da editoria de Cidades do Correio Braziliense
A proibição de vaquejadas no Distrito Federal será discutida na próxima sexta-feira, com todos os interessados — de defensores dos animais a produtores de rodeios —, em audiência pública na Câmara Legislativa. Após liminar de fevereiro do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) suspender a realização de eventos do gênero na capital, o assunto deve voltar à pauta da sociedade, pois, além do encontro desta semana, há um Projeto de Lei (PL) no legislativo local para reconhecer a vaquejada como modalidade esportiva. Entidades ligadas aos direitos dos animais criticam os eventos e classificam como “cruel” o tratamento dado aos bichos. Juarezão (PRTB), autor do PL, por outro lado, lembra de lei federal que reconhece a prática como um esporte e alega se tratar de uma “manifestação cultural”.
Debate sobre a atividade será na sexta-feira, em audiência pública na CLDF
Foto: Junot Lacet/DB/D.A Press
Enquanto isso, peões de rodeio estão sem trabalho, assim como os produtores dos festivais. Juarezão justifica que os eventos movimentam a economia da cidade, geram emprego e reúnem a comunidade. “É um festa genuinamente brasileira, realizada tradicionalmente há mais de um século. Nos últimos anos, modernizou-se e profissionalizou-se. Hoje, ocorrem mais de mil vaquejadas no Brasil”, afirma. Além disso, cita a lei de 2011 do Congresso Nacional, sancionada pela presidência da República, que considera o peão um atleta profissional e a montaria, uma prática esportiva.
Militantes da causa animal, contudo, discordam do parlamentar. Simone Lima, da ProAnima, afirma que a vaquejada é algo “intrinsicamente cruel”. Para ela, uma atividade que envolve animais aterrorizados e puxões pelo rabo que podem levar o bicho à morte não pode ser considerada um esporte, uma vez que configura crime de maus-tratos. “Nós temos uma legislação nacional que proíbe isso, o artigo 225 da Constituição Federal determina que são vedadas práticas que submetam animais à crueldade”, argumenta.
Simone propõe um paralelo da forma com que se tratam os cães e gatos à forma de tratamento dos bezerros. “Qualquer pessoa com um pouco de sentimento se indignaria se visse o rabo de um cachorro sendo arrancado. Por que com os bezerros é diferente?”, alega. A protetora afirma que o ProAnima estará presente na audiência e reivindica espaço na mesa. Ela acrescenta que as entidades estão se mobilizando e apresentando um projeto de lei com o intuito de proibir as vaquejadas no DF. “Estamos na fase de apresentar o projeto aos deputados, para ver quais serão signatários”, completa.
“É um festa genuinamente brasileira, realizada tradicionalmente há mais de um século. Nos últimos anos, modernizou-se e profissionalizou-se”
Juarezão (PRTB), deputado distrital
“Qualquer pessoa com um pouco de sentimento se indignaria se visse o rabo de um cachorro sendo arrancado. Por que com os bezerros é diferente?”
Simone Lima, da ProAnima