A novela das 21h não tem apenas uma dona, como pressupõe o título. São várias as donas do pedaço, tamanho destaque das personagens e das atrizes em relação aos tipos masculinos.
E não estamos falando apenas de personagens grandes, como Maria da Paz (Juliana Paes), Vivi Guedes (Paolla Oliveira) e Fabiana (Nathalia Dill). As coadjuvantes de A dona do pedaço também mandam bem. Mas é bom dizer que, se as atrizes estão bem, não se pode falar o mesmo do texto, muitas vezes piegas, e do mar de clichês — totalmente a cara do autor Walcyr Carrasco.
Para não dizer que não falamos dos homens, Marco Nanini e Tonico Pereira, desde a primeira semana, chamam a atenção como Eusébio e Chico, respectivamente. Malvino Salvador também tem se destacado como Agno, mas tem tido pouquíssima sorte com o texto. E é só. Marcos Palmeira (Amadeu) e Reynaldo Gianecchini (Régis) precisam melhorar e muito. José de Abreu é excelente ator, mas precisa de uma virada muito boa para dar gosto a Otávio.
Juliana Paes (Maria da Paz) – É bem verdade que, no início da novela, Juliana escorregou num sotaque desnecessário e irritante para Maria da Paz. Mas ele ー graças a Deus! ー sumiu ou foi bem atenuado e a atriz deu a volta por cima. Papéis populares e de gestos naturalmente largos são prato cheio para a atriz que tem a cara do Brasil.
Paolla Oliveira (Vivi Guedes) – Paolla precisava de uma virada como essa. Desde a Danny Bond da série Felizes para sempre? (2015), a atriz vinha deixando a desejar. Mas, agora, o carisma e o talento dela deram a Vivi Guedes um ar de protagonista, mesmo que a personagem esteja numa trama de novidade zero — duas irmãs separadas na infância se reencontram e se apaixonam uma pela outra, mas uma é boa e outra, má.
Nathalia Dill (Fabiana) – Fabiana é a outra irmã, a malvada. Nem a personagem mal construída (como pode uma menina que foi abandonada num convento quando criança, ser criada por freiras e de repente se revelar uma mulher sem nenhum caráter, sabendo tudo da vida e de tecnologia?) atrapalha Nathalia. A atriz, uma das mais promissoras da geração dela, deita e rola, especialmente nas cenas em que contracena com Paolla. Para a sorte dela, são muitas!
Nathalia Timberg (Gladys) – Nathalia é uma das maiores atrizes do país e, como tal, não precisa da maior personagem da novela para brilhar. Bastam poucas cenas. É nos detalhes que a intérprete da interesseira Gladys se baseia. Até em cenas toscas, como a que ela, num texto muito ruim, conversa sobre sexo e traição com a filha e a melhor amiga, Nathalia Timberg se sobressai.
Deborah Evelyn (Lyris) – Peruas, ricas e engraçadas são uma constante na carreira televisiva de Deborah Evelyn. Mas se engana quem pensa que a atriz se repete. Como a Lyris, ela vem arrancando gargalhadas do público. A personagem corre o risco de, daqui a pouco, cansar se Walcyr Carrasco a mantiver apenas na trama de trair Agno com o entregador de bolos. Mas se o autor realmente apostar na trama em que ela é trocada por outro homem, a atriz e a personagem têm tudo para continuar brilhando.
Suely Franco (Marlene) – A divertida Marlene parece ter sido feita sob encomenda para a veterana Suely Franco. A atriz passa com competência pelas poucas cenas dramáticas que tem ー geralmente ao lado de Maria da Paz ou de Josiane (Agatha Moreira, boa atriz que precisa se encontrar, aliás) ー, mas domina mesmo são as cômicas, ao lado de Ary Fontoura, Marco Nanini e Tonico Pereira. Assunto delicado, como o amor na terceira idade, é levado com leveza.
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