Por FERNANDO JORDÃO
Um vídeo com uma estátua de Jesus supostamente abrindo os olhos em uma igreja no estado de Coahuila de Zaragoza, no México, tem intrigado os internautas. Diante da enorme repercussão das imagens, o Correio pediu para Inri Cristo – que diz ser a própria reencarnação do Filho de Deus – comentar a gravação.
“Isso é um truque, ‘una broma, un chiste’, como se diz em espanhol. Faz lembrar uma imagem de igreja que chorava e depois foi constatado tratar-se de fraude; a água que vertia dos olhos da estátua vinha do quintal paroquial”, afirmou Inri.
O vídeo com a imagem de Jesus abrindo os olhos foi publicado originalmente pelo site mexicano Adimensional, especializado em analisar casos paranormais. De acordo com o portal, as imagens foram registradas em junho deste ano. A publicação disse ainda que, durante semanas, ouviu especialistas em fenômenos paranormais, sacerdotes, escultores, editores de vídeos e desenhistas de efeitos especiais. Todos eles garantiram a veracidade das imagens e afirmaram não ter encontrado qualquer indício de edição.
Até o momento, o vídeo original conta com mais de 2,5 milhões de visualizações no You Tube. Para alguns fiéis, trata-se de um milagre. Os mais descrentes, no entanto, apostam em fraude ou em ação de marketing para divulgar algum filme ou jogo que possa ser lançado em breve. De qualquer maneira, é bom ficar ligado, afinal, Jesus pode estar de olho.
Leia o comentário de Inri na íntegra:
“Isso é um truque, ‘una broma, un chiste’, como se diz em espanhol. Faz lembrar uma imagem de igreja que chorava e depois foi constatado tratar-se de fraude; a água que vertia dos olhos da estátua vinha do quintal paroquial (vide “O Veredito da Ciência” a seguir). Essa brincadeira me fez lembrar do Padre Camacho, que conheci no México em 1980. Esse padreco recebeu um castigo; foi transferido da paróquia e relegado ao status de confessor de turistas na basílica de Guadalupe por haver articulado façanha semelhante. Desgostoso da rotineira vida de vigário, um dia ele decidiu inovar. Removeu a estátua de Cristo da cruz (era uma imagem grande, do meu tamanho) e guardou-a na sacristia. Na missa seguinte, o povo surpreendido perguntou o que havia acontecido, onde estava o “nosso Senhor Jesus Cristo”. Camacho disse que ele estava cansado de ficar na cruz e resolveu sair para um passeio. Chamado à diocese para esclarecimentos, Camacho levou um puxão de orelha e, obediente ao bispo, teve que recolocar a imagem no lugar. Tal proeza rendeu várias matérias jornalísticas, que ele teve ocasião de me exibir em seu arquivo pessoal. E ele revelou que se tornar confessor, apesar de ter que enfrentar o bafo dos penitentes, não foi de todo um castigo. Os turistas jogavam muitas moedas nos pés da estátua; corria dinheiro em grande quantidade. Desse montante, cada confessor confiscava pelo menos mil dólares ao mês. O chefe deles mantinha apartamento em Paris para a amada. Eis uma cena exótica dos bastidores da fé na Madona do Apocalipse c.17. Mas esse padre Camacho teve uma atitude sensata. Após confessar-me essas coisas, ele ajoelhou-se e pediu a bênção de meu PAI, SENHOR e DEUS a fim de que lhe fossem perdoados os pecados. Na sequência, convidou-me a visitar sua antiga paróquia, onde me anunciou perante todos. Foi a única vez em minha peregrinação sobre a Terra que encontrei unanimidade entre os católicos ao se ajoelharem no momento da bênção. Sei que a maioria não se ajoelhou por crer em mim, e sim porque o líder deles me apresentou dizendo que sou Cristo.”