2ª temporada de Eu nunca… traz mais do mesmo (mas isso não é ruim)

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Produção aposta no gênero PhD da Netflix: comédia e romance teen; veja os altos e baixos do novo ano de Eu nunca…

Devi (Maitreyi Ramakrishnan) voltou para liderar mais um ano de Eu nunca…! A série adolescente da Netflix tenta repetir o sucesso da temporada de estreia — e talvez por isso tenha apostado em uma receita quase idêntica à que vimos em 2020. Criada por Mindy Kaling e Lang Fisher (e também escrita por Mindy), a produção teve novamente 10 episódios neste segundo ano.

Para quem não conhece muito sobre Eu nunca…, o resumo da trama é simples: as “aventuras” de Devi, uma menina com descendência indiana navegando pelas turbulentas águas de uma escola de ensino médio da Califórnia, nos Estados Unidos. Ao lado das amigas Eleanor (Ramona Young) e Fabiola (Lee Rodriguez), Devi tenta viver a “experiência popular” do colégio, como ter um namorado. Mas o jeito nerd e a forte ligação com a mãe, Nalini (Poorna Jagannathan), e com o falecido pai, Mohan (Sendhil Ramamurthy)  acaba “relativizando” essa busca por popularidade.

Tudo isso volta na segunda temporada, especialmente, o enrolado romance entre Ben (Jaren Lewison) e Paxton (Darren Barnet). Devi não consegue se decidir (completamente) entre os dois, e os episódios iniciais da 2ª temporada se voltam quase completamente para essa “decisão”.

Manutenções e mudanças

Atenção, leves spoilers à frente!

Se, em relação aos garotos, o primeiro ano havia se aprofundado mais na vida de Ben, desta vez Paxton ganhou mais destaque (com direito até a um episódio próprio, narrado por Gigi Hadid — um dos melhores episódios da temporada, diga-se de passagem). Outra novidade foi a presença de Aneesa (Megan Suri), a nova menina com descendência indiana da escola.

Contudo, no fim das contas, esses dois elementos nem fazem tanta diferença no mar de vertentes que são repetidas da primeira temporada neste novo ano. Devi continua péssima em tomar decisões, e causa um verdadeiro caos em todo o processo de amadurecimento que sofre ao longo dos episódios. A relação com as amigas segue entre altos e baixos, o luto pelo pai ainda toma grande parte da trama (ele ainda volta como fantasma), a relação com a mãe segue dura e a narração de John McEnroe retorna para aliviar o clima e trazer uma boa dose de comédia.

Crédito: ISABELLA B. VOSMIKOVA/NETFLIX — Devi continuará a arrumar muitas confusões ao lado das amigas

A boa notícia, contudo, é que a receita volta a funcionar. É divertido acompanhar os (quase infinitos) tropeços de Devi, os conflitos com os amigos, os embates com a mãe, e especialmente, a paixão por Ben e Pexton. Eu nunca… se mantém engraçada, consegue andar de forma dinâmica entre os 10 episódios e sim, é uma boa opção de maratona.

Vale citar também alguns pontos sociais que a série decide abordar (mesmo sem muita complexidade, ou sutileza), como o machismo que Kamala (Richa Moorjani) sofre no trabalho, os conflitos femininos de Devi ao ter uma “rival” em relação a garotos, e até mesmo a importância cultural dos parentes da garota.

Naturalmente, como o próprio gênero indica, algumas concessões têm de ser feitas. O roteiro não tem muita profundidade, as atuações ficam dentro da média e as complexidades dos personagens ficam presas em poucas camadas. É difícil saber se em mais um ano a série seguirá bem sem mudanças mais significativas, porém, por enquanto, deu tudo certo.

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

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