Eraldo e Carol Peres, membros-fundadores da Lente Cultural | Divulgação

O potencial da arte brasileira

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Ações transversais à educação, inclusão e formação profissional: essas são as premissas adotadas pela Lente Cultural e que definem a sua atuação no setor cultural. Diante disso, desde 2009, a empresa busca promover a fotografia enquanto expressão artística, além de fortalecer a produção no Distrito Federal e na região Centro-Oeste. Na prática, a sua origem se deu a partir da colaboração de diferentes fotógrafos, entre eles, Eraldo Peres. 

“Com o passar dos anos, fomos nos transformando. Hoje em dia, nós somos 16 pessoas atuando em diversas áreas da cultura. Nós temos fotógrafos, designers, comunicadores, pessoas de publicidade, gestores e elaboradores de projetos, por exemplo. Há, conosco, uma gama de profissionais da economia criativa. Vale ressaltar que, ao longo dessa história, o coletivo não é fixo, então, tem membros que já saíram, outros que entraram”, conta Carol Peres, filha de Eraldo e membro-fundadora da Lente Cultural. 

Avalia-se que a criatividade e os negócios se misturam, na Lente Cultural, para fomentar a cultura. Nesse sentido, o coletivo traz como missão a ampliação do acesso cultural e, ainda, a sensibilização de novos públicos por meio das artes, especialmente os setores das artes visuais, da fotografia, do cinema e da capacitação. No entanto, há dificuldades no meio dessa jornada rumo às artes. 

“O principal desafio, independente da área cultural de atuação, para qualquer produtor, hoje, no Brasil, é a questão do financiamento e da sustentabilidade financeira do projeto. Enquanto organização da sociedade civil sem fins lucrativos, 90% do nosso incentivo vem de editais públicos ou de patrocínios via leis de incentivo. Quando a gente encerra um projeto, na semana seguinte a gente já está planejando como é que a gente vai buscar o financiamento da próxima edição”, informa Carol. 

Para conseguir o investimento, a membro-fundadora explica que a Lente Cultural precisa mostrar para as empresas que a parceria público-privada é positiva. “A gente tem muitas críticas às nossas leis de incentivo fiscal, mas elas são a base que sustentam, principalmente, os projetos e as ações de pequeno e médio porte. Quando a gente fala de produção cultural, a gente não pode pensar só nos grandes eventos. A gente tem que pensar também no pequeno produtor e em quem está iniciando. Nós temos essa preocupação”, complementa. 

Economia criativa 

De acordo com o Relatório Panorama Economia Criativa, da Universidade Católica de Brasília (UCB), divulgado ano passado, a economia criativa gerou mais de R$ 9 bilhões ao Distrito Federal, em 2022, com participação de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB) da capital. Estima-se que, na região, há mais de 90 mil agentes criativos em diferentes regiões administrativas. 

Responsável por incrementar esse mercado, a Lente Cultural atua de diferentes formas. Esse fomento, segundo Carol, se inicia a partir do momento que o coletivo se reúne para buscar produções. “Ao mesmo tempo que a Lente Cultural promove projetos, ela também produz produtos culturais, como exposições, livros e produtos digitais. Esse é um lado de fomento da economia criativa. O outro seria a realização dos projetos, a partir de editais públicos, de patrocínios”, informa.

Mês da Fotografia

Desde 2010, a Lente Coletiva realiza o Festival Mês da Fotografia, responsável por realizar a difusão das artes visuais no Brasil. O projeto busca fortalecer produções fotográficas, locais, regionais e nacionais, além de conectar pessoas com diferentes vivências e costumes, possibilitando a sensibilização e novos conhecimentos à comunidade. Até o ano passado, foram realizadas dez edições que somam mais de 70 exposições artísticas com um milhão de expectadores e 90 atividades formativas. 

Além disso, segundo a membro-fundadora, o festival marca a história da lente cultural especialmente por se tratar de um projeto que surgiu, praticamente, com o coletivo.  “Ele consegue movimentar expressivamente o setor da fotografia e da produção das artes. No último ano, nós tivemos cerca de mil fotógrafos participando diretamente do evento”, comenta. 

Três perguntas para Carol Peres, membro-fundadora da Lente Cultural:

O que inspirou a criação da Lente Cultural? 

Acho que a nossa primeira inspiração é a fotografia. É fomentá-la, enquanto expressão artística, linguagem comunicacional, meio de inclusão e de transformação social. É claro que ela se integra dentro do universo das artes. Então, a Lente Cultural, hoje, atua em diferentes segmentos, em diferentes linguagens, mas sempre a fotografia vai ser a sua força motriz. 

Quais projetos marcaram a trajetória da marca?

A gente soma uma quantidade expressiva. Eu acredito que o mais importante seja o Festival Mês da Fotografia, que foi o nosso primeiro grande projeto, em 2010. A gente já tinha feito, em 2009, uma exposição menor, mas, no ano seguinte, a gente lança o Mês da Fotografia, considerado, hoje, o maior da região Centro-Oeste. Competimos, inclusive, com os grandes festivais nacionais e internacionais. 

Quais são os impactos gerados nas comunidades com os projetos da Lente Cultural?

A gente tenta enxergar qual o legado que os nossos projetos e as nossas ações deixam. Esse legado é, justamente, o impacto social. O festival da fotografia tem, por exemplo, além das exposições fotográficas, uma série de atividades formativas. Acredito que, de um modo geral, a nossa maior ação é a sensibilização dessas pessoas, principalmente dos jovens, que é um público que a gente busca muito para os temas das artes.