Série: O Futuro Fértil da Alimentação, Parte Final “Fazendas Verticais e Novos Paradigmas de Produção”

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“O Futuro Fértil da Alimentação”

Conforme apresentado nos Artigos anteriores: “Clean Meat” e “Plant-Based”, trago neste epílogo novas evidências acerca da revolução em curso no segmento da alimentação, fomentado pela união entre os bilionários, líderes do setor de tecnologia e os maiores Grupos controladores das Cadeias Produtivas de alimentos em âmbito Global.

 

Comida 4.0 – 

Fazendas Verticais e de Precisão, AgTechs e Outras Inovações

O avanço exponencial, da inteligência artificial, das manufaturas aditivas (impressão 3D em escala industrial), da robótica, da computação quântica e da genética estão a alterar absolutamente todos os paradigmas humanos no que se refere a totalidade da sua forma de viver e, particularmente na forma de produzir, consumir, armazenar e distribuir comida. Conforme já apresentado, soma-se a este fato, a pressão mundial pela conservação dos recursos naturais, uma vez que o atual modelo é devastador e insustentável para o futuro da humanidade. Seremos 9,7 bilhões de pessoas em 2050 (segundo as Nações Unidas) e no ritmo de desmatamento, agressão aos biomas, ao lençol freático, às nascentes e fontes de água, à atmosfera, entre outros excessos a saída mais provável será mesmo habitar Marte ou outras esferas planetárias que estamos tentando colonizar (até que estraguemos tudo por lá também).

Em nome de uma urgente conscientização pela regeneração planetária, torna-se praticamente impossível não apoiarmos as iniciativas disruptivas mencionadas, desde que elas nos apontem caminhos efetivos de racionamento no uso dos recursos naturais, escala de produção suficiente para alimentar a demanda global com custos mais acessíveis e qualidade que proporcione mais saúde ao atual, bom e velho modelo biológico, que ainda somos. A grande novidade para acelerar as mudanças, coincide com a chegada da Comunicação 5G. Estamos falando da possibilidade de aceleração em 100 vezes o acesso a dados com a utilização desta tecnologia (baixa latência). Para se ter uma ideia, existem cerca de 3 equipamentos conectados, por habitante da Terra, mais precisamente 20,4 bilhões de sensores instalados quer nas zonas urbanas ou rurais, em postes de ruas, nos eletrodomésticos das casas, nas usinas de geração de energia, nos tratores, colheitaderas, outros equipamentos agrícolas etc. Segundo a “Singularity University” (Universidade da Singularidade, na Califórnia), a chegada do 5G, viabilizará uma ampla possibilidade de avanços, desde  cirurgias à distância, popularização de carros e transportes públicos autônomos (com risco de acidentes próximo a zero), aumento na utilização de robôs domésticos etc. A integração em rede destes sensores, chamados IOTs , sigla em inglês para “Internet of Thinks” ou Internet das Coisas, em nível planetário, proporcionada pelo 5G, resultará numa capacidade de processamento 1 bilhão de vezes mais rápido que os 1026 cálculos por segundo de um cérebro biológico. Quando isso acontecer nos próximos 30 anos, teremos alcançado o que Engenheiro e Futurista, Raymond Kurzweil,  define por “Singularidade”. Os limites desta conexão atrelada aos avanços da nanotecnologia, da computação quântica e da biologia, são inimagináveis.

A Singularidade prevista pelo Futurista Raymond Kurzweil

Fazendas Verticais – Agricultura de Precisão

Para nosso enfoque na produção de alimentos, uma tendência surge como alternativa as mazelas do modelo secular predominante, trata-se do Cultivo Vertical em ambientes controlados e com uso máximo de inteligência científica e tecnológica em diferentes campos do conhecimento. Refiro-me a capacidade de cultivo de hortaliças, vegetais e leguminosas em condições de absoluto controle de umidade, temperatura e luminosidade no modelo “in door”, ou seja, ambientes fechados, com uso intensivo de sensores, protocolos de comunicação e inteligência artificial. Ainda sem considerar a utilização do 5G, as vantagens indicadas pelos “players” que já concorrem pela liderança deste novo paradigma produtivo, são imbatíveis pelo sistema atual. Vejamos: Controle de contaminantes e pragas, sem uso de pesticida, zerando a aplicação de agrotóxicos; consumo de 5% de água na comparação com o sistema tradicional de cultivo; aumento considerável da capacidade de produção (escala) entre 150% a 350% maior que o volume produzido por metro quadrado, na produção tradicional do campo. Acrescenta-se ainda a vantagem de rastreabilidade dos produtos. Ou seja, mais alimentos, mais saúde (são absolutamente preservados todos os nutrientes e sem contaminação). Por se tratar de um novo Paradigma no foco da produção de alimentos, podemos e devemos prestar atenção no tema da “Segurança Alimentar” e perceber que este tipo de Cultivo pode acontecer em áreas urbanas, próximas do mercado de consumo, reduzindo custos imensos de logística. Zonas abandonadas podem ser revitalizadas à partir do aproveitamento destes espaços para a instalação de Fazendas Verticais, seja num estacionamento subterrâneo ou em áreas de superfície. Poderia se utilizar containers-fábricas no espaço físico das escolas, onde a merenda em boa parte contaria com o fornecimento direto destas estruturas; regiões de periferia, favelas teriam suas unidades de produção na comunidade, com redução no preço dos alimentos. Os restaurantes podem ter suas próprias unidades visíveis para os clientes, ampliando o foco de atuação para produção e distribuição de verduras e legumes que atenda sua demanda e de outros estabelecimentos.

Desafios para a viabilidade do modelo: Adaptação da mão de obra tradicional; Custo elevado dos profissionais envolvidos neste tipo de produção; Preço da Energia Elétrica e o investimento total exigido. Contudo, muitos países pioneiros na produção de alimentos em estufas, como por exemplo os parques industrias da América do Norte, os centros urbanos na Ásia e Desertos no Oriente Médio já se preparam para a utilização das mais avançadas fontes de energia limpa e multiplicação das fazendas visando a redução nos custos de instalação e da mão de obra.

AgTechs, FoodTechs e os Novos Materiais

O Poder das Startups especializadas no foco agropecuário “dentro e fora da porteira” é tal, que apenas no Brasil, o “Radar Agtech Brasil 2019: Mapeamento das Startups do Setor Agro Brasileiro”, aponta, valida e classifica 1.125 empresas, sendo a maior concentração delas – 70%, localizada na Região Sudeste. Soluções relacionadas ao combate a pragas, segurança com uso de Drones, biotecnologia avançada, logística etc são exemplos de aplicações desenvolvidas.

Soluções com capacidade de escalabilidade global não param de surgir. É o caso dos lançamentos da surpreendente Chilena “Not Co”, que chamou a atenção dos setores tradicionais ao produzir alimentos com o auxílio da Inteligência Artificial (análise de texturas, sabores, pontos de congelamento, processamento, ph, estrutura molecular etc numa gigantesca base de dados de alimentos). Giuseppe, nome dado ao Algoritimo utilizado pela empresa, auxilia na análise de sabores e texturas de milhares de alimentos de origem vegetal para a substituição dos ingredientes que pretendem retirar da composição dos seus alimentos, sobretudo os de origem animal. Giuseppe concluiu cientificamente que o grão de bico seria perfeito na substituição do ovo, ensaiou diferentes formas e assim, nasceu a “Not Mayo”, Maionese sem ovos que explodiu no mercado em virtude do sabor idêntico a maionese convencional. Outras proezas de Giuseppe que tiveram muito sucesso foi o Chocolate, derivado da mistura do Champignon com Nozes e o Famoso Queijo Azul, resultado de uma fórmula à base de grãos de Cacau. Recentemente a “Not Co”, anunciou o “Not Milk”, um Leite de Vaca sem Vaca, cujo sabor e textura guarda uma semelhança imensa com o derivado animal. Na sequência, outras novidades, como o “Not Cheese” e o “Not Yogurt” também foram lançados. Ninguém menos que o homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, dono da Amazon resolveu apostar em Giuseppe e liderou uma rodada de investimentos que aportou U$30 milhões no negócio. Para além do capital atraído, ter Jeff Bezos como sócio, significa o salto global da operação, basta dizer que ele é o dono da maior cadeia de varejo de alimentos sustentáveis do mundo, a rede norte-americana “Whole Foods”, pela qual preencheu o cheque de US$16 bilhões. É uma questão de tempo poder encontrar os produtos da “Not Co” nos freezers e gôndolas da “Whole Foods”, naturalmente.

Novos Materiais

Mudanças, mudanças e mais mudanças velozes no universo da alimentação global, anunciam a chegada de novos tempos na relação direta e cultural da humanidade com os alimentos que consome. Usar materiais bidimensionais como o Grafeno, na filtragem, pode ampliar consideravelmente a disponibilidade de água potável no mundo. Em Cingapura, a dessalinização com o emprego deste Novo Material já é um sucesso. Pesquisas e testes já apontam que a aplicação dele em polímeros, permite ter embalagens anti-bactericidas prolongando o tempo de validade de alguns alimentos em até 30% do prazo de deterioração natural.

Outras formas de produção apoiadas pelo uso intensivo de tecnologia como o filme de polímero japonês, em auxílio as hortas urbanas convencionais e ao ganho de “shelf life” na conservação dos alimentos, a produção robotizada de alface em centros urbanos também no Japão, tomate modificado geneticamente, invulnerável a pragas e sem utilização de agrotóxicos, desenvolvido por pesquisadores brasileiros, o trigo sem glútem, o abacate sem caroço e milhares de outros exemplos, apontam para o fato de que o Futuro da Alimentação é Fértil, daí o nome desta Série. Contudo, é urgente que façamos uma reflexão acerca da urgência de uma visão mais holística, empática, solidária e responsável socialmente.

Conscientização

O Salto Quântico Tecnológico na produção e disponibilidade de alimentos não se justificará enquanto houver “FOME” no mundo. O último Relatório das Nações Unidas sobre Nutrição e Segurança Alimentar”, lançado em 13 de Julho de 2020, aponta que aproximadamente 690 milhões de pessoas passaram fome no mundo em 2019 e que este número poderá ser maior em 2020 em virtude da Pandemia, acrescentando nesta trágica estatística, cerca de 130 milhões de pessoas. Está em cheque a pretensão das Agências da ONU em erradicar a fome global até 2030. É urgente que aprendamos a “Temperar a Tecnologia com Calor Humano”, pois neste caso, além de potencializar a disponibilidade de comida, faremos com que ela chegue à todas as pessoas indistintamente.

Seja através dos investimentos bilionários dos Empresários Globais de  Tecnologia ou dos Gigantes da Alimentação Processada, passando por revolucionários que ressuscitam a terra e cultivam orgânicos em larga escala como o criador da Agricultura Sintrópica, Ernest Götsh ou soluções simples e eficientes como a Multimistura que já salvou milhares de vidas da desnutrição, graças a dedicação de sua criadora, a Médica Nutróloga, Dra. Clara Takaki Brandão, a inventividade humana não tem limites e sempre terá soluções para os desafios atuais e futuros, a questão como diz o Poeta Guilherme Arantes, em sua música “Sal da Terra” é saber repartir melhor o Pão!

Anda, quero te dizer nenhum segredo

Falo deste chão, da nossa casa, vem que tá na hora de arrumar…

Vamos precisar de todo mundo,

Um mais um é sempre mais que dois

 Pra melhor juntar as nossas forças

É só repartir melhor o pão

Recriar o paraíso agora

Para merecer quem vem depois…

Deixa nascer, o amor

Deixa fluir, o amor Deixa crescer, o amor Deixa viver, o amor

O Sal da Terra

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One thought on “Série: O Futuro Fértil da Alimentação, Parte Final “Fazendas Verticais e Novos Paradigmas de Produção”

  1. Tudo começou com um sonho e há um tempo vem se materialisando!
    Nós e principalmente o planeta Gaia seremos eternamente gratos pelo trabalho e pela iniciativa!🤗🤗🙌🙌

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