Desistentes nas provas dos Correios chegam a 217,8 mil

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Cristiane Bonfanti – Do Correio Braziliense    As provas dos Correios receberam ontem 902,5 mil candidatos em 310 cidades de todo o Brasil. De manhã, quando foram aplicadas as avaliações para os cargos de atendente comercial e operador de triagem e transbordo, o índice de abstenção chegou a 20,4% — 168.029 concorrentes, de um total de 823.674 inscritos, não compareceram. À tarde, 49.848 de um total de 296.719 inscritos para o cargo de carteiro faltaram, o que correspondeu a uma taxa de 16,8%.

No Distrito Federal, os índices abstenção foram de 18,9% no período da manhã e de 15% à tarde. Em todo o país, os candidatos disputam 9.190 vagas e cadastro de reserva para cargos de níveis médio e superior, com salários entre R$ 807,29 e R$ 3.211,58. O número de inscrições chegou a 1,1 milhão, o maior já recebido pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) em um certame. A previsão é de que o resultado final seja publicado em 5 de julho na página www.cespe.unb.br.

Candidato ao posto de atendente comercial, o universitário Daniel Fagundes, 25 anos, chegou cedo ao local da prova. Morador de Sobradinho (DF), ele acordou às 6h45 para estar uma hora depois em uma escola da Asa Norte. “Procurei vir antes até porque dependo de ônibus. Mas estou tranquilo para responder as questões. Quero um emprego que me garanta estabilidade até eu terminar a graduação”, disse.

A universitária Jéssica Alves dos Santos, 19, veio de Padre Bernardo (GO) para a Asa Norte fazer as provas. Apesar do cuidado em chegar uma hora antes do fechamento dos portões, ela acabou esquecendo a Identidade no carro do namorado, que teve de voltar 10 minutos depois, ainda dentro do prazo de entrada para as avaliações, para entregar a ela o documento. “É o nervosismo com a prova. Ontem, aproveitei meu tempo para descansar e, mesmo assim, estou ansiosa”, relatou.

A estudante Juliana Araújo, 19, não teve a mesma sorte que Jéssica. Ela veio quinta-feira de Fortaleza (CE) para realizar o concurso em Brasília, onde tem namorado e familiares. Mas, no sábado, perdeu a Carteira de Identidade. “Só percebi ontem de manhã que estava sem documento. Os fiscais me orientaram a registrar o boletim de ocorrência na delegacia e a voltar, mas não deu tempo de fazer as provas”, lamentou. Juliana chegou cinco minutos depois do fechamento dos portões e, mesmo com muita insistência, não conseguiu entrar.

Embora os Correios sejam alvo frequente de críticas por causa dos problemas com recursos humanos, o concurso foi marcado por adiamentos. Em dezembro de 2009, a estatal abriu processo seletivo, com 6.565 vagas. À época, 1.064.209 pessoas se inscreveram. A seleção ficou emperrada, primeiro, porque a empresa esperou saber o número de inscritos para, só então, contratar a banca organizadora, a Fundação Cesgranrio, sete meses depois da publicação do edital. A escolha, sem licitação, causou outro impasse. O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) questionou a contratação e, por causa da batalha judicial, o exame foi suspenso. Agora, a seleção foi organizada pelo Cespe/UnB.

Todo esse processo trouxe transtornos para candidatos como Cristiane Ribeiro, 28 anos. No primeiro concurso, ela optou pelo cargo de administrador. Depois de um ano de preparação, ela precisou voltar a uma agência dos Correios para resgatar o valor das inscrições. “Desta vez, me cadastrei para a função de atendente comercial, pois era a disponível no primeiro edital divulgado. Só depois os Correios publicaram o concurso com as vagas de nível superior. Com tanta espera, acabei perdendo conteúdos estudados.”