A versatilidade do ator Hall Mendes pode ser conferida no Jota de Malhação – Viva a diferença e no Abel de Jesus. Confira entrevista com ele!
Em cerca de quatro meses, entre março e julho de 2018, o ator Hall Mendes deixou o nerd Jota, de Malhação — Viva a diferença (Globo), para trás e abraçou o bíblico Abel, de Jesus (Record). O resultado ele só vê agora, quando as duas novelas são reprisadas por conta da pandemia de covid-19.
“Tive a sorte de fazer dois personagens totalmente diferentes em períodos curtos de uma novela para outra, mas acredito que tanto o Jota quanto o Abel tiveram um desenrolar na trama parecido”, conta o ator, em entrevista ao Próximo Capítulo. Hall compara uma experiência à outra: “Malhação foi meu primeiro grande trabalho na tevê, era tudo muito novo. Acredito que em Jesus eu já estava mais familiarizado com a pressão de um set”.
Como primeiro grande papel na telinha, Jota tem um lugar cativo no coração de Hall. “Pude crescer junto com o personagem em todos os sentidos. Sempre guardarei o Jota de forma especial no meu coração”, confirma.
Ele conta que tinha muito em comum com o personagem, como o gosto por tecnologia. Mas se diverte ao lembrar uma das maiores diferenças: “Eu precisava tirar aquele topete! (risos) O Jota é muito diferente de mim quando o assunto é estilo de roupa. O Hall é mais alternativo e menos ‘correto’. Eu amo um cabelo bagunçado e com volume, diferente do Jota, que tinha aquele topete para o alto, sem nenhum fio fora do lugar.”
Entrevista// Hall Mendes
Você está em duas reprises: Malhação – Viva a diferença e Jesus. Dá para traçar um paralelo entre os dois personagens?
Tive a sorte de fazer dois personagens totalmente diferentes em períodos curtos de uma novela para outra, mas acredito que tanto o Jota quanto o Abel tiveram um desenrolar na trama parecido. A evolução que os dois passaram foi de uma semelhança enorme que só percebi agora durante a reprise. Então eu acho que dar para traçar um paralelo sim.
Que lembranças mais fortes você traz desses trabalhos?
A rotina de gravação sempre é algo que fica muito marcado quando você grava uma novela. Tanto em malhação quanto em Jesus, tive uma rotina bem agitada! Outra coisa que me marca muito durante o processo é a troca com elenco que tenho dentro e fora de cena. É tudo tão intenso que todos os envolvidos acabam virando uma família.
Você percebe muita diferença entre o Hall que fez Malhação e o de Jesus, que veio depois?
Totalmente. Malhação foi meu primeiro grande trabalho na TV, era tudo muito novo. Acredito que em Jesus eu já tava mais familiarizado com a pressão de um set.
Malhação — Viva a diferença ganhou o Emmy International. O que chamava mais a sua atenção na trama?
Viva a diferença mostra o jovem como ele realmente é. Isso é uma das coisas que mais admiro no texto do Cao (Hamburguer, autor da temporada). Nosso programa não só mostrou, como abriu muitas discussões importantes. O que mais me encantava era o fato de ser um programa com o foco no público infantojuvenil. É tão importante começar a falar sobre esses diversos assuntos durante a infância/adolescência e eu acredito que nossa novela cumpriu muito bem esse papel. A forma que o Cao retratou a desigualdade na novela foi algo que chamou muito a minha atenção de forma positiva. Sinto muito orgulho desse trabalho!
O Jota representa um marco, uma divisão na sua carreira?
Com certeza! Pude crescer junto com o personagem em todos os sentidos. Sempre irei guardar o Jota de forma especial no meu coração.
O Jota era um personagem muito popular. O assédio e o reconhecimento voltaram com a reprise?
Como estamos vivendo um isolamento social, não consigo comparar muito, mas nas redes a galera está firme e forte! Sempre recebo mensagens, principalmente às 18h, que é quando a novela acaba. Acho que a galera assiste e fica stalkeando os atores (risos). Eu acho um máximo!
Você é muito ativo no Twitter, sempre interagindo com seus seguidores. Essa afinidade com a tecnologia veio com o Jota ou você já era assim?
Eu sempre gostei! Às vezes eu faço um detox de internet porque geralmente sou bem ativo e nem sempre isso é bom. O Jota é muito ligado em tecnologia, o Hall fica só nas redes sociais mesmo, eu sou péssimo até para editar vídeo (risos).
O Jota e a Helen viveram um romance interracial. Qual foi a importância de tratar disso na novela?
Eu me sinto realizado e privilegiado de ter tratado sobre esse assunto com uma atriz que admiro tanto como a Heslaine Vieira. Na época recebia muitas mensagens e fotos de casais que viviam uma romance interracial e que, de uma certa forma, se inspiravam em “jotellen”. Na verdade, Malhação e a própria Heslaine me fizeram abrir os olhos para muitas coisas. Pude aprender e sair da bolha. Assim como o Jota fez na novela.
Você acaba sendo muito comparado ao protagonista de 13 Reasons Why. Isso te incomodou em algum momento? Ou você se divertia com as comparações?
Eu me divirto até hoje. Nunca me incomodou!
Logo depois do Jota você mudou de visual. Foi para tentar sair do personagem ou uma coincidência?
EU PRECISAVA TIRAR AQUELE TOPETE! (Risos) O Jota é muito diferente de mim quando o assunto é estilo de roupa. O Hall é mais alternativo e menos “correto”. Eu amo um cabelo bagunçado e com volume, diferente do Jota que tinha aquele topete para o alto sem nenhum fio fora do lugar.
Você é pernambucano. Falta representatividade para nordestinos na TV brasileira? Você, por exemplo, teve que falar com sotaque paulista em Malhação…
Muitas pessoas não sabem que sou pernambucano justamente pelo meu sotaque mais sulista. Quando decidir fazer teatro percebi o quanto meu sotaque era forte e isso fez com que eu começasse a fazer fono. Descobri que tenho um ouvido bom e tenho uma facilidade para pegar e neutralizar o sotaque. Hoje em dia sou literalmente uma mistura brasileira quando o assunto é sotaque (risos). Os artistas mais incríveis na minha opinião saem do Nordeste (eu babo pela minha região mesmo) mas na TV ainda sinto falta de ver atores e atrizes nordestinos ocupando lugar de protagonista e sem aqueles estereótipos.