A terceira temporada de The girlfriend experience estreia, na Starzplay

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Temporada de The girlfriend experience chega com história que mistura ciência e erotismo em um clima de tensão

Por Pedro Ibarra*

Com uma nova história, novos personagens e nova showrunner, a série The girlfriend experience chega à terceira temporada neste domingo (2/5) na plataforma Starzplay. O seriado é baseado em um filme homônimo de Steven Soderbergh, lançado em 2009, por isso o diretor participa como produtor. A história mostra a vida dupla de mulheres que têm empregos, mas trabalham como namoradas profissionais nas noites e nos fins de semana. Anja Marquardt assume a direção e o roteiro de todos os episódios, enquanto Julia Goldani Telles, atriz filha de uma brasileira, interpreta a nova protagonista.

Por ser uma antologia, The girlfriend experience apresenta um novo enredo por temporada, com liberdade criativa para que possa ser feita uma história completamente original a partir dos conceitos pensados em 2009 por Soderbergh. Agora, na mão da cineasta alemã Anja Marquardt, o seriado recebe um novo tom, mais futurista, e faz críticas à tecnologia e a situação atual das redes sociais e do mundo virtual.

“Foi uma grande e empolgante oportunidade para mim, foi como trabalhar em uma tela em branco, e cheguei nessa obra de arte de 10 episódios, em que pude ir bem fundo nesses novos personagens, novas histórias e novo mundo”, conta Anja, em entrevista ao Correio.

A nova temporada mostra Iris, personagem de Julia Goldani Telles, uma neurocientista que larga uma especialização para assumir um emprego em uma grande empresa de inteligência artificial, mas, durante a noite, trabalha para uma empresa de namoradas profissionais — mulheres contratadas para exercer o papel de namorada por uma noite. Todo esse esforço da protagonista é para conseguir dinheiro para pagar o tratamento do pai, que está tendo complicações devido à doença de Alzheimer.

“Ela ama dinheiro, ama sexo, quer poder e está disposta a fazer tudo o que pode, e usar o próprio cérebro o tanto que for necessário, para conseguir o que quer. Porém, ao mesmo tempo, a personagem é pé no chão e tem um motivo muito puro para fazer e querer tudo isso”, afirma Julia sobre Iris.

A série é baseada nas relações desta protagonista, que faz tudo por um motivo. “O sexo e o dinheiro são bons benefícios, mas o que ela realmente quer é entender como pode transformar os maiores desejos e os maiores medos das pessoas em tecnologia”, explica a atriz sobre a personagem, que também usa as experiências de namorada profissional para desenvolver uma inteligência artificial.

Para criar todo esse mundo da série, Anja teve a ajuda de consultores em neurociência, inteligência artificial e tecnologia. “É um campo muito específico, então foi, inclusive, difícil encontrar especialistas para nos auxiliar na área”, lembra a diretora. Mas ela foi atrás para que tudo ficasse o mais verossímil possível. “Eu queria criar um mundo autêntico, em que outras pessoas acreditassem e pensassem: ‘realmente eles fizeram o dever de casa deles’”, avalia Marquardt.

“Essa temporada explora uma coisa que a maioria das pessoas tem em mente: quanto dos nossos dados nós estamos abrindo mão quando apertamos o ‘aceitar e continuar’ nos termos e condições de uso, o que é privado na internet e o quanto a tecnologia sabe da gente?”, reflete Goldani Telles. “É realmente sobre a interseção de desejo e intimidade e a tecnologia. Para algumas pessoas, vai ser muito empolgante, mas para outras, muito assustador”, completa a artista.

Aspectos técnicos e pandemia estão em The girlfriend experience

A liberdade da diretora Anja Marquardt ultrapassou o criativo e passou para a execução da série. A cineasta, conhecida por produções independentes como Ela perdeu o controle e Thanksgiving, pôde instalar o formato de gravação de que mais gostava. “Nós meio que tratamos essa temporada inteira como um filme gigante. Eu escrevi e dirigi todos os episódios, também tivemos apenas um diretor de fotografia e um editor para todos”, afirma a showrunner, que também elogiou Steven Soderbergh por dar espaço para que profissionais do cinema independente chegassem ao mainstream com The girlfriend experience.

Contudo, por mais que a diretora fosse livre, ela teve um grande impeditivo, que foi gravar na pandemia. A série adaptou uma mescla das regras sanitárias norte-americanas com as britânicas para criar um ambiente seguro para todo o elenco e a produção trabalharem, até porque o seriado possui muitas cenas de sexo e contato físico. Testes de covid rotineiros e higiene também foram levados muito a sério.

Apesar de todos os obstáculos, a série conseguiu ser gravadas sem problemas ou interrupções, e a diretora disse que não afetou criativamente o resultado final. “Leva um tempo para acostumar, não é fácil usar uma máscara por mais de 10 horas. Criativamente, contudo, não foi diferente de como gravávamos antes da pandemia”, conta.

Um pouco brasileira

“Julia é incrivelmente aberta, corajosa, crua e cheia de nuances, tudo ao mesmo tempo. Isso me intrigou desde a primeira vez que a assisti, em The affair, e eu estava muito animada para tê-la comigo nesta temporada”, pontua Anja Marquardt.

Julia Goldani Telles é uma atriz e dançarina que ficou conhecida nos Estados Unidos pelo papel de Whitney Solloway em The affair, que foi exibida de 2014 a 2019. A artista teve também destaque no filme baseado no jogo de videogame, Slender man: pesadelo sem rosto, em 2018. E agora assume a primeira protagonista em uma grande produção.

Ainda no início de carreira, Julia tem a história muito ligada ao Brasil. Filha de mãe brasileira, ela veio morar no país com apenas 1 ano de idade, e tem como primeira língua o português. Posteriormente, ela voltou para os EUA, onde começou a carreira, em 2012, com a série Bunheads.

“Minha mãe é do Rio Grande do Sul, então eu me considero gaúcha. Eu cresci indo todo ano visitar a fazenda da minha família no Sul do Brasil”, relembra Julia. “Eu costumava visitar o Brasil todo verão até eu começar a trabalhar muito e ficar inviável. Mal posso esperar para voltar”, acrescenta.

*Estagiário sob a supervisão de Sibele Negromonte

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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