O clássico do cinema marcado por atuações de Michael Douglas e Glenn Close vira série com Joshua Jackson e Lizzy Caplan
Por Franco C. Dantas*
O clássico thriller erótico Atração Fatal, de Adrian Lyne, ganha, nesta semana, um remake homônimo em formato de série. Previsto para estrear amanhã, 1º de maio, no streaming Paramount+, o seriado reconta o enredo psicótico entre Dan Gallagher e Alex Forrest, reestruturando elementos centrais da história e oferecendo uma reinterpretação moderna da psiquê de ambos os personagens.
Interpretado originalmente por Michael Douglas, Dan é um advogado bem-sucedido cuja vida pessoal vira ao avesso ao conhecer Alex (Glenn Close), uma mulher sensual que desafia sua fidelidade à esposa, Beth (Anne Archer). Enquanto a parceira está distante, Dan não resiste à tentação e se envolve com Alex, que passa a alimentar uma obsessão doentia pelo homem que ela não pode ter.
Agora vivido por Joshua Jackson, que contracena com Lizzy Caplan e Amanda Peet, Dan é revisitado como um personagem também problemático em sua essência. O novo roteiro busca inverter em parte os papéis, no sentido de investigar os aspectos de sua consciência e personalidade que o levaram a jogar pelos ares a vida, à primeira vista perfeita, que tinha com a família. “Como sua vaidade faz com que ele procure uma mulher que não é sua esposa? É para amaciar o ego? Para ela falar todas as coisas que ele quer ouvir?”, indaga Joshua.
Por trás do papel
Para o ator, sua encarnação do advogado é radicalmente diferente da versão de Michael Douglas. “Eu acredito que, culturalmente, estamos em momentos diferentes”, explica. “Eu certamente assisti ao filme de novo, mas eu definitivamente não estava tentando recriar o que ele fez. Estamos tentando trazer a perspectiva da história para 2023.”
O novo enredo se passa em duas linhas do tempo. No presente, 2023, Dan tenta limpar sua barra e contar sua história para a filha adulta. Os acontecimentos com Alex são revividos por meio de flashbacks de 2008. “Tentei trabalhar com a questão da idade e como isso afeta o corpo e o espírito daquele homem, quando encontramos ele de novo no fim da linha.”
Debates mais recentes acerca de saúde mental foram essenciais para o desenrolar da nova trama. “Dizer que a Alex é maluca não é mais tão real. Todos nós lidamos com diversas questões de saúde mental, maiores ou menores. Apenas dizer que ela é maluca não tem mais cabimento.” Joshua também destaca que esse foi o grande motor do novo enredo, que foi produzido e roteirizado por uma mulher, Alexandra Cunningham.
Entender as estruturas de poder foi essencial para o papel. “Nós tínhamos um cara no set que veio do mundo jurídico e nós conversamos sobre as particularidades de como esse homem se comportaria, onde ele estaria naquela estrutura de poder, que tipo de transgressão seria ter um caso extraconjugal no escritório, tudo isso.”
Perdas e danos
Da mesma época de Atração fatal, outro filme recheado de crises e traições, Perdas e danos (1992), também ganhou uma nova versão em série no streaming. Desejo obsessivo, estrelado por Richard Armitage e Charlie Murphy, reconta a história da paixão proibida entre um homem de meia-idade e sua nora, trama encenada primeiramente por Jeremy Irons e Juliette Binoche, baseada no romance homônimo de Josephine Hart. A minissérie de quatro capítulos, disponível na Netflix, estreou em 13 de abril.
*Estagiário sob a supervisão de Sibele Negromonte