O ator Diyo Coelho nasceu no Gama e “desde sempre” soube que queria trilhar o caminho das artes. “Quando criança já escrevia poesias e letras de músicas, vestia as roupas de minha mãe criando personagens, empilhava panelas fingindo ser uma bateria e cantava no chuveiro. Mas na quebrada do Entorno, onde nasci, não havia acesso a nada do tipo”, conta o ator, que, aos 16 anos foi para São Paulo atrás da realização deste sonho.
Atualmente, Diyo respira arte, seja como Jorão na novela Jezabel, seja como integrante da banda Brejeira, que se prepara para lançar o disco Mandacaru. Na entrevista a seguir, Diyo fala sobre o trabalho e as lembranças que guarda daqui, entre outros assuntos. Confira!
Você entra em Jezabel com a trama em andamento. É mais difícil quando acontece isso?
Nesse caso foi bem difícil porque, além de pegar o barco andando, tive menos de uma semana para ler tudo, entender do que se tratava e trabalhar o personagem para já gravar. Foi tudo muito rápido. Eu gostei, pois foi um desafio e eu gosto de desafios. Espero que o resultado fique satisfatório.
Como você define o Jorão?
Ele é diferente dos demais da família: da mãe Jezabel, com quem bate de frente o tempo inteiro, por não se deixar manipular, como o irmão Acazias e o “pai” Acabe. Jorão pensa de maneira mais justa, honesta e não tem medo de brigar quando está com a razão. Eu o vejo carente, solitário, sendo o filho do meio e também por não ter recebido amor dos pais.
Seu personagem é um dos herdeiros do trono de Jezabel, mas pensa diferente da mãe por acreditar num reino melhor, mais justo. Você acredita num Brasil mais justo, como seu personagem?
Eu sou romântico e tenho um pensamento um tanto utópico. Acredito que um dia a educação será mais valorizada e ela é o único caminho para termos um país mais justo.
Se você herdasse o “trono” do “reino” Brasil, o que faria para melhorá-lo?
Sem dúvida investiria em educação em todos os âmbitos, principalmente na básica. Como disse, acredito que a educação seja o melhor caminho para um mundo melhor.
Antes de Jezabel você fez uma participação em Carcereiros. Dá para comparar os dois trabalhos?
São dois trabalhos bem distintos, porém os personagens têm coisas em comum. Ambos têm bom coração. Embora o Victor, de Carcereiros, se encontrasse na posição de presidiário, ele foi obrigado pelo chefe do tráfico a cometer um crime apenas para entregar uma encomenda que levava dentro do corpo. Já a briga de Jorão, em Jezabel, é na maior parte das vezes contra o mal da própria mãe.
Você nasceu em Brasília, mas saiu da capital na adolescência. Sua carreira começou aqui? E o interesse pela arte nasceu na capital?
Desde que me entendo por gente quero ser ator e músico. Quando criança já escrevia poesias e letras de músicas, vestia as roupas de minha mãe criando personagens, empilhava panelas fingindo ser uma bateria e cantava no chuveiro. Mas na quebrada do Entorno, onde nasci, não havia acesso a nada do tipo. Quando, aos 16 anos, vim para São Paulo, logo fui buscar me aproximar de grupos de teatro e formar bandas de rock. Hoje me sinto realizado por continuar seguindo meus sonhos e estar, aos poucos, concretizando-os.
Que lembranças você tem de Brasília?
Eu era muito feliz com muito pouco! Apesar de termos passado fome durante minha infância… Tive bons amigos, que topavam tudo, criava meus próprios brinquedos, uma vez que minha mãe não podia comprar. Acredito que toda essa barra que vivi me fez uma pessoa mais justa, mais criativa, mais grata por cada conquista e sem medo de enfrentar os problemas da vida.
Ainda tem alguma ligação com a cidade?
Tenho muitos familiares e amigos queridos por aí. Mas tenho uma ligação mais forte com o sertão do Piauí, terra de meus pais e avós, e onde vivi parte da minha infância e pré-adolescência.
Você tem a banda Brejeira. O que fala mais alto: o ator ou o cantor, compositor e baixista?
A arte fala mais alto dentro de mim! Eu respiro arte e poesia, seja no palco, nas telinhas, telonas ou na rua, não consigo separar uma coisa da outra. Meu amor pela música é tão grande quanto pela dramaturgia.
Vocês vão lançar o disco Mandacaru, que tem traços autobiográficos seus. Como será esse trabalho?
Estamos gravando e lançando música a música. Ao todo são 10 e um cordel que introduz a história de um homem tido como alcoólatra. Em cada música tem uma relação de triângulo “sujeito/cachaça/o outro” (mulher, filho, médico, moto, morte, etc.) Me inspirei um pouco em coisas que ouvia de meu pai na infância e na ausência dele por causa do alcoolismo. Tudo feito de forma poética, descontraída e sem julgamento. A banda Brejeira já pode ser ouvida nas principais plataformas digitais.
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