Um dos grandes clássicos das nossas novelas, Roque Santeiro completa 35 anos. Trama misturava sátira politica e triângulos amorosos e agradava a todas as idades
Há exatamente 35 anos, em 24 de junho de 1985, o Brasil assistiu à estreia de uma das novelas mais marcantes da nossa teledramaturgia, Roque Santeiro. O folhetim de Dias Gomes e Aguinaldo Silva com direção geral de Paulo Ubiratan chegava aos lares brasileiros 10 anos depois da primeira versão dela, que se chamaria A saga de Roque Santeiro e a incrível história da viúva que foi sem nunca ter sido, ser proibida pela censura às vésperas de estrear e com mais de 30 capítulos gravados.
A história de Roque Santeiro tem como principal mote o triângulo amoroso entre Roque Santeiro (José Wilker), Porcina (Regina Duarte) e Sinhôzinho Malta (Lima Duarte). O mistério sobre com quem Porcina ficaria durou até a cena final, que teve duas versões gravadas.
Mas Roque Santeiro ia bem mais além do que uma simples história de amor. A sátira política — bem ao estilo de Dias Gomes — estava presente nos políticos e na população de Asa Branca, cidade fictícia onde se passa a ação do folhetim. O prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura), o empresário Zé das Medalhas (Armando Bógus) e o delegado Feijó (Maurício do Valle) são alguns desses personagens duvidosos.
Outros temas apresentados em Roque Santeiro são: a dicotomia dentro da Igreja, com a briga entre os padres Hipólito (Paulo Gracindo), conservador, e Albano (Cláudio Cavalcanti), mais liberal; o embate entre beatas, com Dona Pombinha (Eloísa Mafalda) à frente, e Matilde (Yoná Magalhães), dona da boate Sexus; e o filme que o cineasta Gerson do Valle (Ewerton de Castro) quer fazer sobre a história de Roque, que é dado como morto e, no início da novela, volta a Asa Branca 17 anos depois, para se vingar das pessoas que usam a imagem dele para ganhar dinheiro com a religião.
Em recente entrevista a Pedro Bial, Lima Duarte relembrou a novela e se emocionou ao assistir à mesma cena nas duas versões: a censurada (que tinha Betty Faria como Porcina) e a que pôde ir ao ar. O ator ainda lembrou da importância de a Globo não ter desistido do projeto, mesmo 10 anos depois.
Roque Santeiro fez muito sucesso com o público de todas as idades — mulheres saiam às ruas com laçarotes no cabelo à moda de Porcina, homens se renderam a perucas como as de Sinhôzinho Malta e crianças brincavam com o álbum de figurinhas com a caricatura dos personagens.
O elenco de Roque Santeiro ainda trazia nomes como Cassia Kiss, Maurício Mattar, Fábio Jr., Maurício Gonçalves, Othon Bastos, Tony Tornado e as estreantes Cláudia Raia e Patrícia Pillar.