Quarta temporada de Atypical vem sem novidades, com poucos pontos altos e metade do carisma do início. Leia a crítica
Quando a primeira temporada de Atypical chegou, em 2017, a série da Netflix parecia ser daquelas leves, esquecidas depois de alguns dias. Ledo engano. A série começou muito boa. O tom era leve, mas a produção nos levava a reflexões sobre o autismo, sobre o preconceito e sobre um tanto de outras coisas importantes. A segunda temporada foi pelo mesmo caminho.
Com o tempo, fomos acompanhando Sam Gardner (em composição sensível de Keir Gilchrist), jovem autista que começa a querer dar os próprios passos no ensino médio e, mais tarde, rumo à faculdade. Se a terceira temporada foi morna, a quarta esfriou de vez. Mesmo jogando luz a um assunto tão importante, Atypical soa como mais do mesmo e cai na previsibilidade. Como entretenimento, acaba decepcionando.
As palavras que regem essa temporada são convivência e adaptação. Todos ali estão de alguma forma mudando e isso é difícil para qualquer um ー para Sam é mais. Os pais de Sam, Doug (Michael Rapaport) e Elsa (a cada vez melhor Jennifer Jason Leigh) estão reatando o casamento e a irmã dele, Casey (Brigette Lundy-Paine) está num dilema entre assumir o namoro com Izzie (Fivel Stewart) ou se dedicar totalmente à bolsa para a universidade.
No meio de tudo isso, Sam resolve ir morar com o amigo de infância, Zahid (o engraçadinho Nik Dodani) para treinar ficar sozinho quando for à Antártida observar pinguins, paixão desde a primeira temporada.
Como numa grande família, as questões deles vão se misturando, como quando Elsa não quer quebrar os laços de dependência (ela parece depender da presença de Sam muito mais do que o contrário) ou como quando Doug faz de tudo para Casey aceitar o ex-namorado de volta.
Os apuros emocionais de Sam reaparecem, o que é bom, pois dá coerência à série. O que não muda é a forma com que eles são tratados por quem está à volta de Sam ou por ele mesmo. É tocante, sim, ver os avanços que o rapaz faz sem ter a sociedade a favor dele – e esse é o grande legado de Atypical. Os aprendizados não são apenas de Sam e, cada um a seu jeito, a família Casey aprende nesta temporada a respeitar os limites (Elsa talvez precise de mais algumas aulas) e especialmente a se despedir de pessoas, de ritos, de costumes.
Atypical se despede cumprindo o caminho oposto que começou, como uma série daquelas a que você assiste e poucos dias depois esquece. É bonitinha.