Suicídio, automutilação, violência física e psicológica, estupro e consumo excessivo de drogas. Esses são apenas alguns dos assuntos recorrentes em produções audiovisuais. No entanto, nos últimos anos, a televisão tem apresentado essas temáticas de uma forma cada vez mais realista, o que, de certa forma, acende uma luz de alerta.
Em 2017, quando 13 reasons why ganhou uma adaptação televisiva lançada pela Netflix, a produção causou polêmica. Isso porque a série exibiu uma cena de uma pessoa se suicidando, no caso, a protagonista da trama Hannah Baker (Katherine Langford), sem qualquer aviso de que poderia despertar gatilhos emocionais em espectadores mais suscetíveis a casos semelhantes.
Apenas dois anos depois, a Netflix retirou a imagem do ar. “Seguindo conselho de especialistas médicos, incluindo a Dra. Christine Moutier, chefe médica na American Foundation for Suicide Prevention, decidimos com o criador Brian Yorkey e os produtores editar a cena em que Hannah tira sua própria vida na primeira temporada”, afirmou o serviço em nota oficial. Antes, a plataforma de streaming havia adotado algumas medidas, após as críticas, incluindo alertas e informativos, já que a produção foi apontada como uma narrativa que não mostrava alternativas ao suicídio, uma das determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o assunto.
Neste ano, esse debate voltou à tona. Dessa vez, por conta da série Euphoria, da HBO. Logo no episódio de estreia, a produção mostrou um ponto de vista problemático. Narrado em primeira pessoa pela protagonista Rue (Zendaya), a história mostrou uma jovem, que diagnosticada com ansiedade, bipolaridade, transtorno obsessivo-compulsivo e outras questões psicológicas, faz uso abusivo de drogas, como maconha, remédios e alucinógenos, como forma de fugir desses problemas.
A diferença em relação a 13 reasons why é que a HBO faz o alerta antes mesmo da exibição dos episódios. Algo que também acontece no Brasil. A bem-sucedida série médica da Globo, Sob pressão, tratou de assuntos fortes, como automutilação, por exemplo, por meio da protagonista Carolina, personagem de Marjorie Estiano, na primeira temporada. Desde o início, a produção nacional apresenta alertas e dicas de como o público pode proceder em casos semelhantes, com números gratuitos em que as pessoas podem procurar por ajuda.
Com alerta ou não, esse tipo de produção levanta um questionamento: até onde vai a linha que abre a porta para o debate de assuntos atuais, importantes e, na maioria das vezes, tabus até a que estimula o aumento da ansiedade e dos problemas de um público mais sensível? Talvez seja impossível chegar a essa resposta. Mas vale a atenção tanto do produtor de conteúdo quanto do espectador.
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