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Você daria a volta ao mundo com seu animal de estimação?
Pois foi o que fez o francês Guirec Soudée, de 24 anos, com Monique.
Mas Monique não é um cachorra ou uma gata; é uma galinha.
Os dois estão singrando juntos os mares dos quatro cantos do globo.
Enquanto Guirec fica responsável pelo trabalho pesado, içando a vela, por exemplo, Monique passa a maior tempo admirando a paisagem e, de vez em quando, põe um ovo.
A relação íntima entre Guirec e Monique ganhou novo capítulo nas redes sociais nos últimos meses quando a imprensa francesa começou a acompanhar de perto a atípica aventura.
Natural da região da Bretanha, na França, Guirec começou sua viagem ao redor do mundo com Monique em maio de 2014.
Depois de passar pelas Ilhas Canárias, na costa da África, a dupla velejou a Saint Bart, no Caribe, antes de rumar em direção ao Ártico em agosto passado.
“Sabia que ela era única de imediato”, diz Guirec à BBC do oeste da Groelândia, onde seu barco está ancorado.
“Ela tinha apenas quatro ou cinco meses e nunca havia saído das Ilhas Canárias. Eu não falava espanhol e ela não falava francês, mas nós nos demos bem”.
Guirec havia planejado levar um animal de estimação para a viagem, mas uma galinha não estava originalmente em seus planos.
“Pensei em um gato, mas decidi que exigiria muito esforço para cuidar dele”, assinala.
“A galinha era a escolha perfeita. Trata-se de um animal que não é difícil de cuidar e eu ainda consigo ter ovos no mar. Muita gente me falou que isso não daria certo, que a galinha ficaria muito estressada e não poria ovos”.
“Mas Monique nunca teve problemas, ela punha ovos o tempo todo. Ela se adaptou perfeitamente às condições da viagem ─ e se sentiu confortável muito rapidamente”.
Em média, Monique põe seis ovos durante uma semana, independentemente de onde esteja.
Guirec conta que moradores locais da Groelândia reagiram com curiosidade à presença da galinha.
A vida a bordo é bastante confortável para Monique. Ela tem liberdade para passear pelo deque enquanto Guirec se certifica de colocá-la de volta em sua caixa quando as condições metereológicas pioram.
“No início, fiquei muito preocupado ─ ela às vezes acabava arrastada pela ondas, mas rapidamente se colocava em pé de novo. Monique é muito corajosa”.
“Mas quando há ventos fortes como agora, fico ainda mais atento e a deixo no casario”.
Outro desafio diz respeito a regulações sanitárias. Enquanto ele e Monique sobreviveram ao primeiro encontro com autoridades da alfândega, no Canadá, Guirec reconhece que talvez não seja tão fácil na próxima vez.
Não que ele esteja apreensivo sobre uma possível ruptura. “Não estou preocupado”, diz. “Sou otimista”.
Há pontos positivos também em ter uma galinha em vez de uma pessoa a bordo. “Comparado com pessoas, ela nunca reclama.”
“Ela me acompanha aonde vou, e não me cria problemas. Tudo o que eu faço é gritar ‘Monique!’ e ela vem até mim, senta comigo e me faz companhia. Ela é maravilhosa”.
“Mas não vou negar, às vezes ela me irrita”.
Mas o que a família e os amigos de Guirec acham da companhia?
“Eles acham engraçado”, diz ele. “Eles sempre souberam que eu não sou totalmente normal, de qualquer forma”.
Na próxima etapa da viagem, a dupla vai navegar pelo estreito de Bering até Nome, no Alasca.
Mas e de lá?
“Ainda não temos certeza”, diz Guirec. “Ainda não falamos sobre isso, mas vamos falar”.
“Nós falamos muito”.