Por Humberto Rezende
As pessoas que usam lentes de contato sabem que, de vez em quando, elas se deslocam e ameaçam subir pelo globo ocular e se esconder atrás das pálpebras. Geralmente, o mau posicionamento do objeto causa desconforto e o usuário recoloca a lente no lugar em alguns segundos, mas uma paciente atendida em um hospital público de Dundee, na Escócia, conseguiu conviver com a situação por um tempo espantoso: 28 anos.
O caso foi publicado pelos doutores Sirjhun Patel, Lai-Ling Tan e Helen Murgatroyd no site especializado BMJ Medical Reports, onde cientistas e médicos divulgam casos médicos que podem servir de orientação para os colegas.
Eles contam que a mulher, de 42 anos, procurou ajuda reclamando de inchaço nos olhos e ptose, condição em que a pálbebra fica com o aspecto caído. A equipe decidiu, então, realizar uma ressonância magnética na cabeça da paciente, e o exame revelou o que parecia ser um cisto de aproximadamente 6mm de diâmetro no fórnice conjuntival superior (topo do globo ocular).
Uma cirurgia foi marcada para remover o suposto cisto, mas, durante a operação, o que a equipe encontrou foi uma lente de contato de vidro, já bastante danificada, envolta em tecido orgânico. “Foi revelado depois que a paciente havia sofrido um acidente enquanto usava lentes de contato rígidas gás permeáveis 28 anos antes”, escrevem os médicos no artigo.
O acidente ocorreu durante uma partida de badminton, jogo popular no Reino Unido em que os jogadores usam raquetes para golpear uma peteca. A paciente contou que, durante o jogo, levou foi acertada no olho pela peteca. “A paciente acreditou que a lente havia caído e se perdido, mas podemos inferir que a lente migrou para o interior da pálpebra de maneira assintomática por todo esse tempo”, completam. A paciente passa bem, agora livre da lente, que “habitou” seu globo ocular por quase 30 anos.