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Enquanto o dono não vem

Publicado em saúde pet

(da Revista do Correio)

 

O período de férias é complicado para os donos de animais. Se forem viajar, eles precisam tomar a difícil decisão de escolher com quem deixar os pets. A angústia é maior quando o bicho é caseiro e/ou antissocial. Por isso, os hotéis caninos têm sido muito valorizados.

Infelizmente, a estudante de publicidade Renata Souza, 23 anos, não teve uma experiência muito boa com o serviço. A cachorrinha dela, Ester, é cega e precisa de cuidados especiais. Com uma viagem marcada e sem opções, a jovem deixou a yorkshire em um hotel indicado pela clínica veterinária. O estabelecimento era espaçoso e prometia separar os cães que não se entrosassem. O problema foi de comunicação. “Eu pedia foto, informações e eles demoravam muito a responder. Eu ficava preocupada, porque via que eles ficavam on-line o tempo todo e, ainda assim, não respondiam”, reclama. Por isso, da próxima vez, Renata buscará outra solução.

No entender da veterinária Mariana Dornelas, animais com necessidades especiais demandam atendimento personalizado. “Alguns hotéis oferecem esse tipo de serviço, com monitoração dos veterinários responsáveis pelo espaço. Ainda assim, dê preferência a alguém que pode dar o máximo de atenção e conforto ao animal”, recomenda. No caso de Ester, o melhor seria contratar uma babá de bichos, que atenda em domicílio. Geralmente, as pet sitters conversam muito com os donos antes de efetivamente tomar conta das mascotes. O objetivo é mapear as rotinas da casa.

Nesse mercado, uma novidade interessante é o site e aplicativo Dog Hero. Trata-se de um serviço pago de lar temporário prestado por anfitriões cadastrados na plataforma, de funcionamento semelhante ao Airbnb.

Anfitriã em Brasília, a estudante Marina Albernaz  tem dois cachorros, o Simba e a Gaia. Ela explica que, antes de aceitar hóspedes, promove um encontro para saber se os bichos vão se dar bem. Até o momento, já hospedou três cãezinhos. “Você tem total liberdade de conhecer a casa; ver onde o animal vai ficar. Eu sou muito aberta.”

Independentemente do tipo de serviço escolhido, é importante que os bichos estejam devidamente vacinados e vermifugados. “Na hora de deixar um cachorro no hotel, tem que pensar na saúde do coletivo, ou seja, o animal tem que estar em saúde perfeita, sem pulgas e sem carrapatos”, reforça a veterinária Yasmin Vilela. O hotel Brasília Park Dog, por exemplo, exige que o cartão de vacinação da mascote esteja em dia. É comum que estabelecimentos do gênero ofereçam piscina, playground e outros espaços compartilhados, de modo que a higiene precisa ser bastante rígida. Outra dica é levar o pet antes, para ele ir se habituando com o local.

Seguidas essas orientações simples, a estada tem tudo para ser tão agradável quanto uma colônia de férias. A bióloga aposentada Stella Maris sente que Saib, seu yorkshire de 12 anos, desfruta desse bem-estar. Ela conta que já deixou o animal no mesmo hotel mais de 10 vezes, com ótimos resultados. “Saib se adaptou bem. Recebe bem o dono do hotel, que vem buscá-lo. Fico tranquila em deixá-lo lá. Este ano, ficará pelo menos umas quatro temporadas”, conta.

De acordo com a veterinária Yasmin Vilela, o comportamento do cão demonstra se foi bem ou mal tratado no local em que ficou hospedado. “Cada um sabe como é a personalidade do seu pet, então é observar se os hábitos continuam os mesmos ou se houve alguma alteração; se está fazendo coisas que não fazia antes ou se parou de fazer algo”, ressalta. Eventuais mudanças podem apontar para alguma doença — o que também é preocupante, pois mostra que o hotel não foi criterioso na hora de conferir as vacinas e vermifugações.