Afonso Lopes, sócio do Bom e Velho | Divulgação

A história por trás de objetos antigos

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Itens de coleção, quadros antigos e utensílios que permitem uma viagem no tempo: o estilo retrô, ou vintage, como popularmente é conhecido, busca vender produtos clássicos, antigos e de excelente qualidade. Em Brasília, o Bom e Velho tem conquistado a região com essa iniciativa. No local, desde 2021, há a comercialização e aluguel de antiguidades. Criado com o objetivo de enriquecer o comércio local de raridades, o empreendimento também busca promover uma experiência especial para quem visita a loja. 

“O Bom e Velho nasce em 2020, mas, devido à pandemia, a gente abre oficialmente para o público no ano seguinte, ainda com horário marcado e retirada na loja, tomando todos os cuidados. Para isso, tivemos todo o processo de garimpo do acervo e de organização do galpão”, informa Afonso Lopes, sócio da marca, que já tinha o sonho pessoal de criar, na cidade, um espaço de garimpo. 

Afonso conta que há lugares que se chamam “casas de acumuladores”, como os que são mostrados em seriados norte-americanos, onde o cliente possui acesso a uma infinidade de coisas. “Você nunca sabe o que você vai encontrar quando virar a próxima esquina e esse era um conceito de garimpo que não existia aqui em Brasília. A gente tinha um ambiente restrito de feira que eram sazonais”, complementa. 

A partir dessa percepção, o Bom e Velho nasceu, como uma loja dentro de um galpão com mais de dois mil metros quadrados, para atender essa necessidade da cidade. Afonso acredita que foi um timing interessante porque, nesse movimento de pandemia, foi visto as pessoas se voltando para os cuidados ampliados com a própria casa. Dessa forma, a parte de mobiliário, de design de interiores e de reformas teve uma alta procura. 

Os hobbies, na avaliação do empresário, também se destacaram nesse período, como o colecionismo voltado a aspectos afetivos da antiguidade e de recuperar memórias. “É uma viagem no tempo mesmo. A gente tem telefones centenários e peças de coleção ‘miúdas’, desde uma moedinha até uma barbearia completa. Acho que esse é o nosso diferencial: você passear pelos corredores e descobrir as peças uma a uma. A compra pela internet de atividades tem aumentado muito, mas nada substitui essa experiência de garimpo e passeio pelo tempo mesmo, que é entrar no galpão do Bom e Velho”, ressalta. 

Afonso indica que, ao chegar na loja, o cliente já tem um primeiro impacto, porque no estacionamento do galpão, há carros antigos à mostra. “A gente está com ônibus antigo agora muito bacana. Além disso, temos brinquedos de parque antigos e algumas peças de ferro velho, porque a gente também contempla essa parte. Por isso, quando você vê de longe, um local com várias prateleiras, móveis, você tem um primeiro impacto. É muito interessante observar a experiência do público. Às vezes a pessoa vai lá, procurando uma luminária para casa, e saí com uma poltrona perfeita”, destaca. 

Mais de 20 mil itens 

De acordo com Alice Lopes, filha de Afonso e gerente de Marketing do Bom e Velho, a loja está chegando aos seus 25 mil itens considerando desde as moedinhas de coleção até peças maiores presentes na casa. 

Para ela, o mais curioso sobre o mercado de venda e compra de antiguidades é como existe colecionador para todo tipo de coisa, desde remédio antigo até tampinha de garrafa, passando por selo e móveis. “Coisas diferentes têm valores diferentes para as pessoas. A gente tem clientes de todas as idades, desde um colecionador de carrinhos que não tem nem seus 10 anos ainda e está todo final de semana, até o senhor que já passou dos 60 e continua colecionando seus itens”, comenta. 

Três perguntas para Afonso Lopes, sócio do Bom e Velho:

Quais os desafios em manter o funcionamento de uma loja de antiguidades?

Eu acho que o maior desafio é estar sempre no garimpo, porque a gente tem que trazer “novas velharias” para manter a atenção do público. Se você vem aqui uma vez, a ideia é que, semana que vem, já tenha uma coisa nova te esperando aqui. Também é desafiador convencer as pessoas, de certa forma, que a experiência de vir à loja para viajar no tempo é muito diferente da compra on-line, ainda que o virtual seja mais cômodo. 

Quais são os próximos planos do Bom e Velho? 

O mercado de antiguidades tem crescido muito devido a valorização do lado afetivo e, também, pelo pensamento de sustentabilidade. Por isso, a nossa ideia é garimpar cada vez mais. A gente já faz algumas viagens pelo país, mas a ideia é expandir. Temos ficado muito aqui no Centro-Oeste e Sudeste, no entanto, buscamos expandir, garimpar no Norte, por exemplo, porque, com certeza, serão peças muito diferentes. 

Queremos, ainda, expandir a operação, quem sabe abrir uma segunda loja. Temos, também, cada vez mais, adentrado ao mercado de upcycling [reutilização criativa]. A gente já produz alguns móveis aqui na loja. Meu pai criou os designs a partir de peças de descarte, então, às vezes, uma catraca de ônibus vira uma mesa ou um pedaço de ferro de construção pode se transformar em um banco. Estamos estudando o mercado e entrando nesse mundo que, acredito, será o futuro do design de interiores. Uma combinação do antigo e do novo.

Por que muito mais do que vender, o Bom e Velho busca contar as histórias? 

A gente conta as histórias das peças, porque isso agrega valor a elas, não só de mercado, mas de encanto também, de entender a quanto tempo aquela coisa existe e tudo que ela passou e, às vezes, qual foi a importância que ela teve em história com H maiúsculo, como uma faca que veio importada da Alemanha para o Brasil para a Guerra do Paraguai. É um pedaço de história na mão de alguém.