Transição da Vida Orgãnica para a Inorgânica?
Desde a idade da Pedra quando nossos ancestrais espalharam-se do leste africano para o mundo, o homo sapiens deu início a Era hoje chamada de Antropoceno, ou seja, a Era de forte intervenção humana na natureza com impactos ambientais e climáticos sem precedentes. Em apenas 70 mil anos, uma existência orgânica de 3,5 Bilhões de anos sofreu alterações inclusive climáticas, jamais causadas por qualquer outra espécie.
Quando os especialistas apontam possíveis fatores para a derrocada humana, referem-se predominantemente aos problemas que nós mesmos causamos: riscos nucleares, queda de meteoros, desastres ambientais e outros de natureza relacionadas a bioterrorismos etc. De fato, parece que não há mais tempo para se reverter o quadro ambiental por exemplo. A chamada Regeneração Planetária se iniciada hoje já não teria tempo em recuperar nossos excessos.
Um artigo recentemente publicado na Revista Nature, chama a atenção para o estudo desenvolvido sobre o efeito humano no aumento da biomassa do planeta. O Pesquisador Ron Milo do Instituto Weimann em Rehovot de Israel e sua equipe, analisaram a massa humana desde 1900 até os dias atuais. Eles concluíram que houve um salto na Biomassa derivada de objetos, edificações, tijolos, asfaltos etc da ordem de 3% no início do século, para 1,1 Teratones, ou seja, nossa intervenção humana já superou o peso da biomassa natural do planeta Terra. Destacam-se aí por exemplo, a produção desenfreada de plásticos que além dos danos ecológicos já conhecidos, acumulam uma massa maior que o peso de todos os animais terrestres e marinhos somados.
Preocupados em mitigar os riscos que dependem da própria humanidade, especialistas apontam para a necessidade de uma transição social que se confunde, se funde e também deriva dos impactos da transição digital onde a existência biológica deverá ser alterada e adaptada a uma Vida Artificial que em um primeiro momento vai coexistir com o nosso padrão atual, introduzindo os mais avançados recursos neurais e de implantes tecnológicos, qual seja, uma existência hibrida entre orgânico e inorgânico, que chamo de “Homo Digitalis”. Isso poderá garantir imunizações? Controle preditivo de doenças? Capacidade extraordinária de renovação celular, aperfeiçoamento dos sistemas respiratório, urinário, entre outros? Possibilidade de habitar outras esferas planetárias, colonizando o espaço e distribuindo melhor a população prevista em 9.7 bilhões de habitantes já em 2050? Os entusiastas do transhumanismo obviamente afirmam que sim e que esta é a única saída a ser considerada num horizonte de um ou dois séculos.
Parece que os pensadores do futuro se igualam aos radicais apocalípticos e desconsideram em absoluto qualquer possibilidade de repactuação humana, mas existem muitas possibilidades e os fóruns globais como o Fórum Social Mundial recentemente realizado debateu diversas alternativas. Ocorre que todas elas lidam com um fator paradigmático que inclui maior e melhor distribuição de renda, prioridades sociais, fortalecimentos dos organismos internacionais com maior equidade dos países na definição dos rumos e decisões destas instituições etc que transcendem a Exclusividade pretendida por Davos em definir a Narrativa e os Instrumentos financeiros e regulatórios globais para a reprodução do modelo capitalista atual com uma maquiagem mais simpática. Basta dizer que a edição 2021 do Fórum Econômico Mundial de Davos aponta para a redefinição global, à partir do que batizaram de um “Great Reset”, ou seja uma Grande Reinicialização totalmente baseada no biohackeamento humano.
Yuval Noah Harari
Em seu Best Seller: “21 Lições para o Século 21”, o autor e historiador Yuval Noah Harari, comenta: “A tecnologia não é uma coisa ruim. Se você souber o que deseja na Vida, ela pode ajudá-lo a conseguir. Mas se você não sabe, será muito fácil para a tecnologia moldar por você seus objetivos e assumir o controle de sua Vida”. A humanidade híbrida e futuramente totalmente inorgânica interessa à quem? Parece mesmo inimaginável que veríamos os postulados das séries: Matrix, Black Mirrow etc se delineando. A nossa robotização é a única forma de assegurar a conquista dos Direitos Humanos de independência, autonomia e livre-arbítrio? Estes Direitos sequer foram garantidos por imposição social excludente, separatista e sórdida. A promessa (narrativa) é que se toparmos intervenções genéticas, neurais e implantes, seremos todos mais felizes e correspondidos em nossas expectativas?
Regeneração Planetária
Para saber que não estamos seguros com um futuro híbrido em que nossos cérebro terá o poder dividido com as diretrizes de uma inteligência artificial, basta observar a realidade atual. As dissimulações digitais confundem opiniões, geram prejuízos financeiros e camuflam interesses nada inocentes. A “indústria de códigos invasores” e os recursos de “Deep Fakes”, tornaram-se um playground de maldades espalhando calúnias, vírus que sequestram informações de governos, pessoas e organizações, atacam reputações pessoais com a alteração de dados, fotos, vídeos, geram conflitos e instabilidade emocional nas pessoas diretamente alvejadas. Precisamos regulamentar a vida digital desde já, sem a ingenuidade de que no cenário do ciberespaço tudo é livre e permitido. Nossa liberdades elementares estão comprometidas, especialmente pelas induções e manipulações de algoritimos que nos monitoram, gerando “desejos” e “atitudes” que pensamos ser nossos e nos dão a falsa segurança de um ativismos ou protagonismo digital.
Nossa sobrevivência e hegemonia deu-se pela extraordinária capacidade de adaptação e isso exigiu muita diplomacia e negociação entre humanos e com as demais espécies nestes milhares de anos percorridos. Chegamos num momento em que os filósofos e pensadores modernos definem por “momento dobradiça da história”: “Ou nos realinhamos para regenerar e co-existir em paz, sem dispensar as oportunidades tecnológicas mas com equilíbrio social, ambiental e uma nova matriz que considere mais do que o crescimento do PIB ou sucumbiremos a nós mesmos. Fica o Alerta!
Namastech!!