O Próximo capítulo já assistiu quatro episódios de Mulher-Hulk: defensora de heróis e apresenta as primeiras impressões sobre a última série da Marvel em 2022
Por Pedro Ibarra
Como quem parece não querer nada, a Marvel vai dando espaços interessantes para novidades no próprio universo cinematográfico, o MCU. A mais nova empreitada é Mulher-Hulk: defensora de heróis, a última série da Marvel no Disney+ em 2022. A novidade do catálogo da plataforma passa um ar despretensioso, mas conquista logo nos primeiros minutos, mostrando que a Mulher-Hulk pode ser uma ferramenta incrível para o futuro.
A história gira em torno de Jennifer Walters, uma advogada de sucesso que é prima e muito próxima de Bruce Banner. Devido a um acidente, a personagem tem contato com o sangue do primo. Dessa forma, ela se torna uma versão feminina do Hulk, mas com muito mais controle sobre os próprios poderes. Após ter que usar a forma verde em um julgamento, a advogada vira uma celebridade e é contratada para cuidar apenas de casos envolvendo superpoderosos.
Mulher-Hulk: defensora de heróis estreia nesta quinta-feira (18/8) e terá 9 episódios que serão disponibilizados no formato semanal. O Próximo Capítulo assistiu aos quatro episódios iniciais e destrincha algumas das excelentes primeiras impressões que a série passa.
Primeiras Impressões
A premissa é extremamente interessante, principalmente porque a série é uma mistura balanceada entre heroísmo, advocacia e comédia. No formato procedural, uma história com início meio e fim por episódio, a produção entrega um divertimento de qualidade Marvel e prova que a ideia de mesclar gêneros está cada vez mais bem lapidada no MCU.
O projeto é ousado, são muitos personagens e histórias distintas. Contudo, é interessante ver que há uma intenção narrativa na série. Não é uma heroína salvando o mundo porque é o próprio dever, é uma advogada que só queria trabalhar em paz, mas por ser verde e super forte não consegue de forma nenhuma viver a vida que sempre sonhou. O poder não é um desejo, como em Mrs. Marvel, ou uma maldição, como em Cavaleiro da lua, é só muito incômodo para uma jovem, solteira e bem sucedida moradora de Los Angeles.
Um fator crucial para o que parece ser um modelo de sucesso é Tatiana Maslany, a atriz principal da trama. Muito carismática, ela domina cada cena do seriado, tudo depende dela, não há praticamente nenhuma cena crucial sem ela nos quatro primeiros episódios. Assim como a personagem dos quadrinhos, a Mulher-Hulk, quebra a quarta parede, ou seja, conversa com o espectador e Maslany entrega este tipo de cena com destreza e facilidade, quem assiste realmente se sente interessado no que ela tem para falar e se diverte com as piadas dela.
Outro ponto forte é o apelo feminino da série. É uma produção cuidada por várias mãos, todas de mulheres. Criado por Jessica Gao e dirigida por Kat Coiro e Anu Valia, o seriado sabe muito bem contar a história de uma mulher forte, independente e heroína, abusando do sarcasmo e da ironia com as críticas de que a personagem é uma versão mais fraca do Hulk ou que a Marvel está “feminina demais”.
A autorreferência com MCU também chama muita atenção. Era esperado que se citasse muitos heróis que já apareceram nas telas, mas o tempo todo são feitas piadas ou menções a figuras do universo cinematográfico. De citações a outros filmes a aparições dos personagens, a série trabalha muito bem o que chamam de fã service, termo referente a escolhas de roteiro para agradar os fãs. Entretanto, a própria Jéssica Walters lembra em uma passagem: “essa série é sobre mim”.
A parte técnica é um tanto defasada. Provavelmente com menos recursos, a computação gráfica incomoda por não ser tão realista. Em alguns momentos, a Mulher-Hulk parece um pouco uma boneca de videogame. O fato, no entanto, não atrapalha o desenrolar da história e em cenas de ação passa despercebido, principalmente quando envolve outros personagens de computação.
A nova série da parceria Marvel e Disney+ começa muito bem e tem o potencial de fechar o ano das séries com chave de ouro. Ela não precisa de um gigantesco raio azul no final ou uma ameaça gigante, as histórias de uma advogada se adaptando ao heroismo de forma carismática já são o suficiente para fazer algo novo que foge a fórmula Marvel sem necessariamente sair dela. Seguindo a linearidade que propôs e apresentando boas histórias por episódio, vai se tornar uma das melhores coisas que a Marvel lançou em 2022 e para a televisão. Basta fazer o simples para se tornar memorável.