“Quando você é negra e se torna uma pessoa pública, ganha uma missão: a de quebrar barreiras”, revela Lucy Ramos em entrevista ao Próximo Capítulo
Nem mal deixou a telinha, a atriz Lucy Ramos logo emendou um novo trabalho. Assim foi a transição da pernambucana do papel da advogada Vanda, em O tempo não para, para a professora de inglês Silvia, em A dona do pedaço. Como forma de se desvincilhar da personagem anterior, Lucy apostou num mudança radical no visual, adotando cabelos mais claros. “Para me preparar para um novo personagem, procuro me despir do anterior no pensamento e na aparência também”, conta.
Na trama das 21h, Lucy assume mais um papel importante na carreira, em que derruba antigos estereótipos relacionados a presença dos negros nos folhetins. “Eu fico muito feliz com essa representatividade, pois a televisão tem um papel muito importante na formação dos brasileiros, sendo um dos maiores meios de comunicação. E a maioria da população brasileira é negra, e essas pessoas, principalmente as crianças, precisam se ver inseridas de uma forma positiva, sem estereótipos, para que elas se fortaleçam, vejam que elas podem ir além do que tem ao seu redor, e possam se inspirar em coisas que façam crescer e alimentar sonhos que podem se tornar realidade”, analisa.
Para a atriz, Silvia é uma das personagens que agrega ao lado mais leve de A dona do pedaço. “A personagem tem esse espírito de luta e humildade, e ela é leve assim como a novela, que fala de esperança e amor”, completa. Assim que a novela chegar ao fim, Lucy Ramos voltará aos cinemas. A ideia é retomar a gravação do filme O segundo homem, o qual é uma das coprodutoras.
Entrevista / Lucy Ramos
Você estava em O tempo não para até pouco tempo na televisão e logo emendou o trabalho em A dona do pedaço. Como faz para transitar entre personagens em tão pouco tempo?
Para me preparar para um novo personagem, procuro me despir do anterior no pensamento e na aparência também. Abrindo espaço para dar vida a uma nova vida, como uma página em branco. Viajar e viver coisas novas sem pensar em trabalho ajuda bastante, na ideia de zerar.
Como foi a sua preparação para entrar no elenco de A dona do pedaço?
Cada personagem tem seu desafio. E quanto mais pesquisar sobre esse novo ser, melhor para estar preenchida em cena. Por isso tem todo um estudo sobre a profissão da personagem, como ela fala, anda, pensa, seus sentimentos, suas memórias… E também me preparo com a Bia Szvat, preciso ter esse olhar de fora.
Para viver a Silvia você radicalizou no cabelo. Quais têm sido os seus cuidados para cuidar do cabelo? E como foi impacto para você dessa mudança radical?
Depois que eu interpretei a Vanda, em O tempo não para, ficou mais fácil mudar o visual. O loiro é mais delicado, tem um cuidado maior. Muita hidratação. Muitos olhinhos na finalização e também precisei trocar o condicionador para um matizante para reduzir o efeito amarelado sem ressecar. É necessário entender cada vez mais sobre o nosso cabelo, mas cuidado que nem sempre o que dizem que é bom é o que serve pra você. O que vale mais é você conhecer a sua textura capilar.
O que você pode contar sobre a sua personagem? O que podemos esperar da trama de Silvia na novela?
A Silvia hoje esta como professora de inglês, estudou por um tempo nos Estados Unidos, e batalhou para conseguir sobreviver lá. A personagem tem esse espírito de luta e humildade, e ela é leve assim como a novela, que fala de esperança e amor.
Você vem ganhando cada vez mais espaço na tevê. Como você vê isso? Quais são os maiores desafios?
Eu fico muito feliz com essa representatividade, pois a televisão tem um papel muito importante na formação dos brasileiros, sendo um dos maiores meios de comunicação. E a maioria da população brasileira é negra, e essas pessoas, principalmente as crianças, precisam se ver inseridas de uma forma positiva, sem estereótipos, para que elas se fortaleçam, vejam que elas podem ir além do que tem ao seu redor, e possam se inspirar em coisas que façam crescer e alimentar sonhos que podem se tornar realidade. E quando você é negra e se torna uma pessoa pública, ganha uma missão: a de quebrar barreiras e mostrar que é possível chegarmos onde desejamos. Como atriz, quero, além de fazer bem o meu trabalho, despertar nas pessoas que se identificam comigo o desejo de vencer. Nós podemos ser tudo que desejamos.
A dona do pedaço vem mostrando deve ser uma trama bastante leve e positiva. No momento atual em que vivemos, qual é a importância de trazer um contraponto?
Gostoso poder chegar em casa depois de um dia longo de trabalho e diante de tantas coisas negativas, ligar a tevê e por uma horinha relaxar e se envolver com essa história que traz muito amor e leveza. É um respiro.
Pensando nesses tantos trabalhos, quais são as suas personagens favoritas na trajetória?
Difícil escolher um específico, aprendo e evoluo com cada um deles.
Além da novela você tem outros projetos?
No término de A dona do pedaço, vamos retornar com as filmagens do filme O segundo homem, com direção de Thiago Luciano. O longa trata de um tema que poucos conhecem, a Legião Estrangeira. Minha personagem é uma mulher batalhadora como muitas brasileiras. Além de atuar, também sou uma das coprodutoras do filme.