“Muitas cenas tiveram que ser adaptadas, outras reescritas, enfim, adequações”, conta o ator Roberto Birindelli ao Próximo Capítulo sobre novela impactada pela pandemia
O ator Roberto Birindelli devia ter estreado no ano passado na novela Nos tempos do Imperador, que substituiria Éramos seis na faixa das 18h. No entanto, a pandemia de covid-19 atrasou o lançamento da produção para 2021. As filmagens também foram impactadas. O retorno das gravações aconteceu ainda 2020.
“É sempre um transtorno. Qualquer trabalho artístico diz respeito a uma visão de mundo, e quando o mundo sofre tamanha mudança como uma pandemia dessa magnitude, o olhar sobre seu tempo muda. Então a obra precisa ser repensada. Retomamos as gravações com os protocolos de segurança. Muitas cenas tiveram que ser adaptadas, outras reescritas, enfim, adequações”, conta em entrevista ao Próximo Capítulo.
Na trama, Birindelli é o General Solano López, que aparece no capítulo de abertura e depois só volta para a reta final da novela, quando será abordada a Guerra do Paraguai. De Alessandro Marson e Thereza Falcão, Nos tempos do Imperador é uma espécie de continuação de Novo mundo e retrata a trajetória de Pedro II (Selton Mello) à frente da Corte brasileira.
O ator, que nasceu em Montevidéu no Uruguai, conta que se preparou para o personagem com leituras e também fazendo montaria. “Tenho lido muito da história e suas versões, tendo em vista, que cada país tem sua própria narrativa. Sigo o que estudei na escola, no Uruguai, e também os pontos de vista brasileiro e paraguaio, obviamente conflitantes”, explica. E completa: “Em relação à preparação, fiz treino de montaria. Já gravei as cenas a cavalo, mas certamente haverá mais ao longo da novela. Mais adiante haverá batalhas. Tive treino de armas. Pratiquei esgrima vários anos, isso não vai ser complicado”.
Durante a pandemia, o artista viu novelas antigas as quais participou estrearem em Portugal. São elas, Império (2014) e Viver a vida (2010). “São dois personagens em momentos diferentes da minha carreira. Quando Aguinaldo (Silva, autor de Império) mandou e-mail perguntando se eu toparia fazer o Josué, quase nem acreditei. Já tinha trabalhado com Papinha (Rogério Gomes, diretor) em A teia, com uma equipe maravilhosa que trabalha junto há muito tempo. Me lembra a Casa de Cinema de Porto Alegre, onde todos se conhecem muito, quase um “familião” filmando. Foi uma experiência incrível. Em Viver a vida fiz uma participação nos últimos capítulos. Um argentino que entraria na trama do Maradona (Mário Paz) e faria par com Nanda Costa. Faz mais de dez anos disso. Somos amigos até hoje. Coincidência, passei umas semanas em Búzios, justamente com Mario Maradona”, afirma.
Para 2021, Birindelli ainda aguarda mais estreias. Estão previstos os lançamentos dos longas Águas selvagens, de Roly Santos; Human persons, de Frank Spano; La teoria de los vidrios rotos, de Diego Fernández; A garota da moto, de Luis Pinheiro; e Loop, de Bruno Bini. Além disso, ele estará em DOM, próxima série nacional da Amazon Prime Vídeo do brasiliense Breno Silveira.
Entrevista // Roberto Birindelli
Você tem outras produções além da novela para estrear em 2021, o que pode falar sobre cada uma delas?
Estão previstos os lançamentos dos longas Águas selvagens, de Roly Santos, uma coprodução Brasil e Argentina; Human Persons, de Frank Spano, uma coprodução Canada, Colômbia e Brasil; uruguaio La teoria de los vidrios rotos, de de Diego Fernández; e as produções nacionais A garota da moto e Loop. Alem da série DOM, de Breno Silveira para a Amazon. Em produção também Duas doses de tequila, longa de Thomás Stavros, direção de Juan Zapata, que será rodado em Los Angeles.
Em Loop, de Bruno Bini (filmado em Cuiabá), faço um detetive que tenta desvendar um crime num tempo cíclico. Em Águas selvagens, filme noir de Roly Santos (coprodução Brasil – Argentina) sobre tráfico de crianças na fronteira, entre outras coisas, sou protagonista. Ainda tem o longa Human persons, coprodução Canada, Colômbia, uma história familiar, humana, em meio ao tráfico de órgãos. Garota da moto, de Luis Pinheiro, é um filme da Mixer Films, uma história policial, com forte influência dos comics. Então faço um vilão de histórias em quadrinhos. Bem divertido.
Quais são seus planos para 2021?
Retomar o projeto do Centro Cultural na Gávea. Retomar a gravação da novela Nos tempos do Imperador. Devo ir de novo pro Panamá filmar. Uma coprodução franco-espanhola. Ainda não posso divulgar dados.
Como acha que será esse ano para o cenário audiovisual?
Temos um governo que resolveu ser deliberadamente contra a cultura e suas manifestações. A maior dificuldade ainda tem dois anos de mandato. A classe artística também busca soluções on-line para apresentações, protocolos cada vez mais confiáveis de gravação. Não está sendo fácil.