Um retrato, em formato de ficção, dos sentimentos, das sensações e dos novos hábitos instalados por causa da pandemia de covid-19. Assim pode ser definida a antologia Distanciamento social (ou Social distance, para os catálogos da Netflix em inglês), produzida por Hilary Weisman Graham, Tara Herrmann (Orange is the new black), Blake McCormick (Mad men), Jenji Kohan (Orange is the new black) e Diego Velasco.
Lançada em 15 de outubro no serviço de streaming, a produção é composta por oito episódios independentes que narram situações vivenciadas na quarentena. Como toda antologia, há capítulos ótimos, assim como episódios que não empolgam tanto. Mesmo assim, quando acerta — que na maioria das vezes –, Distanciamento social é uma série certeira, por conseguir ser relacionável e trazer reflexão ao espectador.
Episódio 1
O episódio que abre a saga é protagonizado por Mike Colter (Luke Cage), Ike, um homem que vive altos e baixos na quarentena. Ele começa o episódio entristecido pelo término recente de um relacionamento, depois parece superar, até que cai novamente em desgraça, piorado pelo fato de ser alcoólatra. O capítulo debate tanto a saúde mental, quanto como as redes sociais podem ser prejudiciais.
Episódio 3
Com Danielle Brooks, conhecida por Orange is the new black, o episódio mostra Imani, uma cuidadora de idosos tentando convencer Marion (Marsha Stephanie Blake), a ir passar a quarentena com a mãe Ernestine (Larita Brooks), que está internada num asilo. Com uma relação ruim com a matriarca e não querendo deixar o trabalho remoto de professora, Marion prefere cuidar da filha de Imani, Michelle (Rocco Luna) — que era acompanhada a distância por câmeras, já que a mãe não tinha com quem deixá-la — em vez da própria mãe. As relações familiares são o ponto chave do episódio e assim como a lembrança da dificuldade das mulheres, principalmente as negras.
Episódio 5
Um dos mais tristes, o episódio gira em torno de uma família que cumpre o isolamento social junta. Diagnosticada com covid-19, a mãe Anne-Marie (Ali Ahn) está separada do marido Greg (Peter Scanavino) e do filho vivido por Leo Bai-Scanavino em um dos quartos da casa. Lá, sozinha, passa por todos os sintomas da doença. Ao longo do capítulo, ela vai se comunicando com os familiares virtualmente. O marido vai vendo a esposa morrendo aos poucos pela tela do computador e tentando entender como cuidar do filho. Por ser mais denso, o capítulo mistura as imagens gravadas com uma animação.
Episódio 6
Casados na vida real, Dylan Baker e Becky Ann Baker dão vida ao casal Neil e Carolyn que precisa se adaptar às mudanças de hábitos na pandemia. Ele morre de medo da doença e faz de tudo para ficar isolado. No entanto, a esposa médica resolveu ajudar na batalha contra a doença. A volta dela à medicina é motivo de conflito entre marido e mulher, que precisam ficar afastados por causa disso.
Episódio 7
Episódio com a narrativa mais jovem, tem como protagonista Mia Huang (Kylie Liya Paige), uma descendente de chineses, que passa a quarentena jogando jogos on-line com os amigos. Ela se apaixona, então, por Jake (David Iacono). Porém, aos poucos, acaba percebendo que o garoto nada mais é do que um retrato do conservadorismo e de tudo que isso envolve. O capítulo também é a virada da antologia na abordagem de outro tema que surgiu no meio da pandemia: os protestos antirracistas.
Episódio 8
O capítulo que encerra Distanciamento social dialoga mais com a questão racial do que com a pandemia em si. Com Asante Blackk, de Olhos que condenam, no protagonismo, o episódio mostra os dilemas do jovem Corey, que quer participar dos protestos após a morte de George Floyd, mas precisa trabalhar numa formato a distância para jovens ricos e brancos.
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