Acostumado a viver durões na TV, Bruno Bellarmino é sensível fora da tela

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Bruno Bellarmino faz parte das próximas temporadas de Rotas do ódio, Rio heroes e Carcereiros. Leia entrevista com esse muso das séries nacionais!

Quem vê Bruno Bellarmino em séries violentas como Rotas do ódio e Rio heroes não imagina que, na verdade, o ator é da paz. “Eu sou mais para o sensível. Odeio briga e fico mal se tenho um entrave com alguém. Porém, me defendo bem, caso necessário. Geralmente procuro apaziguar os ânimos. As brigas eu deixo só pra ficção mesmo”, afirma Bruno, em entrevista ao Próximo Capítulo.

E na ficção, ele briga bastante. “A série nessas próximas temporadas está mais voltada para pan crimes relacionados ao ódio. Hoje em dia há um discurso virulento contra estrangeiros. Presenciar relatos de pessoas que foram agredidas só por serem ‘bolivianos’ me deixou bastante chocado”, adianta, sobre Rota do ódio.

Bruno nunca fez novela, mas é um rosto conhecido por causa das muitas séries. “Num ano, eu faço uns quatro personagens. E pra cada um deles, uma história diferente e instigante”, conta o ator, que é fã de séries, mas não tem muito tempo de maratonar as produções nas quais não está. “Além das minhas, eu assisto a Black Mirror, Fargo e Atlanta. E desenhos animados. Amo desenho animado. Rick and Morty foi uma série que eu maratonista”, admite.

Na entrevista a seguir, Bruno Bellarmino fala sobre séries, o rótulo de galã, violência e sobre Supermax, série da Globo que foi muito criticada e que, para ele, teve um problema de estratégia de divulgação. Confira!

Leia entrevista com Bruno Bellarmino!

Você está em Rio heroes, Rotas do ódio e Carcereiros, três produções fortes e violentas. Sente falta de fazer o mocinho ou uma comédia na TV?
Sim, sinto falta. Mas não só tenho personagens “durões” na minha carreira, não. No Mil Dias, série do Canal History que narra a história de Brasília, eu fiz o Heitor, um topógrafo que vai embora do Rio de Janeiro em busca dessa nova capital. O Heitor em comparação com os outros é um “mocinho,” digamos! (risos) Mas todos os meus personagens mais malvados, ainda sim, respiram humanidade.

Na vida real, você se considera mais para o durão ou para o sensível?
Eu sou mais para o sensível. Odeio briga e fico mal se tenho um entrave com alguém. Porém me defendo bem, caso necessário. Geralmente procuro apaziguar os ânimos. As brigas eu deixo só pra ficção mesmo.

Mesmo em produções tão duras o rótulo de galã o acompanha. Isso te incomoda?
Não me incomoda nenhum pouco. Até acho interessante as pessoas verem personagens tão complexos e autodestrutivos como eu faço e acharem beleza ali. Deve ser por causa dessa vivacidade que alguns personagens exercem com tanta força na TV. Gera uma simpatia do público com o personagem.

Bruno Bellarmino: “cho interessante as pessoas verem personagens tão complexos e autodestrutivos como eu faço e acharem beleza ali”

O que você pode adiantar sobre a próxima temporada de Rotas do ódio?
A série nessas próximas temporadas está mais voltada para pan crimes relacionados ao ódio. Hoje em dia há um discurso virulento contra estrangeiros. Venezuelanos, africanos e árabes mesmo sem nenhuma identificação conosco, sofrem ataques de extremistas nas ruas de São Paulo e do Brasil sem nenhum remorso. Presenciar relatos de pessoas que foram agredidas só por serem “bolivianos” me deixou bastante chocado.

Rotas do ódio fala, entre outras coisas, sobre essa intolerância com o diferente que estamos vivendo no Brasil e no mundo. Como você lida com isso?
Eu lido com isso com bastante perplexidade. Porque não compactuo dessa intolerância que assola alguns brasileiros. O discurso de morte, da arma, da violência e da violência gratuita está em evidência. E me admira bastante um “presidente” endossar discurso tão perigoso com os próprios conterrâneos dele. Mas eu desejo de coração que nem todos os brasileiros compactuam de discurso tão violento. Tenhamos fé para que o Brasil retome o caminho que mantinha há alguns anos atrás. Tenhamos fé.

E sobre seu personagem em Rio heroes? Ele vai ter destaque nesta temporada, não?
O Jair terá destaque. Assim como aos outros personagens ao longo da série. O Jair tem esse drama com o irmão, que ele tem mais como filho. Só que agora há na história do Jair uma namorada. Ele se apaixona pela ring girl. Amo quando aparece uma mulher na trama. Fica mais sútil a narrativa.

Personagem Jair vai se envolver com uma ring girl na nova temporada de Rio heroes

Você está em negociações com a Netflix. O que vem por aí?
Na verdade comecei a rodar uma série com eles no Rio de Janeiro. No mais, não posso contar nada. De verdade. (risos)

Você fez muitas séries, mas nunca teve um papel fixo em novelas. Porque isso acontece?
Olha, não sei, de verdade. Mas também estou filmando tanto que as séries me suprem toda essa vontade de fazer uma novela. Num ano, eu faço uns quatro personagens. E pra cada um deles, uma história diferente e instigante. Eu, como ator, estou onde as boa sorte histórias estão. E será assim tanto no cinema, mas séries e quem sabe, uma novela.

Tem vontade de fazer novelas?
Claro. Gosto bastante de algumas novelas. Quero fazer sim um dia.

Com tanta experiência em séries, você deve assistir a algumas, não? Quais são suas preferidas?
Às vezes nem dá tempo de assistir a uma serie. Digo, “maratonar,” sabe?! Além das minhas, eu assisto a Black Mirror, Fargo e Atlanta. E desenhos animados. Amo desenho animado. Rick and Morty foi uma série que eu maratonista. Admito. (risos)

Em Rio heroes e Rota do ódio, é comum que você tenha cenas em que seu físico é explorado. Como mantém a forma? Isso é uma preocupação para você?
Eu treino porque gosto de praticar atividade física. Eu curto mais a prática de esportes. Por isso o Jiu jitsu, boxe, futebol e ciclismo estão na minha lista semanal de atividades. Acho um saco puxar ferro todo dia.

Supermax foi uma série anunciada para marcar época, mas acabou dividindo o público e a crítica especializada. Como lidou com as críticas que recebeu?
Eu lidei super bem. O Supermax não foi tão bem explorado em divulgação. Acredito que essas séries devam ser postas de uma vez só. O que ocorreu com o Supermax foi uma estratégia errada. Eu acho a série muito boa. Mas o público brasileiro não curte muito o suspense e terror. Admiro a Globo por ter sido tão ousada em elaborar o Supermax. Mas olha só, sabia que o Supermax está na plataforma da AMC? E que ela rodou o mundo e acabou fazendo sucesso em Portugal e na Coreia do Sul? Eu quando soube fiquei feliz com a aceitação do público internacional. Eu amo essa série. Sou muito feliz de ter participado de uma série tão inovadora na teledramaturgia nacional. Pode ser que daqui a uns dez anos, quem sabe ela vire uma peça “cult”.

Você é de Pernambuco, estado que tem uma cena cinematográfica muito forte. Isso acabou te influenciando de alguma forma?
Bastante. O cinema pernambucano me motiva até hoje. E eles mal sabem disso. Mas um dia saberão. Eu amo o cinema nacional. Luto para que nossas histórias sejam protagonistas. Que tenhamos mais produções nacionais. Que façamos girar a engrenagem da nossa cultura. Eu amo é o cinema nacional. Sem ele, não tem sentido viver.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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