por Paloma Oliveto, da Revista Encontro Brasília
Com o fim das festas e o novo ano oficialmente inaugurado, está na hora de entrar na linha. Esse é o momento de se readaptar à rotina, fazer um check-up e reencontrar o peso ideal, perdido lá por novembro, antes da fartura das comemorações e do descuido típico de férias. A agenda detox, porém, não é exclusiva dos humanos. Os pets, cada vez mais inseridos nos costumes da família, também precisam retomar os velhos hábitos. O início do ano pode ser uma boa oportunidade para colocar em dia a saúde do melhor amigo. Muitas pessoas acreditam que só precisam levar os animais de estimação ao veterinário quando eles se acidentam ou aparentam mal-estar. Mas, assim como acontece com os donos, cães e gatos também precisam ser avaliados periodicamente, seja para prevenção, seja para detecção precoce de algum problema que ainda não se manifestou clinicamente. “O ideal seria que os animais de estimação fizessem avaliações de rotina todos os anos”, diz o veterinário Humberto Martins. “Uma consulta e exames de sangue já são suficientes para dar uma boa noção da saúde. Em caso de animais idosos, uma avaliação cardiológica também é importante”, recomenda, lembrando que não se deve esquecer de verificar a carteira de vacinação e de controle parasitário. O shih-tzu Amin, de 2 anos e meio, começou 2015 com a saúde em dia. No fim de dezembro, ele foi adotado pelo cabeleireiro Danilo Silva Santos, que fez questão de submeter o novo amigo a um check-up. Amin morava com uma amiga de Danilo, mas o cãozinho estava disputando território com um golden retriever na casa antiga, o que lhe rendeu uma fratura na boca. Antes de levá-lo para a nova família, o cabeleireiro se inteirou sobre a rotina do shih-tzu, perguntou sobre a saúde e o comportamento do animal. Depois, levou Amin a uma consulta. “Assim que o peguei, fiz um hemograma completo nele. Pretendo levá-lo ao veterinário a cada três meses, para ver se está tudo bem. O cachorro não tem como falar se está sentindo alguma coisa, então as consultas de rotina são importantes. Eles são como filhos, totalmente dependentes”, acredita. Além do bem-estar físico de Amin, Danilo se preocupou com a adaptação à casa nova. “Foi como receber uma criança”, compara. Logo no início, o shih-tzu estranhou, mas rapidamente se acostumou à rotina. “Ele viu que era o único animal e que estava reinando na casa”, brinca o cabeleireiro. Amin tem um quintal para brincar, mas, mesmo assim, Danilo faz questão dos passeios externos diários, para entreter o pet. Envolver o melhor amigo em atividades é, aliás, a melhor maneira de readaptá-lo à rotina, depois das férias de fim de ano. Alguns são levados na viagem com os donos, enquanto outros acabam hospedados em hotéis. Seja qual for a situação, os meses de dezembro e janeiro provocam uma quebra nos hábitos do pet. O veterinário Humberto Martins diz o que fazer: “Não tem segredo, basta o proprietário criar uma rotina com o seu cão. Passeios diários, brincadeiras e estímulos mentais são tarefas fáceis de serem realizadas e que demandam menos tempo que se imagina”, garante. Às vezes, porém, eles podem sofrer uma espécie de “depressão pós-férias”. Da mesma forma que humanos se ressentem da rotina de passeios e diversão, os animais também estranham o retorno a um dia a dia menos agitado quando voltam para casa. “Quando viajamos, esperamos que nossos cães sintam muito nossa falta e mal possam esperar para nos ver de novo. Mas as férias de verão também são um grande momento para eles”, afirma o norte-americano Michael Rowland, especialista em comportamento canino. “Quem conhece bem a rotina de um day care ou hotel para animais sabe do que estou falando. Na hora de buscá-los é engraçado, eles parecem querer contar para nós tudo que fizeram. Nesses locais, há muitas brincadeiras, caminhadas, interação com outros animais. Então, é natural que, ao voltarem das férias, eles cheguem um tanto hiperativos e demorem um pouco para retornar à rotina mais tranquila”, explicou, por email, a Encontro Brasília. Segundo Rowland, alguns podem ficar tristes e apáticos nos primeiros dias. “O que posso recomendar são longas e agradáveis caminhadas, eles precisam gastar essa energia extra até as coisas voltarem ao normal. Geralmente, são necessários alguns dias”, afirma. O poodle Floquinho, de 5 anos, passou 22 dias hospedado em um hotelzinho que também funciona como day care e voltou para casa mais sociável. Antigamente, a dona do cão, a empresária e analista de RH Monica Barcelos, costumava levá-lo nas viagens ao litoral. Contudo, em vez de se divertir, ele se estressava nas férias. “Ele ficava bastante agitado. Como o Floquinho é de porte médio, eu não podia carregá-lo comigo para todos os lugares e ele sentia nossa falta”, recorda Monica. Por orientação de um veterinário, ela decidiu que, em vez de acompanhar a família, o poodle passaria a ficar na “colônia de férias” quando viajasse. Em vez de se ressentir e achar que foi abandonado, Floquinho adorou a mudança. Ele já está habituado com o hotelzinho, pois toma banhos semanais no local e, eventualmente, passa os fins de semana por lá. “Ele já conhece os cachorros, já tem os coleguinhas, então não estranha”, conta Monica. Quem estranhou foi o poodle que, ao voltar para casa, não tinha uma rotina tão agitada quanto na “colônia”. “Em casa, ele passeia três vezes ao dia, mas não é a mesma coisa. Lá ele brinca muito”, diz a empresária.