As grandes contrariedades pelas quais passa uma série maníaca que depende, para ser feliz, da NET e seu funcionamento
Sou assumidamente uma apaixonada por séries, soap opera, documentários e assisto a todos – basta serem anunciados que lá vou eu atrás da felicidade que sinto ao me sentar diante da TV e passar horas sofrendo, amando e odiando personagens e roteiros. É o meu recreio diário e dele não abro mão.
Para dar uma ideia do tamanho de tal paixão, sou capaz de assistir de uma sentada só a todas as temporadas “novas”. E faço questão de assisti-las pela televisão de tela bem grande, instalada na sala que é exclusivamente dela, sentada em poltrona pensada para não deixar desconfortável nenhum série maníaco. Ou futebol maníaco etc. etc.
Aproveitando o tempo livre que descolei na terça-feira passada, resolvi por em dia algumas séries que havia começado a ver, gostado pouco e dado a elas “um tempo”. Elegi conferir a segunda temporada da morna The crown (Leia crítica da série publicada no blog Próximo Capítulo), da Netflix, para dar vazão à minha vontade de bisbilhotar a vida da monarquia britânica. Confesso que logo nos primeiros capítulos me segurou na poltrona o compromisso de assistir a tudo até o fim, mesmo que seja uma chatice. Ou ainda a tola esperança que pudesse o roteiro em algum momento melhorar e cenas interessantes surgissem diante de mim. Mas, bisbilhotice supera a chatice. Então, vamos lá.
Quando minha missão estava por se cumprir, faltavam apenas dois ou três episódios para encerrar a segunda temporada da saga de Elisabeth e Phillip, a imagem da tela congelou e por nada deste mundo se movia.
Troquei as pilhas dos controles remotos, pedi ajuda ao meu anjo de guarda e nada… Recorri a quem de direito: a NET, de quem contrato o serviço de internet. Telefone na mão (e no ouvido, é claro), ligo para a NET não apenas uma vez, cinco vezes. Fui atendida nas primeiras quatro vezes por moças com respostas no melhor estilo “by the book”, textos decorados que, de repente desapareciam e me deixavam de presente um silêncio enervante que durava de três a cinco minutos ー uma loucura.
Irritada, desligava e chamava novamente porque achava que havia caído a ligação, tão pesado era o silêncio. Temporariamente, desisti. Fui tomar café para pensar no que fazer quando no começo da noite recebo um telefonema de um senhor educado, da NET.
A conversa padronizada se manteve, porém não fui colocada em espera – a conversa fluiu com polidez. Ele me perguntava coisas e eu respondia em tom muito sério. Até a hora que ele me perguntou: “qual o melhor horário para a senhora receber um técnico amanhã?”
Minha resposta: “tenho que sair para trabalhar mas o senhor me diz o horário agendado e eu estarei aqui”. Foi quando entrou em cena o insólito e quase me acabei de rir com a resposta: “ele irá entre as 8h e as 11h, podendo atrasar uma hora ou das 13h às 18h ou ainda, das 18h às 22h”…
Entre uma gargalhada e outra, tentei convencê-lo que isso, na minha terra, fugia completamente à ideia universal de marcação de hora. Ri tanto que contaminei com a risada o atendente. Garanti haver sempre uma pessoa para abrir a porta e receber o enviado. Daí, mais uma observação a mim foi dirigida: quem fosse receber o técnico deveria estar munido de carteira de identidade com foto e não poderia jamais deixar de acompanhar o funcionário da NET em sua andança pela casa.
Espera um pouco: não seria obrigação do técnico apresentar documento com foto que provasse ser ele o capacitado enviado pela empresa?????????? Enfim, deixei pra lá e me rendi. Fui dormir, acordei no dia seguinte com mais um telefonema da NET, desta vez uma mocinha com as mesmas conversas das colegas anteriores. Outra vez? Não!!!!!!!!
Fingi haver caído a ligação e fui trabalhar. Mas o final foi “feliz”. Assim que sai de casa, chegou o salvador da (minha) pátria que em absolutos dois minutos botou tudo funcionando. Foi atendido por minha empregada que, documentada, provou ser ela mesma e pasma me contou o que fez o técnico: “dona Mariza, ele apenas desligou e ligou da tomada os aparelhos!” Creio que tão técnico procedimento poderia ter sido executado por mim, num daqueles telefonemas tediosos e irritantes, se me fosse passada instrução. Ou, não?