Estava eu posta em sossego – quase como a Inês do poema – quando, de repente, sem mais essa ou aquela, me ocorreu usar o tempo com alguma coisa útil, como arrumar a sapateira, separar calçados que não uso há tempos e doar para alguma instituição de caridade. Afinal, agosto de 2018 oficialmente abria a temporada de fim de ano e desocupar espaço, se livrar de coisas que estavam encostadas por falta de uso, objetos que a outras pessoas podiam ser de grande utilidade se fez mister.
Animada (e apressada, como sempre), iniciei meu agacha/levanta/separa bastante entusiasmada quando, de repente, senti um “formigamento” na cabeça. Pronto! Fui ao chão literalmente apagada, no trajeto meti a cara no pé de uma cadeira e depois de alguns segundos percebi que estava esparramada no chão, testa latejando, sangue por toda a volta, confusa, minha filha me ajudando a ficar de pé.
Ainda tonta, fui para a frente de um espelho e vi que tinha um corte na sobrancelha esquerda e um risco vermelho que saia da narina direita e descia até o queixo. Interrompi a faxina, limpei o sangue do rosto (e do chão) e me deitei até conseguir estabilidades emocional e física. Desnecessário dizer que encerrei a bem-intencionada atividade.
Como procuro jamais dizer “para sempre”, dois dias depois retomei o desapego e voltei para onde parei. Bad, bad idea: logo no primeiro agacha/levanta/separa da segunda temporada, bum! — lá fui eu de novo para o chão. Desta vez sem ferimentos sanguinolentos, apenas manchas roxas no braço direito e no joelho esquerdo.
Menos mal, porém, medrosa, deixei pra lá a boa vontade e fui cuidar de outros afazeres que não demandassem quaisquer movimentos físicos – fui ver televisão.
Tudo bem, né? Só que não. Um outro par de dias passados, sem calçados à vista, confortavelmente instalada em frente à TV, resolvo ir ao banheiro, numa atitude prosaica e comum a todos os seres humanos. Pois muito bem: não é que de novo fui ao chão, meti o nariz no lixinho do lavabo e pronto, voltou a sangueira desatada acompanhada de uma dor daquelas.
Desta feita muito assustada, levei em consideração estar passando por momentos de “coisa-mais-séria”. Com isso, nem eu brinco. Fui ao cardiologista, passei por vários exames e agora, enquanto aguardo os diagnósticos sigo um tratamento repleto de pode-não-pode. Evito movimentos bruscos, deixei momentaneamente pra lá as sessões desapego e, de verdade, me sinto muito bem.
Examinando os fatos cheguei à conclusão que a culpa é do tal mês conhecido como o de ventania e cachorro-louco que agora, para mim, será também dos desfalecimentos (detesto a palavra desmaio). Um inesquecível agosto de 2018 que bagunçou um pouco a segurança que tenho em minha pessoa, além de me obrigar ao temporário e novidadeiro ritmo de vida pode-não-pode.
Quero deixar por escrito uma constatação: a lista do não-pode é infinitamente mais atraente que a do pode. E isso me tira do sério.
No próximo texto detalharei as listas. Será setembro e estarei livre do agosto de 2018!!!!!!!!!!!!
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