Mais uma fraude em concurso público no Piauí foi desvendada pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), da Polícia Civil local. Dessa vez, o alvo foi a seleção da Polícia Militar piauiense, em que 12 pessoas foram autuadas em flagrante com a cola do gabarito. As provas para ingresso ao cargo de soldado, que foram aplicadas para mais de 32 mil candidatos neste domingo (21/5), foram canceladas, após uma reunião na manhã de hoje entre a Secretaria de Segurança do estado, o Comando da Polícia Militar e o Núcleo de Concursos e Promoção de Eventos (Nucepe).
O presidente do Nucepe, Pedro Antônio Soares Júnior, afirmou que esta é a medida mais correta a ser adotada e que a data das novas provas será anunciada em breve. Já o Comandante da PM, o coronel Carlos Augusto, lamentou que o certame tenha sido contaminado e reafirmou que todas as regras do edital continuam as mesmas, ou seja, não haverá abertura de novas inscrições. Quem desejar não mais participar do concurso poderá requerer devolução da taxa de inscrição.
De acordo com o secretário Fábio Abreu, “os principais presos relacionados ao concurso estavam com gabarito anotado… foram também apreendidas colas com alguns candidatos e informações de trechos da prova de português”. Abreu afirmou ainda que se tratam de quadrilhas especializadas em fraudar concursos, formadas principalmente por pessoas de outros estados. “Fizemos levantamento e alguns indivíduos continuam nesta prática, tomando como base concursos anteriores para fraudar o da PMPI. Lamentamos profundamente, principalmente por quem se dedica a estudar. Nós não temos ingerência nenhuma relacionada diretamente ao concurso. Estamos propondo que tenhamos uma outra organizadora, pois precisamos e queremos isenção total e, desta forma, ao homologar o resultado, que os que passaram foram aqueles que mereceram e estudaram para isso”, declarou.
Segundo o delegado-geral, Riedel Batista, as investigações continuam e pode haver outras prisões, inclusive de outros concursos.
Outros flagrantes
Essa já é a terceira seleção que o Greco encontra provas fraudulentas. Em 9 de maio, a Polícia Civil do Piauí iniciou a Operação Infiltrados, em que o Greco prendeu mais de 20 pessoas integrantes de organização criminosa por suspeita de fraude em concursos públicos locais. Em torno de 16 delas são agentes da própria PCPI, que teriam sido aprovados de forma ilegal do concurso de 2012. Os suspeitos também foram pegos em flagrante e alguns deles foram levados coercitivamente pela polícia para prestar depoimentos.
A operação foi um desdobramento das investigações iniciadas no ano passado, após a polícia descobrir esquema de fraude no concurso do Tribunal de Justiça do Piauí, em que foram presas 21 pessoas. O grupo contratava pessoas para responder as provas por meio de conversas em um grupo de Whatsapp. A Polícia Civil afirmou, na época, que dentre os indiciados estão candidatos detidos no mesmo dia do concurso e durante o processo de investigação. Os presos são os principais organizadores do esquema de fraude e entre eles, está um policial civil que passava informações sobre a investigação da polícia para pessoas investigadas.
Na ocasião, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Raimundo Eufrásio, afirmou que foram eliminados 50 candidatos beneficiados direta ou indiretamente pelo esquema. Saiba mais: Mais de 20 pessoas são presas por fraudar concursos em Piauí