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Indicada para tratar lesões, a hidroterapia ajuda reabilitação
A ideia é que o ambiente aquoso, ao mesmo tempo em que oferece resistência aos movimentos, poupa as articulações. Não tardou para que a medicina veterinária descobrisse que os bichos também podem obter benefícios com essa abordagem. Em Brasília, pelo menos desde 2007, há profissionais prescrevendo sessões de hidroterapia para pets.
A cadela Clara, 12 anos, é uma dessas pacientes. Sua tutora, a bióloga Adriana Rossi, conta que a labrador foi diagnosticada com diabetes aos 8 anos e, como sequela da doença, desenvolveu uma neuropatia paralisante. “A paralisia começou nas pernas traseiras e, em poucos dias, afetou as dianteiras. Eu e meu esposo carregávamos ela nos braços para todas as necessidades fisiológicas e também para levá-la ao consultório veterinário”, recorda a bióloga. Além disso, Clara passou a sofrer de artrose.
A situação era dramática. E o pior, poderia ter acontecido se não fosse uma veterinária ter indicado a hidroterapia. “Após algumas sessões de fisioterapia convencional, ela voltou a andar. Daí, introduzimos a hidroterapia para fortalecer os membros e ajudar no emagrecimento. A água deixa o corpo mais leve, o que evita o impacto”, comemora Adriana. A fisioterapeuta veterinária Lívia Borges, responsável pelo tratamento de Clara, diz que a abordagem é especialmente benéfica em quadros de artrose. “Mas também em pós-operatórios de cirurgias ortopédicas, casos de tendinite ou, simplesmente, quando o objetivo é melhorar o condicionamento físico”, complementa.
Foi um pouco por acaso que a shihtzu Susi, 4 anos, começou a hidroterapia. Sua dona, a enfermeira Angélica Santana, havia levado o outro cachorro da casa para uma consulta. Atenta, a veterinária percebeu que Susi, que estava apenas como “acompanhante”, tinha indícios de uma luxação no quadril. O diagnóstico se confirmou e o tratamento foi iniciado. “A partir da segunda sessão, já percebi resultados significativos. Susi, que andava um pouco e logo queria colo, passou a fazer caminhadas inteiras sem interrupções. Hoje, brinca com outros cachorros e está interagindo muito mais”, reconhece a enfermeira.
Como são as sessões
A hidroterapia é feita em uma esteira submersa em uma banheira, que é nivelada conforme o tamanho do animal. Quanto mais fundo, mais esforço o animal faz. Deve-se estar atento a isso, pois representa um desgaste para a coluna do bicho. “O exercício dentro da água é mais intenso do que a atividade física convencional, então o ideal é que seja progressivo, sempre respeitando as limitações patológicas de cada paciente”, detalha a fisioterapeuta veterinária Lívia Borges.
A temperatura da água deve ser moderada — o frio gera desconforto e enrijece a musculatura, o que não é sadio para os tecidos lesionados. “A água morna promove relaxamento e melhora o metabolismo. Se estiver demasiado quente, a água promove superaquecimento, principalmente em raças grandes e braquicefálicas, dificultando o desempenho e a troca de calor durante o exercício”, informa a especialista.
A adaptação depende de cada animal. A cadela Clara fica extasiada nas sessões, pois o ambiente é enriquecido com brinquedos. “Ela ama brincar nessa banheira da esteira. Fica latindo para pedir as bolinhas”, conta Adriana Rossi. Para a Clara, dada a sua idade e o tipo de problema, os exercícios devem ser amenos. Por isso, o trabalho na esteira não passa de 12 minutos.
Já a shih tzu Susi é mais arredia. Ela resmunga e choraminga. “É que ela não é muito fã de água. Eu preciso acompanhá-la, mas fico meio que escondida para não atrapalhar”, descreve Angélica Santana.
A companhia dos donos é um ponto que a fisioterapeuta veterinária Lídia Dornelas enfatiza. “Muitos se tornam mais arredios com a presença dos donos; outros se sentem mais seguros e desenvoltos. O profissional médico veterinário precisa conhecer a linguagem corporal para promover uma adaptação sem traumas e de forma divertida, com a presença, ou não, dos tutores”, diz. Segundo Lídia, todas as raças de cães podem se beneficiar da hidroterapia, porém, raças como labrador e golden retriever costumam se adaptar mais facilmente. As raças braquicefálicas enfrentam dificuldade extra. “Exames cardiológicos e dermatológicos devem ser feitos para garantir a saúde dos pacientes”, destaca a especialista.