Um convite pessoal de Juscelino Kubitschek trouxe Getúlio Pinheiro de Brito à Brasília. Na época, a futura capital do país ainda era um sonho a ser tirado do papel. Após se mudar para a região, Getúlio montou o próprio negócio, com a Pinheiro Ferragens, e auxiliou a construção da cidade. Desde 1960, a empresa é considerada referência em fornecimento de produtos em aço para construção civil.
Atualmente, Janine Brito, filha de Getúlio, está à frente dos negócios. Ela acredita que a empresa sempre teve destaque devido a sua história crescente e de sucesso. “A gente observa que muitas empresas, especialmente aqui no Brasil, acabam sofrendo com muitos altos e baixos, um histórico oscilante. A Pinheiro, não! Começou pequena e foi crescendo aos poucos, mas sempre se mantendo no azul (financeiramente)”, ressalta.
Esse cenário trouxe dados relevantes para a marca. A empreendedora indica que Pinheiro possui, por exemplo, o maior estoque de aço do Distrito Federal. Além disso, ao todo, estima-se que a marca já atendeu quase 60 mil clientes em uma união de tradição, qualidade e acompanhamento diferenciado no mercado.
Janine comenta também que, em 2013, com o vanguardismo em atendimento ao cliente, a Pinheiro Ferragens inaugurou a própria indústria de corte e dobra de aço. “Hoje, temos uma expertise muito grande nesse segmento e conseguimos atender nosso cliente com prazo, qualidade e muita experiência”, informa.
Segundo a empresária, o grande diferencial do negócio está relacionado à capacidade de oferecer o produto para qualquer pessoa, em qualquer quantidade. Isso torna-se um aspecto de destaque, especialmente em um mercado onde os grandes concorrentes atuam com o foco no atacado. A estratégia, para Janine, reforça o pioneirismo da Pinheiro Ferragens. “Qualquer pessoa tem acesso ao nosso aço”, pontua.
A força feminina
Seis décadas e meia consolidam a Pinheiro Ferragens como uma das empresas mais tradicionais de Brasília. Entre seus momentos marcantes, Janine destaca o processo de sucessão de Getúlio para a segunda geração, os filhos. No entanto, trazendo a sua trajetória pessoal, Janine destaca que o seu momento marcante se deu antes da sucessão propriamente dita, quando o seu pai ainda era vivo, mas foi interditado por conta do Alzheimer.
“Houve um questionamento, até agressivo, podemos dizer, sobre quem iria assumir a frente da gestão. E toda questão era pautada pelo fato de eu ser mulher”, lamenta. “Uma coisa era o meu pai ter me escolhido por ele sentir que eu era a pessoa mais preparada para isso. Outra situação era uma mulher estar ali”, contextualiza.
Para Janine, enfrentar isso foi muito delicado, difícil e trouxe a ela um sentimento de fragilização. “Não era sobre a minha capacidade e mérito, era sobre gênero”, explica. A expectativa tradicional, segundo a empreendedora, era de passar o bastão ao filho homem mais velho, e não a uma mulher. “Este foi o momento que senti o peso da discriminação, mesmo eu já tendo provado inúmeras vezes que a minha gestão tinha muito resultado, isso me levou a uma reflexão muito profunda acreca de toda essa estrutura patriarcal que temos na sociedade”, complementa.
A empresária conta que seu pai também foi resistente à essa ideia de ter uma mulher à frente de uma grande empresa. Por isso, na sua trajetória profissional, apenas foi chamada para assumir a liderança da empresa quando já tinha 48 anos, embora trabalhasse com ele a vida toda.
“Ele via meu potencial, mas eu era mulher. Foi preciso que muita coisa acontecesse para que ele tivesse a iniciativa de me deixar assumir o grupo inteiro. Então, esse momento me marcou muito. Sou defensora do empoderamento feminino. Não posso deixar de lado essa parte da história. Paro e reflito sobre isso sempre. Hoje estou aqui valorizando todo esse caminho agora aos 61 anos de idade”, ressalta.
Três perguntas para Janine Brito, CEO da Pinheiro Ferragens:
Qual foi a sua trajetória até chegar na Pinheiro Ferragens?
Eu já nasci no seio dessa família empreendedora. Em 2010, eu fui convidada pelo meu pai para administrar o Grupo Pinheiro de Brito. Fizemos um rebranding da empresa nesse mesmo ano, deixando de ser Ferragens Pinheiro para se tornar Pinheiro Ferragens, pois criamos o Grupo Pinheiro em que as empresas passaram a ter o nome Pinheiro e depois a destinação como Pinheiro Ferragens e Pinheiro Indústria.
Então, todo o Grupo Pinheiro passou a ser administrado por mim. Embora fosse sócia da Construtora Pinheiro, em 1990, eu já integrava algumas empresas. Depois passei a administrar os imóveis do grupo. Em 2010, me tornei CEO da Pinheiro Ferragens e gestora do Grupo Pinheiro de Brito.
Quais são as principais tendências da construção civil para os próximos anos?
O aço vem avançando e ganhando novos espaços. O mundo está voltado para o aço. Recentemente, adquirimos uma máquina que faz cortes no aço a laser. Este equipamento, de última geração, se chama Esab Fiber Laser 30.15 3K e permite oferecer cortes extremamente precisos e personalizados em chapas finas, ideais para projetos criativos e de decoração que estão super em alta na arquitetura. O aço é muito mais sustentável e deve ser mais explorado na arquitetura.
Como você avalia o atual momento da construção civil no DF?
Eu acho que o DF virou um canteiro de obras, com muitos investimentos em obras de mobilidade urbana. A cidade estava precisando de uma reformulação no trânsito que gerasse melhoria, mais modernidade e avanço. Além disso, estas melhorias geram empregos e renda, movimentam a economia. E não é à toa que o mercado da construção civil está bem aquecido no DF.