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Jéssica Córes sobre Cidade invisível: “Fazer uma sereia é o máximo!”

Publicado em Entrevista

Jéssica Córes se prepara para a segunda temporada de Cidade invisível, que dará novamente vida à sereia Camila, identidade da lenda Iara

Jéssica Córes é um dos destaques da série brasileira Cidade invisível, sucesso do catálogo da Netflix. Na pele de Camilla, identidade urbana da lenda da sereia Iara, Jéssica era uma escolha improvável para o papel. Mas o diretor Carlos Saldanha não pensava assim. E o papel de uma sereia que enfeitiça homens pelo canto acabou nas mãos de uma atriz negra e que não sabia nem nadar.

“Normalmente as sereias são representadas por mulheres brancas. A Iara da lenda do folclore brasileiro é uma índia que vive no rio. A Camila é uma mulher preta e a Iara no folclore brasileiro de Carlos Saldanha vive no mar. Eu busco trazer a força e a coragem da mulher preta e brasileira nesta construção da personagem”, afirma Jéssica, em entrevista ao Próximo Capítulo.

A coragem de Jéssica também foi determinante nos sets de Cidade invisível. “A Camila é o meu xodó, porque foi a única que me fez aprender uma atividade que até então não sabia: nadar! Não vejo a hora de entrar em ação novamente”, comenta Jéssica, que gostou e agora deseja que Camila tenha mais cenas dentro d’água. Ainda sobre a preparação, Jéssica garante que não se assustou muito com o canto, verdadeira arma de Camila: “Eu vejo que o artista tem de saber atuar, dançar, cantar e estar sempre pronto para enfrentar o desafio necessário para construir um personagem.”

Entrevista // Jéssica Córes

Cidade invisível teve uma grande repercussão no Brasil e internacionalmente. Esperavam por isso?
Para ser sincera, não gosto de criar expectativas, mas não tive dúvida quando assisti aos quatro primeiros episódios antes do lançamento da série. Aí eu pensei: “Uau! Essa série vai causar muito!” É muito diferente do que temos visto ou feito aqui no Brasil.

A série acabou resgatando a cultura popular brasileira num momento em que a tecnologia pode afastar os jovens das raízes do país. Como vê a importância disso nesse trabalho?
Conversei com jovens sobre a série, perguntei se conheciam a Cuca, Curupira, Iara e fiquei surpresa que vários deles não tiveram contato com o folclore brasileiro na escola. Que bom poder apresentar a essa geração uma parte da nossa cultura de uma forma tão atual, com efeitos especiais, elementos fantásticos, além de incentivar o jovem a querer conhecer mais nossas lendas, tão diversas e ricas em personagens.

Como será a presença de Camila na segunda temporada da série? O que você já sabe e pode contar sobre a sequência?
Ah, adoraria ter essa novidade, mas nem eu tenho informações sobre a segunda temporada. Está trancada a sete chaves. (risos) Estou curiosa com o desenrolar de toda a história. Desejo que a Camila tenha mais cenas dentro d’água, fazer uma sereia é o máximo!

Pouca gente tem no imaginário a imagem de Iara negra. Qual foi a importância da sua escalação para o papel nesse sentido?
O autor Carlos Saldanha mostrou o folclore brasileiro numa linguagem contemporânea. Tanto que o Saci tem a perna mecânica, a Cuca é uma borboleta e não um jacaré como conhecemos em Monteiro Lobato. Normalmente as sereias são representadas por mulheres brancas. A Iara da lenda do folclore brasileiro é uma índia que vive no rio. A Camila é uma mulher preta e a Iara no folclore brasileiro de Carlos Saldanha vive no mar. Eu busco trazer a força e a coragem da mulher preta e brasileira nesta construção da personagem.

A Camila é uma cantora e, como Iara, usa o canto para encantar os homens. Você também canta? Como a música aparece na sua vida e na sua carreira?
Sempre fui ligada à música, sou do tipo que canta no chuveiro. O canto chegou mais ainda em mim por conta do teatro. Eu vejo que o artista tem de saber atuar, dançar, cantar e estar sempre pronto para enfrentar o desafio necessário para construir um personagem.

Além de cantar, a Camila te exigiu alguma outra preparação específica?
A Camila é o meu xodó, porque foi a única que me fez aprender uma atividade que até então não sabia: nadar! Não vejo a hora de entrar em ação novamente.

Você fez Dear child e País irmão, duas produções internacionais. Como foram essas experiências? É muito diferente atuar fora do Brasil e no Brasil?
No caso de Dear child, era uma produção estrangeira, mas ela foi toda filmada no Brasil. Em País irmão, sim, eu fui para Lisboa e fiquei dois meses por lá, gravando. Foi uma experiência incrível. Tive alguns desafios, em Dear child. Filmei falando em inglês e em País irmão, estava na Europa e falando português. Foi rico trabalhar fora do país. Quero muito abrir essas portas cada dia mais.

Dear child é citado em algumas entrevistas como um projeto marcante. Pode falar sobre ele?
Recebi o convite para o teste e era em inglês. Não achei que o meu inglês de escola me levaria ao papel da Koloami, que tem uma história linda. Indiquei o teste para uma grande amiga. Na hora, os diretores estrangeiros, Luca Ammendola e Nikolai Galitzine, pediram que eu falasse um pouco de mim em inglês: of course, falei! (risos) Fiz mais alguns testes e em poucos dias estava gravando meu primeiro longa internacional!