O Próximo Capítulo preparou uma lista com quatro séries que conseguem explicar as tensões raciais que resultaram nas manifestações nos Estados Unidos
A morte brutal de George Floyd em Minneapolis, nos Estados Unidos, chocou o mundo e fez com que a população norte-americana resolvesse sair às ruas em busca de justiça e de um pedido de “basta” ao racismo ainda comum no país.
Milhares de pessoas têm participado dos atos por diferentes cidades norte-americanas. Nos protestos, a principal bandeira é o movimento Black lives matter, que, em português, que dizer Vidas negras importam, uma referência a impunidade aos inúmeros assassinatos de negros no país.
Apesar do morte de Floyd ter sido o estopim, os atos são resultado de anos de tensão racial exposta, por exemplo, em produções cinematográficas. O Próximo Capítulo, então, preparou uma lista com quatro séries e minisséries que explicam alguns dos pontos da situação racial nos EUA. Confira!
Séries que explicam a tensão racial nos Estados Unidos
Atlanta’s missing and murdered (HBO)
Antes de ter sido o cenário de um vídeo que viralizou no fim de semana em que um casal negro é arrancado e agredido dentro de um carro em meio às manifestações, a cidade de Atlanta ficou marcada por outra barbárie: o desaparecimento e assassinato de pelo menos 30 crianças negras entre 1979 e 1981.
Essa triste história é narrada na minissérie documental Atlanta’s missing and murdered exibida na HBO. O último episódio será transmitido nesta segunda-feira (1º/6) no canal, mas a produção pode ser vista no serviço on-demand, HBO GO.
A trama volta ao passado para contar essa história que até hoje tem desdobramentos em Atlanta. O caso foi retomado 23 anos depois por iniciativa da prefeita. O motivo é que a população não acredita que o homem preso foi realmente o responsável pelo crime.
Nos cinco episódios, a série expõe a triste realidade: a polícia demorou a começar a investigar os casos, que só passaram a ser prioridade quando os números cresceram e houve uma pressão da comunidade. Mesmo assim, percebe-se que a polícia quis dar uma resolução rápida e, em muitas situações, tentou culpar os familiares das vítimas.
Seven seconds (Netflix)
A minissérie da Netflix, Seven seconds, foi criada exatamente inspirada no assassinato de jovens negros por policiais brancos. A base é o filme The major e o caso de Brenton Butler (que aqui se torna no nome do personagem), um homem negro coagido pela polícia a dar uma confissão irreal de que estaria envolvido em assaltos e assassinatos.
Para discutir esse tema, a produção procurou outro contexto, uma tentativa de ampliar o debate, que, muitas vezes é recusado por que não acredita no racismo.
Em Seven seconds, um adolescente em uma bicicleta é atropelado por um policial que se distrai no celular. Desesperado, o homem abandona a vítima no local do crime, que fica horas agonizando em meio à neve em Nova Jersey até ser encontrado e levado a um hospital em estado gravíssimo.
Como acontece constantemente com jovens negros, a vítima logo passa a ser culpada. A polícia tenta a qualquer custo desmoralizar a figura do jovem com acusações inverídicas.
Olhos que condenam (Netflix)
A minissérie da cineasta Ava DuVernay para a Netflix é outro exemplo da relação abusiva entre polícia e a população afro-americana.
A ficção se inspira num fato real, quando cinco adolescentes negros do bairro do Harlem são acusados de estupro a uma mulher no Central Park. O caso aconteceu em 1989 e apenas muitos anos depois foi comprovado que os meninos não tiveram envolvimento no crime.
No entanto, mesmo assim, todos eles foram obrigados a assumir a culpa. Os adolescentes foram agredidos e coagidos durante os testemunhos na polícia a culparem um ao outro. Só foram absolvidos 13 anos depois e após já terem cumprido as penas.
Watchmen (HBO)
Adaptação da história em quadrinhos homônima, a série Watchmen retrata uma trama de heróis sob uma perspectiva de raça. Isso porque a história volta no passado para contextualizar esse universo em que os policiais usam máscaras e precisam de autorização para atirar e que a população negra aparece no topo da cadeia.
Mesmo sendo uma ficção, a série se utiliza de uma história real: o massacre a comunidade negra em 31 de maio de 1921 no distrito de Greenwood, em Tulsa, nos Estados Unidos. Foram 18 horas de violência contra os negros que tiveram as casas e estabelecimentos saqueados e incendiados por brancos. Estima-se a morte de 300 pessoas, além de que 10 mil tenham ficado desabrigados. o fato ficou conhecido como o massacre de Tulsa, da Wall Street Negra, e ocorreu num período que os EUA tinha rígidas leis de segregação racial.