Por Nahima Maciel e Pedro Ibarra
As adaptações de livros para o cinema são comuns desde sempre. Atualmente, com a popularização das séries de televisão e a maior profusão do streaming, os seriados ganharam também esse caráter. Portanto, há diversas formas de ver uma narrativa literária adaptada na tela.
Recentemente, uma escritora brasileira, que por anos esteve em alta, ganhou o streaming nessa nova onda de adaptações. Carina Rissi chegou ao HBO Max em alta. A autora viu um filme e uma série baseada em histórias que escreveu estrearem no final de 2022 na plataforma.
O longa lançado é de Procura-se, baseado no livro Procura-se um marido, de 2012. O filme acompanha Alicia, uma jovem rica e muito festeira, que perde o avô e tem que mudar completamente de estilo de vida. Isso porque no testamento do idoso está delimitado que Alicia só pode herdar a fortuna se estiver casada. Para conseguir o dinheiro, ela decide forjar um casamento com um marido de aluguel, literalmente.
Na produção cinematográfica, o casal da vida real Camila Queiroz e Klebber Toledo vive o par principal. Camila já era fã dos livros de Carina e se sentiu honrada por viver Alicia. Apaixonada pela literatura nacional, ela vê como importante adaptar novos autores. “Existe essa parte de incentivo para os livros e que bom! Eu acho fundamental a gente incentivar a leitura do público jovem, que é o alvo da nossa história”, analisa a atriz. “A gente está fazendo um serviço aqui. Não só pensando no nosso filme, mas em toda adaptação de literatura para séries e filmes”, aponta a atriz sobre as adaptações.
Klebber Toledo acredita que seja a hora de olhar para a produção literária nacional. “A gente vê grandes narrativas estrangeiras vindas de livros e de histórias reais, mas não via por aqui. Isso está começando a acontecer com mais força no nosso país e no nosso cinema só agora”, reflete o ator. “A gente absorve muito o que a gente vê fora do Brasil, mas demoramos muito para absorver coisas que realmente podem fazer a diferença dentro do nosso país”, acrescenta. É hora de parar de buscar texto nos Estados Unidos e na Europa e entender que a gente é rico aqui e tem talentos aqui”, completa.
O ator também aponta a importância de dar palco para narrativas como as de Carina Rissi. “Vir de uma autora mulher e com uma protagonista mulher faz esse longa mais importante ainda. A gente ri e se diverte enquanto levanta bandeiras importantes”, pontua o artista, que exalta as oportunidades criadas pelo streaming. ” Eu acho que o atual mercado está possibilitando a fazer isso [adaptações de filmes brasileiros], o nosso cinema tem melhorado por conta de iniciativas como esta da HBO Max”, complementa.
A segunda produção baseada nos textos de Rissi é No mundo da Luna. A história que acompanha Luna, uma jornalista que fica encarregada da coluna do horóscopo no jornal. Por não saber o que está fazendo, ela acaba se metendo em confusões astrológicas na tentativa de melhorar a própria vida, que estava completamente bagunçada e sem rumo.
A série estreou a primeira temporada e conta com Marina Moschen, Leonardo Bittencourt, Enzo Romani, Priscila Lima, Luana Martau, Bruna Inocencio e Maria Clara Gueiros no elenco. Em entrevista ao Correio, Carina Rissi falou sobre a experiência com a série, com as adaptações e sobre o No mundo da Luna.
Como você participou da adaptação?
Acompanhei meio de longe, morando em Portugal, e as filmagens foram num período que não consegui acompanhar, mas tentaram me colocar a parte de tudo, cenário, figurinos, detalhes da série, então me senti muito dentro no fim das contas.
A adaptação correspondeu às suas expectativas?
Foi muito além do que eu esperava, a série está muito linda. Essa adaptação para um outro tipo de arte de produto, amei muito, foi muito além das minhas expectativas, ver saindo do papel ganha vida em cores e sons está espetacular
De onde surgiu a história de No mundo de Luna?
A ideia foi da Luna, ela que me procurou. Eu trabalhava em outro projeto, sou um pouco desordeira, minha rotina de escrita, tinha muitas abas de pesquisa abertas e por alguma razão acabei no horóscopo. Sou aquela que não acredita, mas acaba lendo. E pensei nisso, alguém que tivesse uma conexão maior com esse universo mais místico, como seria com toda uma cultura ao redor. E sempre me senti muito atraída sobre a cultura romani. Eu também queria falar sobre um certo preconceito que as pessoas ainda sentem em relação aos romani, e colocá-los num cotidiano de família normal. Foi uma delícia mergulhar nesse universo.
Mas foi uma coisa meio mágica. Eu já estava trabalhando com a Luna muito assustada, porque sabia que ia mergulhar de cabeça nesse universo e queria fazer um trabalho correto e apresentar de uma maneira bonita. E um dia bateram na minha porta e era uma cigana e conversamos. Achei muito um sinal do universo de que tudo estava caminhando bem.
A cultura Romani é pouco conhecida e sofre de muito preconceito. Como você trabalhou isso?
Preconceito existe, essa má fama que não sei bem de onde vem, que acabam interpretando errado por ser uma cultura muito fechada. Precisa ser combatido. Um dos atores Enzo é descendente dos romani e ele carrega todo esse orgulho de ter crescido nessa cultura. Bati um papo com ele e foi muito legal. É uma cultura que talvez por isso as pessoas interpretem de maneira diferente. Então esse universo de a Luna conseguir desmistificar um pouco desse preconceito vai ser maravilhoso.
Por que uma personagem cuja profissão é jornalista?
Pensei em algumas amigas que não tiveram a sorte de começar direto e tiveram que ir trabalhando pelas beiradas para chegar ao objetivo e essa é muito da experiência dos jovens que se formam numa área e têm grandes desejos e aspirações e o mundo vai te dizendo que ainda não, ainda não. Então é importante mostrar para os jovens que não é bem assim e que está tudo bem não ser assim e que uma hora vai chegar lá. Que é difícil, que é um degrau de cada vez. Então, achei interessante que ela começa de um ponto que não começasse …
O que, na sua opinião, nos seus livros atrai tanto os leitores?
Tento muito colocar essa vivência do comum, problemas com emprego, carreira, relacionamentos amorosos que nessa casa dos anos 20 é tudo uma doideira, então, acho que esses temas se aproximam muito do cotidiano das pessoas.
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