O “dever” de produções de entretenimento para com a sociedade sempre foi muito relativo. Não é necessariamente um meio para se aprender. Ao mesmo tempo, não é um local de vácuo, de silêncio. O tempo foi passando e um novo ângulo da discussão ganhou espaço: ter uma mensagem é fundamental para as produções — mais importante até do que qualquer “didatismo” sobre tais conteúdos.
Abordar histórias de minorias na TV, logo, se tornou um desafio. Em relação a roteiros focados na comunidade LGBTQIA+ na televisão, é possível acompanhar esses desafios quase “ao vivo”. Afinal, é muito recente que essas histórias ganhem o protagonismo de séries. Não é nenhuma novidade a existência de personagens gays na TV (pelo menos no contexto norte-americano, porque no brasileiro é outra história…), mas certas abordagens de narrativas sobre casais do mesmo sexo ainda surpreendem.
É exatamente o caso de Heartstopper. A nova produção britânica da Netflix — que estreou há pouco mais de duas semanas — se tornou o novo hit do streaming ao contar a história de Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke), dois garotos — de 16 e 15 anos, respectivamente — que vivem o primeiro amor.
Ainda na escola, a dupla vai enfrentar o que tantos outros amores enfrentam: a aprovação dos amigos, as inseguranças pessoais e então, a realização.
A série (que teve oito episódios na temporada de estreia) foi baseada nos quadrinhos de Alice Oseman, lançados ainda em 2018 e se destaca por abordar algo extremamente raro sobre o jovem gay no entretenimento: o otimismo.
A história de Nick e Charlie é a mais clichê possível: dois jovens que se apaixonam perdidamente. A história vista milhares de vezes com casais héteros surpreendentemente vira uma novidade ao ser vista com jovens gays.
Não para menos, afinal, o amor homossexual na TV esteve bem mais associado a traumas e tragédias do que a qualquer otimismo.
Toda pessoa LGBTQIA+ ganharia (e muito) caso tivesse a oportunidade de assistir a Heartstopper quando jovem — vale lembrar que na série ainda tem personagens lésbicos e transexuais. Ganharia a partir do momento em que se enxergasse e visse que as coisas simplesmente podem dar certo. E visse também essa quase utopia de uma juventude gay, com relações saudáveis e apoio familiar. O gênero de romance teen faz parte da história das séries, ainda assim, Heartstopper apresenta uma novidade no filão.
No contexto mais técnico, Heartstopper peca ainda por representar todos os defeitos do gênero: a profundidade dos diálogos é relativa e o jovem elenco (com alguns estreantes) tenta mais do que entrega. Mas tudo bem! Afinal, isso faz parte da “magia” das séries teens, que sempre se apoiou mais na conexão de experiências com o telespectador do que qualquer outro aspecto mais técnico.
E para grande parte do público (que invariavelmente ainda deverá ser de nicho), Heartstopper vingará exatamente por isso: a conexão. Uma história otimista de jovens gays que conseguem ultrapassar todos os traumas e medos com apoio e aceitação ainda é algo que muitos sentem a necessidade de testemunhar — vide o sucesso da série.
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