“Essa segunda temporada está vindo para conquistar o Brasil. O resto do mundo já tem a série no coração”, afirma a atriz. Cynthia Senek, que fez sucesso em Malhação, está na segunda temporada de 3%
A série 3% chega à sua segunda temporada na sexta-feira (27/4). Os novos episódios da trama distópica, que aborda um processo que separa apenas uma pequena parcela da população para deixar o Continente para viver no Maralto, lugar cheio de privilégios, traz novos personagens. A jovem Glória vivida pela atriz Cynthia Senek é uma delas.
A personagem é uma moradora do Continente, que, ao completar 20 anos está apta para participar do processo 105, que vai mexer com a rotina tanto do Continente quanto do Maralto. Glória é melhor amiga de Fernando, papel de Michel Gomes, que desistiu do processo no ano anterior e foi apresentado na primeira temporada.
Um dos reforços dessa temporada, Cynthia Senek ficou conhecida na televisão ao viver a personagem Krika em Malhação na temporada de 2016/2017. Assim que deixou a novelinha, engrenou na série da Netflix. Entrar para o elenco da produção era um sonho de Cynthia, que assistiu a produção duas vezes antes de sequer sonhar com a possibilidade de entrar para o elenco.
Em entrevista, a atriz contou como entrou para o elenco da segunda temporada de 3% e também revelou um pouco (sem dar spoilers, claro) dos novos episódios, além do desafio da sequência que é conquistar o público brasileiro, já que a série é um hit nos Estados Unidos.
Entrevista // Cynthia Senek
Como você entrou para o elenco de 3%?
Eu acabei a Malhação em 3 de maio e duas semanas depois fiquei sabendo do teste. Liguei para a minha empresária e pedi: “Pelo amor de Deus, sou apaixonada nessa série, já assisti duas vezes, porque gostei muito, eu preciso estar nesse elenco, me ajuda! Quero fazer esse teste”. Ela foi atrás e descobrimos que era uma produtora de elenco em São Paulo. Eles primeiro pediram para eu mandar um vídeo. Gravei fazendo uma cena e uma improvisação. Eles gostaram e me chamaram para os testes em São Paulo. Foram vários. No começo, era simples só tinha que decorar o texto. Os dois últimos foram realmente insanos. Foram os testes mais difíceis da minha vida. As diretoras da série gravaram comigo e estavam dentro da sala me testando, me colocando em várias situações inusitadas para ver minhas possibilidades como atriz. Foi muito diferente, tive que fazer o mesmo texto de diversas maneiras, feliz, apaixonada, com raiva, com ódio, todas as possibilidades possíveis.
A Glória é uma personagem que é ao mesmo tempo doce e forte, além de ser importante para a história da segunda temporada. Como foi construir essa personagem?
A Glória é uma inspiração para mim. Tenho certeza que vai ser também para muitas pessoas. Nós mulheres estamos vivendo um momento muito importante, que é a era do feminismo, do empoderamento. As mulheres estão vindo com tudo. Acredito que a Glória vem para retratar essa realidade. Ela vem com uma força para mostrar que a mulher pode acreditar no sonho e ser forte em qualquer situação da sua vida, principalmente, se ela tem dentro dela o pior inimigo. Tenho certeza que as pessoas vão se identificar com essa questão. O pior inimigo é sempre você mesmo, seus medos, seus tramas… A Glória vai trazer isso para o espectador e essa realidade vai ser apresentada de uma maneira muito linda.
Você disse que era uma fã da série. Como foi, então, para você deixar de ser fã para atuar ao lado desse elenco?
Eu não sei nem explicar o quanto isso foi forte dentro de mim. Desde que eu li aquele teste na internet, eu falei que iria entrar na série. A partir do momento que mandei o primeiro vídeo, eu comecei a falar para todo mundo que ia morar em São Paulo. Eu nem tinham feito o primeiro teste lá. Mas falei que iria me mudar. Comecei a acreditar nessa realidade de uma forma, que eu nem sei hoje em dia. Paro e penso: “Como que eu consegui acreditar tanto que faria aquilo?”. E é exatamente essa sensação que eu tenho de atuar com os meus amigos. Eu acreditei e estou aqui gravando com Bianca Comparato, com Michel Gomes, com uma personagem super importante. É uma sensação de gratidão.
3% é uma série de entretenimento, mas que fala de questões sociais e nessa temporada mais ainda de empoderamento feminino. Você acha que é importante esse tipo de temática ser levada ao entretenimento?
Claro, eu acredito que essa série tem um público jovem e o Aguilera (Pedro, criador de 3%) é extremamente inteligente na hora de escrever. Ele escreve de maneira rápida e muito didática para aproximar o jovem dessa realidade. A série retrata muito a realidade do Brasil. Ela, por exemplo, no processo conta muito sobre ser corrupto na hora de aprovar um candidato para ele ser merecedor do Maralto. Querendo ou não, se você for parar para pensar, a realidade no Brasil é muito corrupta, tanto na política quanto em outros setores, como os escândalos e fraudes no Enem e nos vestibulares. A corrupção está muito próxima do nosso dia a dia. A segunda temporada traz uma figura muito importante que é a personagem da Laila Garin (a comandante Marcela), uma mulher que assume um cargo de um homem. Isso se aproxima muito da nossa realidade.
Você deixou Malhação e foi direto para 3%. Você percebeu diferenças de uma produção para a outra ou não, é o mesmo processo?
Muito pelo contrário, tem muita diferença porque quando você faz uma novela o personagem fica muito na sua responsabilidade. Você estuda o texto em casa, grava uma vez aquela cena, se errou ou fez algo que não queria ter feito e pede para voltar, muitas vezes não têm essa oportunidade. Não tem um acompanhamento 100% do que você faz. É simplesmente a sua construção. Óbvio que no começo faz uma preparação. Agora na Netflix, eu senti uma grande diferença, porque, em todos os dias, em todas as cenas, as diretoras sentavam e conversavam comigo. Elas foram ensaiadas, apresentei o que gostaria de fazer, mudamos a cena, a intenção de voz. É uma coisa muito bem construída e pensada. O dia a dia nas gravações antes de entrar em cena se tem alguns minutos de preparação. Ficava aquele silêncio gigantesco no set. Foi uma coisa muito legal viver essa realidade.
Como está a sua expectativa para o lançamento da série, já que 3% foi uma série que fez muito sucesso lá fora?
Eu penso nisso todos os dias. Isso faz parte da minha realidade, até porque, no momento, estou morando em Nova York durante três meses para estudar inglês. Durante os meus dias eu faço muita aula de conversação, vou para a biblioteca pública, parques e escolas de inglês. Sempre que eu falo que sou atriz e que estou em 3% há uma reação positiva das pessoas. Elas pedem spoilers… A série realmente é um sucesso lá fora. Não teve uma pessoa que eu falei que não conhecia, porque 3% realmente é muito famosa lá. Então, essa expectativa da série ser um sucesso, na minha opinião, já é. Só vai se consolidar a cada temporada. Aqui no Brasil, eu realmente espero que as pessoas consigam ver a grande diferença que vai existir entre a primeira e a segunda temporada, que a gente possa mudar a visão das pessoas sobre ela, como foi construída, como foi pensada… Porque aqui no Brasil a gente tem um número pequeno de fãs, de pessoas que admiram e gostam da série. Essa segunda temporada está vindo para conquistar o Brasil. O resto do mundo já tem a série no coração.