Pedro Capozzi, presidente da Cerva ao Quadrado | Crédito: Telmo Ximenes

Em defesa das cervejarias artesanais do DF

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No ano passado, o número de cervejarias registradas no país cresceu 6,8% quando comparado a 2023. O estudo, feito pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em conjunto com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), foi apresentado no Anuário da Cerveja. Na liderança do ranking, o estado de São Paulo conta com 410 cervejarias. 

Para incrementar o Distrito Federal no circuito produtivo, Pedro Capozzi lançou, na última terça-feira (18), a Cerva ao Quadrado, especialmente na produção artesanal de cervejas na capital. Na visão do presidente da associação, o setor cervejeiro, no DF, tem um grande potencial, mas enfrenta obstáculos como a falta de incentivos, burocracia excessiva e dificuldades para alcançar um público maior. 

“Além disso, muitos consumidores ainda têm uma visão limitada sobre a cerveja artesanal, associando-a a um produto sempre caro, amargo ou inacessível”, comenta. A Cerva ao Quadrado surgiu para mudar esse cenário, de acordo com Pedro, promovendo união entre os produtores, capacitação do setor e ações que aproximem a cerveja artesanal do público. “Queremos garantir que as cervejarias do DF tenham mais espaço, maior reconhecimento e melhores condições para competir com grandes marcas”, ressalta. 

A associação também tem o intuito de desmistificar a cerveja artesanal, mostrando que há uma enorme variedade de estilos, sabores e preços. Na prática, o objetivo é tornar esse produto mais acessível, mais conhecido e mais valorizado como parte da identidade gastronômica e cultural de Brasília.

Até a criação da Cerva ao Quadrado, Pedro conta que a sua trajetória no segmento começou apenas como entusiasta e consumidor, no entanto, logo ele evoluiu para uma atuação mais ativa, tornando-se empresário, produtor e assumindo a sociedade na Cervejaria Cruls, microcervejaria artesanal, localizada na área rural de Santa Maria, com 50 premiações nacionais e internacionais. 

“Ao longo dos anos, em conversas com outros produtores, ficou claro que a cena cervejeira do DF, apesar de extremamente rica e diversa, precisava de mais união, representatividade e condições para crescer de forma sustentável. Foi desse entendimento que nasceu a Cerva ao Quadrado, um movimento que busca fortalecer a indústria local e ampliar o acesso à cerveja artesanal no Distrito Federal”, explica. 

A atuação da Cerva ao Quadrado envolve a articulação entre empresários, produtores, governo e consumidores para criar um ambiente mais favorável ao crescimento do setor. Em seu escopo de atividades, busca-se qualificar o setor por meio de treinamentos e capacitação técnica para produtores e empreendedores, além de promover a cultura cervejeira por meio de eventos, festivais e ações de degustação e educação sobre estilos e processos.

“O setor precisa de mais visibilidade, regulamentação adequada e incentivos que permitam às cervejarias crescer de forma sustentável. Hoje, muitas marcas locais ainda enfrentam dificuldades para competir com grandes indústrias e alcançar um público maior”, diz.

Por isso, por meio da associação, também serão fomentadas parcerias estratégicas com fornecedores, distribuidores e estabelecimentos para fortalecer a cadeia produtiva. Nesse cenário, Pedro também busca atuar politicamente para debater a redução de impostos, simplificando a legislação e incentivando a produção local. 

“A Cerva ao Quadrado pretende atuar ativamente nesse diálogo com o poder público, buscando diferenciações junto aos órgãos reguladores para que o setor seja reconhecido como ele realmente é: formado por micro e pequenas indústrias locais. Precisamos de políticas que considerem a cerveja artesanal não apenas como um produto, mas como parte da cultura, do turismo e da economia criativa do DF”, contextualiza.

Para Pedro, mais do que uma associação, a Cerva ao Quadrado é um movimento que busca conectar marcas, fomentar conhecimento, impulsionar negócios e estimular o consumo consciente, sempre com foco na qualidade e na valorização da produção regional.

“O nome ‘Cerva’ representa a essência do universo cervejeiro, enquanto ‘ao Quadrado’ simboliza a ampliação do impacto, o crescimento exponencial e a soma de esforços para elevar a qualidade, a representatividade e a inovação no mercado local”, destaca.

Três perguntas para Pedro Capozzi, presidente da Cerva ao Quadrado:

Como você avalia o setor de cervejarias do DF?

O setor tem um enorme potencial, mas ainda enfrenta barreiras significativas. Em 2023, foram lançados mais de 400 rótulos e, atualmente, as cervejarias do DF já somam mais de 100 prêmios em concursos nacionais e internacionais. Isso comprova a qualidade dos nossos produtos e a força dos produtores locais. Com mais incentivo e reconhecimento, o setor pode crescer ainda mais, trazendo inovação e novas oportunidades para a cidade.

Por que a garantia da qualidade e da sustentabilidade são pilares importantes para a Cerva ao Quadrado?

A qualidade é o que diferencia as cervejarias artesanais e as torna competitivas no mercado. Já a sustentabilidade é essencial para que o setor cresça de forma responsável, minimizando impactos ambientais e promovendo o uso consciente de recursos. Nosso compromisso é garantir que a produção cervejeira local seja sustentável, inovadora e alinhada com as melhores práticas do mercado.

Quais são os próximos passos para a associação?

Nosso foco agora é consolidar parcerias estratégicas que fortaleçam toda a cadeia produtiva da cerveja artesanal no DF. Isso inclui fornecedores, distribuidores, bares, restaurantes, instituições acadêmicas e entidades do setor. Buscamos criar um ecossistema colaborativo que beneficie tanto os produtores quanto os consumidores, impulsionando o crescimento sustentável da cerveja artesanal. Além disso, estamos planejando eventos, festivais e ações de mercado para ampliar a visibilidade da Cerva ao Quadrado e atrair novos associados.