5ª temporada de The handmaid’s tale é a mais dinâmica, envolvente e superficial até agora

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Penúltimo ano de The handmaid’s tale entregou aos fãs uma velocidade e ritmo de ação nunca vistos. Profundidade e reflexão, contudo, foram deixados de lado

O cenário da estreia da quinta temporada de The handmaid’s tale parecia bem conclusivo: June (Elisabeth Moss) saiu de Gilead, está segura no Canadá. Fred (Joseph Fiennes) morreu. Mas, então, o que o público acompanha no quinto ano?

Muita coisa. A produção (disponível em completo no Paramount+ e as quatro primeiras temporadas no Globoplay e no Star+) está mais viva, dinâmica e envolvente do que nunca.

Um novo começo para June

Cuidado: possíveis spoilers a seguir!

Primeiro, porque o Canadá não é o paraíso que todas as sobreviventes de Gilead pensavam. E segundo, (para June, em especial) ficar longe de Hannah (Jordana Blake) — que ainda segue presa em Gilead — não é uma opção. Terceiro: Serena (Yvonne Strahovski) está mais viva e próxima do que nunca.

De muitas formas, a realidade de Gilead persegue June nesta nova quinta temporada. E a abordagem que Bruce Miller (criador e showrunner da série) escolheu para a produção resulta em dinamismo e em uma velocidade acentuada.

Pelo lado negativo, The handmaid’s tale perdeu uma boa dose de profundidade. Os desafios são tratados com maior desdém, a volatilidade da narrativa (que nunca foi nenhum sinônimo de estabilidade) também cresceu. Veja um exemplo:

June e Serena: amigas e rivais

A relação que mais se destacou ao longo dos 10 episódios deste novo ano foi a de June e Serena. Antes vistas como inimigas mortais (ainda no começo da quinta temporada, inclusive), a dupla navegou por conturbadas águas que as levaram para um trauma em comum: o parto de Serena. O “trauma” do momento acabou gerando uma inócua “amizade” — mesmo que negada por June.

A grande razão disso tudo é a necessidade do enredo em querer fazer Serena passar os agouros que June passou. Isso, contudo, é impossível. Levaria muito tempo, muita paciência, muitos episódios.

A solução, então, foi deixar tudo mais rápido e um pouco atropelado.

A viúva agora tem de achar um novo lugar no mundo — que não é em Gilead, que não aceita mulheres solteiras. E entre a posição de poder e diplomacia, ensaiada em outras temporadas, a mulher acaba na mão de uma família que apenas quer o maior bem de Serena: o filho.

Noah, o bebê, no fim das contas, é o que une June e Serena para sempre. Ambas são mães. Estão conectadas por um laço que Gilead sempre quis quebrar, mas nunca conseguiu.

June: o lobo solitário

June e Nick (Max Minghella). June e Luke (O. T. Fagbenle). A quinta temporada de The handmaid’s tale mostrou que além do triângulo amoroso, June é um indivíduo por si, que vai atrás do que deseja — mesmo recebendo ajuda dos dois homens. A grande saga de June foi recuperar Hannah e os coadjuvantes giraram sobre esse objetivo central.

Tuello (Sam Jaeger) foi um dos que ajudou nessa missão. Contudo, falhou miseravelmente. Moira (Samira Wiley) e Rita (Amanda Brugel) quase ficaram fora do enredo, e para ser honesto, não fizeram muita falta.

Um trio de coadjuvantes em outra história

O coadjuvante que mais cresceu nesta temporada tem cargo e sobrenome: Comandante Mackenzie (Bradley Whitford). Após conseguir matar o Comandante Putnam (Stephen Kunken), Mackenzie subiu ao “trono” de Gilead, e age como Deus para tentar desfazer o monstro de “país” que ajudou a criar.

O homem, entretanto, é humano. Erra ao tentar acertar. Especialmente ao tentar forçar June a voltar para Gilead. Ou até mesmo ao fazer “laços” com a Tia Lídia (Ann Dowd).

Se antes, a carrasca das “girls” dividia o protagonismo de The handmaid’s tale com June, agora ocupa um espaço bem menor. O grande objetivo da personagem foi “se arrepender” da forma como subjugou mulheres em Gilead através de Janine (Madeline Brewer).

A handmaid seguiu em pouco destaque, mas deixou a promessa: voltará forte para a sexta e última temporada da série.

Escolhas

No fim da quinta temporada de The handmaid’s tale ficou claro: a produção escolheu um novo caminho após o quarto ano: ser mais ágil e menos contemplativa. A receita não é unânime e por vezes a série se torna superficial (especialmente na amizade forçada entre June e Serena).

Contudo, a produção fez a escolha certa ao “agilizar” certas narrativas. A cena do último episódio, com a tentativa de atropelamento de June foi um exemplo disso e conseguiu “tirar o fôlego” do telespectador. Outra característica que a produção mantém viva é a inteligência.

The handmaid’s tale sempre foi muito inteligente, sempre foi muito perspicaz ao fazer metáforas, ao buscar elementos do “mundo ficcional” e aplicar ao mundo real e isso se mantém na quinta temporada.

Em síntese, The handmaid’s tale segue sendo excelente e entrega uma quinta temporada digna de uma boa maratona.

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

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