, foi uma experiência única. Não tinha trabalhado até então apenas com a minha voz e isso exigiu uma preparação e cuidado muito intenso. Eu gosto de trabalhos que me desafiem, então fiquei contente com a oportunidade. A entonação de um texto é essencial, seja em projetos audiovisuais ou não, é isso que dá o tom do momento, mas percebi ainda mais o quão importante é, então amadureci bastante com a radionovela.

Em 2016 você viveu Maria Madalena na Paixão de Cristo. Como é sua relação com a religião?
A minha relação com a religião foi crescendo ao longo da minha carreira, hoje procuro deixar as minhas filhas próximas também. Os projetos bíblicos me aproximaram ainda mais da minha fé, fiquei honrada de interpretar cada um deles.

Quando não está atuando, o que você gosta de fazer?
Ah, faço várias coisas porque a rotina como mãe é sempre intensa e cheia de multitarefas (risos). Eu amo ficar com a minha família, gosto de viajar com eles e estreitar nossos laços, assim como ler livros, assistir peças, filmes.

A chegada dos 40 anos trouxe questionamentos?
A chegada dos 40 trouxe menos preocupações do que eu imaginava. A sociedade pressiona muito sobre a questão da idade, do envelhecer, mas não senti isso. Hoje estou mais experiente, mais madura e confiante, na melhor fase da minha vida. Nos dias atuais, os 40 são os novos 30 e por aí vai. É claro que acontece uma mudança corporal e tive que me adaptar a ela, mas sem grandes problemas.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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