Isabella Corrêa – Do CorreioWeb
Márcio reconhece que a ajuda dos amigos é essencial para a aprovação: “Isso sempre me ajudou e me incentivou a estudar ainda mais”
Quem nunca deixou de ir ao barzinho, cinema ou teatro com os amigos para não perder o pique nos estudos do concurso almejado? Muitos concurseiros sabem que, várias vezes, essa é uma atitude comum. No entanto, investir na vida social e cultivar a amizade também é uma grande fonte de estímulo para continuar estudando. Segundo a psicóloga especialista em terapia analítico comportamental, Paula Pessoa Carvalho, para qualquer movimento ou comportamento humano, é preciso uma motivação, incentivo, ânimo ou coragem. “Estas palavras são sinônimos de ‘estimular’ e se potencializam em ação quando vinda de amigos, família ou pessoas que são importantes em nosso meio social”, defende. Márcio Luís Ferreira foi propagandista da indústria farmacêutica durante 12 anos. Queria mudar de vida, já que atuava em um mercado muito instável. Mas não sabia como. Um de seus amigos próximos, que sempre comentava sobre uma escola para concursos, acabou o convencendo a seguir o caminho da carreira pública. A primeira opção era o concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que, na época, o aproximava mais de sua condição financeira. Já nas salas de aula, conheceu outro amigo. Rodrigo Nunes foi um grande pontapé para a aprovação. Os dois estudavam e discutiam matérias, além de sempre ficarem entre os três primeiros colocados nos mais de 30 simulados realizados pelo cursinho preparatório. “Ele me estimulava muito, a gente competia um com o outro e debatíamos pontos divergentes”, lembra. “Isso sempre me ajudou e me incentivou muito a estudar ainda mais”. A psicóloga reforça que a amizade pode impulsionar quem deseja estudar sério e não significa que o estudante precise se trancar em casa. “Com o esforço pessoal para o alcance de metas conciliadas a estímulos externos de pessoas queridas, o resultado poderá ser atingido ou melhorado com maior probabilidade, seja para estudar ou para trabalhar”, observa. O concurseiro não ficou parado nas carteiras dos cursinhos. Até nas pistas os dois competiam entre si. “A gente começou a fazer exercício físico para treinar para os testes físicos”, recorda. “Nos encontrávamos duas ou três vezes por semana para correr”. Foi com a ajuda de amigos que Márcio conseguiu atingir metas. “Graças ao empurrão dado por um amigo e ao estímulo de outro, fui aprovado em bons concursos”, revela. “Ter essa ajuda incentiva muito, vai te puxando pra estudar mais, pra se esforçar mais”, garante. Ao todo, foram quase dois anos em frente aos livros. Márcio passou por cinco turmas de cursinhos e conseguiu aprovação em quatro certames. Atualmente, trabalha no Ministério Público da União, em que alcançou a 5ª colocação. Ele interrompeu os treinos para a PRF porque foi nomeado no MPU. Mas, até hoje, nunca deixou de manter contato com Rodrigo, que atualmente trabalha no Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro. Outros cuidados Paula Pessoa destaca a atenção que se deve ter com a agenda diária para não deixar a vida social de lado. “A dica é saber administrar o tempo”, diz. “Nos dias atuais, tudo fica muito atribulado pelo trabalho e outras atividades”, justifica. Segundo ela, além da importância nas horas de estudo e nas noites bem dormidas – que aumentarão as chances de assimilar os conteúdos estudados –, a família e os amigos ajudam com incentivo, mas também com respeito aos momentos de estudo do concurseiro. Ela ainda aponta para o estímulo que aflora internamente. “O estímulo externo da família e amigos potencializa nosso comportamento de atingirmos metas. Porém, também temos estímulos internos, algo que não podemos ver, mas que nos motivam a continuar”, observa a psicóloga. “Para não perdermos esse estímulo também é importante obtermos sucesso em algumas de nossas metas”, acrescenta. Essas funcionam como metas específicas que levam ao sonho de ser nomeado no serviço público. Dentre as pequenas vitórias diárias estão a correta administração do tempo, aumento da compreensão de temas antes complicados, perceber maior autonomia para o aprendizado, entre outras.