Novo reality show da Record é uma mistura de receitas de outros formatos exibidos pela emissora, mas com dinâmica confusa. No elenco, dois representantes do DF
Por Patrick Selvatti
Com a promessa de um reality show em que o telespectador tem poderes absolutos — quase que como uma crítica direta às interferências sofridas pela direção na última e malfadada temporada do Big Brother Brasil —, A grande conquista, novidade da Record para a grade de 2023, parece que não fisgou a audiência. A verdade é que não é muito fácil acompanhar o que está acontecendo no programa, que estreou em 8 de maio.
Apresentado por uma Mariana Rios não muito à vontade no comando de mais um game com dinâmica tumultuada, a atração foi apontada pela emissora como um super reality, por ser uma mistura dos conhecidos A fazenda, Power couple, A casa e Ilha Record. Mas veio com uma proposta bastante confusa, reunindo 80 participantes — em uma combinação de anônimos e celebridades nem tão famosas assim — atirados em cenários batizados como Hotel e Vila, até que fossem selecionados os 20 que definitivamente habitariam a Mansão, sede principal do confinamento.
Na primeira etapa, 16 “famosos” passaram por uma votação popular para irem direto à casa mais luxuosa do reality. Os 10 eleitos ficaram hospedados no chamado Hotel até o início da terceira etapa. Já os seis menos votados foram enviados para a Vila, onde se juntaram aos 64 candidatos a entrarem na sonhada Mansão.
Ali, nessa segunda etapa caótica, os vileiros se dividiram em três casas, onde passaram por provas e perrengues diversos, assistidos de longe pelos 10 selecionados na pré-estreia e sendo julgados pelo público, que, então, decidiu os habitantes oficiais. Dos 64 da Vila, apenas os 10 mais votados foram enviados para a Mansão, agora para ficar no jogo, reunindo-se com os primeiros 10 escolhidos. Os 20 agora brigam, individualmente, com unhas e dentes, pelo prêmio de R$ 1 milhão — quantia bem defasada até para os padrões da Record.
Fato é que, nesta fase, enfim, ufa, os competidores passam, para valer, pela convivência, provas e eliminações. Entre eles, há nomes como a ex-BBB Natália Deodato (2022), a ex-Fazenda Medrado (2021) e o ex-Solto em Floripa Murilo Dias, do Prime. Chamaram até a mãe de Rico Melquíades (vencedor de A fazenda em 2021) e a irmã do Gil do Vigor (BBB 21). Entretenimento garantido.
No fim das contas, entretanto, tirando essa introdução anárquica, A grande conquista não agrega nada de inovador ao formato. Ao contrário, é um cozidão repleto de ingredientes, vendido como receita fresca e gourmet, mas que se utiliza da mesma fórmula duvidosa dos realities de confinamento que levam a marca registrada de Rodrigo Carelli: uma miscelânea de subcelebridades afamadas pela personalidade combativa — em geral, advindas de outros programas da casa ou da concorrência — que geram tremendas tretas diante das câmeras e barracos deprimentes nas edições ao vivo. Para os apreciadores do gênero, uma refeição completa. Mas poderia vir em uma embalagem menos complexa.
Brasília representada
Tem brasiliense entre os participantes de A grande conquista. Murilo Dias, o Mu, tem 32 anos, mora em São Paulo, mas é de Brazlândia-DF. Ex-participante das três temporadas da série Soltos em Floripa (Amazon Prime Video), o rapaz trabalha como modelo e influenciador digital, com 315 mil seguidores no Instagram, e entrou no atual programa na cota destinada aos famosos.
À época do primeiro reality, lançado em 2020 em plena pandemia, Murilo conversou com a reportagem. Ele contou que o elenco foi escolhido em uma seleção via redes sociais. “Fui pego de surpresa. A produção entrou em contato comigo e fez o convite. Nunca passou pela minha cabeça participar de um reality show”, conta. O brasiliense encarou várias seletivas, entre elas, um churrasco em São Paulo que tinha como proposta ver a interação do grupo.
A tônica do programa — que se estendeu a uma temporada em Salvador — é a mesma dos já consagrados do gênero na MTV, como De férias com o ex e Rio Shore: clima de verão, jovens bonitos de ambos os sexos convivendo em uma casa bacana, muita festa e aquela pegação desenfreada. A diferença é que, no formato produzido pelo Prime, as cenas de sexo não são censuradas.
A vida de Murilo nunca mais foi a mesma. De lá para cá, nada foi como antes. “Nunca fui famosinho de internet nem havia essa intensidade das pessoas querendo saber da minha vida. Fiquei muito surpreso com a aceitação e também estou disposto a receber as críticas e gerar isso de uma forma positiva”, completou o brasiliense na ocasião.
Agora, em A grande conquista, Murilo Dias enfrenta um desafio muito maior. Além da visibilidade mais robusta, o que está em jogo é proporcional: uma bolada de R$ 1 milhão. E, ao contrário de Soltos em Floripa/Salvador, a opinião popular interfere diretamente nas eliminações. Até agora, o brasiliense se livrou.
Outro participante do reality show A Grande Conquista é o ator Ricardo Villardo — velho conhecido do público brasiliense. Com mais de um milhão de seguidores nas redes sociais e mais de 12,8 milhões de curtidas só no TikTok, o ator e influenciador de 35 anos de idade tem 19 de carreira como ator, tanto nos palcos como na internet. Ele acumula mais de 100 peças de teatro, como o sucesso Você não é todo mundo, uma comédia solo, em que Ricardo interpreta várias mulheres de sua vida e apresenta sua história ao público.
Nascido no Rio de Janeiro, Villardo descobriu o teatro na adolescência, em 2004, quando veio a Brasília a convite dos tios e passou a estudar na Cia. de Teatro Infantil Neia e Nando. Na trupe, atuou em espetáculos como Hairspray, O Rei Leão, Aladdin e O Mágico de Oz.
O sucesso na Internet veio em 2021. O ator viralizou com um vídeo em homenagem a Paulo Gustavo e imitações perfeitas da personagem Dona Hermínia. Ricardo Villardo viu seu número de seguidores crescer repentinamente e passou a apostar em vídeos curtos de humor.