Amor e morte estreia na HBO Max com a história de Candy Montgomery, uma assassina que matou uma mulher a machadadas, já havia ganhado série na Star+ em 2022
Por Pedro Ibarra
Em 1980, Candy Montgomery matou Betty Gore, a esposa do homem que Candy tinha como amante, com 41 golpes de machado, em Wylie, Texas. Esse crime foi muito marcante na história dos Estados Unidos, mas ficou esquecido por muito tempo, até agora. Amor e morte estreia na próxima sexta com essa história sendo contada em formato de minissérie.
O seriado, ao qual a Revista teve acesso, é criado por David E. Kelley, responsável pelo sucesso Big little lies. A produção mostra uma Candy às vezes relacionável, mas, em certos momentos, transmite a psicopatia de uma figura extremamente bitolada. Elizabeth Olsen é a responsável pela protagonista e entrega uma atuação impressionante. Ela consegue fazer de Candy uma pessoa amável e medonha em poucas viradas de atuação. Uma interpretação que, com certeza, estará em todas as premiações.
O interessante é que essa é a segunda adaptação da história em menos de um ano. A Star+ lançou, em 2022, a série Candy, que conta a mesma história. Na versão anterior, Jessica Biel faz a protagonista, tão perturbada quanto, mas a série tem foco maior em como o crime se desenvolveu até os tribunais. Vale assistir ambas para destrinchar o fato nos mínimos detalhes e diferentes interpretações.
Duas séries, um assassinato macabro e grandes atuações. O true crime nunca esteve tão vivo nos streamings, e a coroação são grandes atores, atrizes, produtores e plataformas apostando em contar e recontar histórias sangrentas. Milhões de pessoas do mundo acompanharão as várias Candys que podem chegar às telas.
O caso da repetição da mesma história por dois streamings diferentes em tão pouco tempo não é comum. Porém, a fixação pelo tema de crimes reais e violentos tem tomado cada vez mais os streamings. Leonardo Torres, analista junguiano, explica, em aspectos técnicos, o que pode motivar o aumento no consumo de produções como Amor e morte e Candy.
“À luz da neurociência, podemos destacar que o cérebro humano tende, naturalmente, a focar em situações de perigo e ameaça, estimulando partes do cérebro, como a amídala, e liberando neurotransmissores, como adrenalina e cortisol. Isso, desde sempre, nos ajudou a lidar com situações potencialmente perigosas e a aprender com elas. Ao entrarmos em contato com conteúdos de crimes violentos, o cérebro pode ser estimulado a liberar tais neurotransmissores, causando emoções. Essa dinâmica pode gerar uma espécie de ‘vício’ ou fascinação em assistir a casos de crimes violentos, induzindo o indivíduo a buscar outros casos semelhantes.”
Torres acrescenta que essa faculdade do cérebro, atualmente, é cooptada pela forma com que a mídia noticiou casos de violência. “Com sensacionalismo e narrativas dramáticas, os conteúdos propagados pelos veículos de comunicação acabam por afetar indivíduos em massa. A mídia marrom utiliza de um instinto primordial: o medo. O medo gera pânico e faz com que os espectadores fiquem ‘hipnotizados’ e fascinados com os acontecimentos noticiados. O medo, em síntese, sempre foi utilizado por esse tipo de mídia a fim de gerar audiência”, conclui.