Quando a rádio Estrela de Campos entra no ar na novela Além da ilusão, é a voz de Caio Pozes que enche o ambiente. Na pele do locutor da rádio, o ator faz sua estreia em novelas de época após quase 18 anos de carreira.
“A diferença é que estamos distantes da nossa realidade. Vivemos, hoje, um mundo virtual e, naquela época, não existia sequer telefone. O linguajar é bem diferente, a postura, as roupas, tudo. E o mais legal e desafiador para o ator é exatamente fugir da realidade”, afirma Caio, referindo-se aos anos 1940, época em que se passa a trama das 18h.
Esses dois mundos se unem em algumas coincidências, como a de Caio ser apresentador de eventos, atividade que ele compara à de locutor, exercida pelo personagem. Fora de cena, Caio é Dj nas horas vagas. O que poderia ajudar na composição do personagem acabou se mostrando mais distante do que poderíamos imaginar.
“Apesar de o meu personagem ser locutor de uma rádio e parecer ter uma ligação direta com o trabalho de Dj, na novela eu ainda não gravei uma cena em que eu selecione músicas. E como Dj, fora da novela, eu ainda não tive a oportunidade de trabalhar numa rádio. Até que gostaria, para saber como seria essa experiência. Por enquanto, só toco em eventos, restaurantes, casamentos”, explica o ator, em entrevista ao Correio. Nas carrapetas, hits dos anos 1980 e 1990 dominam o set list de Caio. Os anos 1940 nunca entraram, mas o caminho não está fechado para eles, garante o ator.
Comédia
Quem vê Caio concentrado nas cenas de Além da ilusão não imagina que a comédia é um gênero muito experimentado por ele. Tanto que uma das especialidades do ator, nos palcos, são os stand up comedy. Ou seja, o artista sobe ao palco de cara limpa para falar sobre temas mil.
“Uns momentos clássicos de o comediante improvisar num show são quando alguém da plateia chega atrasado, ou levanta para ir ao banheiro, ou tem uma risada diferenciada, entre outras situações… Amo brincar com isso”, afirma.
Assim como muitos humoristas, Caio está sempre se preocupando em se renovar e, mais do que isso, em não ofender quem está ouvindo a piada. “Evito falar sobre sexualidade, religião, raça, cultura, mas, às vezes, é inevitável, até porque o nosso trabalho é falar sobre tudo. Mas acredito que, atualmente, todos nós, comediantes, estamos trabalhando mais na hora da criação, pois temos que elaborar a piada e depois fazer uma outra piada com a reação das pessoas caso elas vejam como algo ofensivo, de forma que deixe a situação leve e engraçada para todos, sem que ofenda ninguém”, ensina.
Mesmo nos tempos mais difíceis, Caio foi buscar no humor a salvação. Durante a pandemia, ele criou a série Família Coronga, postada nas redes sociais. “Nós, comediantes, vemos humor em tudo, até nos momentos mais tristes da nossa própria vida. Eu esperei o momento certo para começar a soltar os primeiros vídeos falando sobre a quarentena e imitando as falas do nosso presidente”, conta.
O ator sabe o quanto foi importante, no meio da pandemia, fazer o público rir: “As pessoas estavam entediadas de só ver tragédia e tristeza nos jornais. Tenho certeza que salvamos muitas vidas que estavam passando por depressão, tendo que lidar com a covid-19 e sem poder sair de casa durante meses”. É apostando na força da arte como entretenimento ou cura que Caio pretende seguir. Sem trocar de estação.
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